15 outubro 2008

O propósito da vida

Recebi agora este e-mail e decidi partilhar convosco.

O autor do texto é João Pereira Coutinho, jornalista.


"Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em volta não aconselham temeridades.Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar.


Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição.


Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida - mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito. É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de sonho.


Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac.É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. O que não deixa de ser uma lástima.


Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!"

2 comentários:

Sara disse...

Já tinha lido esta crónica num outro blog.

A maioria das pessoas deixou de ver a felicidade como um estado e passou a encará-la como uma meta, com todas as frustrações que isso implica.

A vida é feita no dia a dia, não é feita apenas no dia da promoção no emprego, no dia da festa de arromba de aniversário, no dia com 300 convidados de casamento, enfim...Não é feita só nos momentos ezcepcionais passíveis de criarem grandes aparências.

É como se as pessoas precisassem desses slogans na sua vida (o marido de sonho, a casa de sonho, o emprego de sonho, o carro de sonho etc) para sentirem tranquilidade consigo próprias, ainda que possam muitas vezes levar vidas miser+aveis.

Vasco Gaspar disse...

Viver presente e no momento. Não apreciar apenas a chegada mas o caminho para lá chegar. Estar...ser.