- Zzzzz...Zzzzz...Zzzzz...Zzzzz...Zzzzz
Quando começo a ouvir este burburinho irritante a meio da noite, já sei que estou lixada. Lixada de maneiras demasiado diversas para serem, à partida, provocadas por bichos tão raquíticos como os que provocam este som estridente com o seu bater de asas ininterrupto.
Até pode ser que, como criatura zelosa que sou, me tenha lembrado de fechar as janelas todas antes de ter acendido o maldito chamariz que é a luz do quarto. Até pode ser que tenha dedicado alguns euros suados à compra de um difusor de insectos ou de um repelente. Mas, há que enfrentar a dura e incontrolável realidade: estas amostras de bichos têm tanto de irritante como de poderes ocultos. São verdadeiros feiticeiros que conseguem a proeza, sabe-se lá como, de se intrometerem nas residências alheias ainda que estas tenham ferrolhos em todas as brechas das paredes.
O problema com estes animais vis surge logo quando os tentamos apelidar de alguma coisa que não seja um qualquer nome insultuoso. Afinal, estes espécimes peçonhentos chamam-se moscas ou mosquitos? Sempre me fez uma confusão dos diabos esta questão. Será que as melgas são as fêmeas dos mosquitos? Ou será que melgas e mosquitos não têm nada a ver uns com os outros a não ser o pormenor de chuparem o sangue às pessoas sem vergonha nem pudor? Ou será ainda que esta diferença na nomenclatura tem a ver com o estrato social, sendo que os vips lhes chamam de melgas e os saloios de mosquitos, ou vice-versa? Fui pesquisar. Já mal cabia em mim de curiosidade e, além disso, gosto de injuriar correctamente os meus adversários, visto que seria um tremendo lapso se, em vez de “maldita melga”, eu proferisse “maldito mosquito”, levando a melga a pensar que eu a autorizava a ela, apenas a ela e não ao mosquito, a extorquir-me os meus fluidos corporais.
Compêndios consultados, cheguei à conclusão que a melga é uma espécie de mosquito, mais pequena que o trombeteiro que, pelos vistos, também é um mosquito famoso e, a dar pelo nome, também promete ser assaz barulhento, tal como a sua parente mais popular.
Já experimentei vários produtos à venda no mercado para acabar de vez com todos estas bestas pertencentes à família dos mosquitos. Não lhes bastando despertarem-me durante a noite, têm o desplante de gozar com a minha cara quando, no preciso momento em que acendo a luz com o propósito único de os estilhaçar contra a parede, resolvem parar de bater a porcaria das asas e esconder-se no recanto mais imprevisível do quarto, levando o meu sono a desistir de os matar. Claro está que, desprezando a minha clemência, passado pouco tempo de eu ser vencida pelo cansaço que eles próprios provocaram, os sacanas recomeçam as suas danças ruidosas e acabam sempre por cumprir a sua intenção sangrenta de me picarem e de me sugarem alarvemente o sangue, que por essas alturas viaja sempre abundante e calmamente pelas artérias.
Como consequência destes apetites execráveis destas criaturas abjectas, no dia a seguir já sei que, não só irei sentir uma comichão desmedida que me irá cansar o metacarpo só de me coçar, como também, e porque estas atrocidades voadoras resolvem precisamente dar um ar das sua graça no Verão, vou ficar com o visual descapotável próprio desta silly season completamente arruinado por enormes babas, típicas das doenças contagiosas.
Mata-moscas, repelentes em spray, em creme, em roll on, dispositivos que emitem ruídos supostamente insuportáveis para os ouvidos ovíparos destes anormais do reino animal, entre outras coisas estranhas, nada é completamente eficaz.
Começo a desconfiar que os mosquitos só existem para nos irritar. Talvez a Mãe Natureza tenha achado que, já que matamos ou aborrecemos todos os nossos vizinhos animais e plantas, também devíamos ser aborrecidos por alguma entidade pouco escrupulosa, e então criou os mosquitos. Dotou-os de capacidades obscuras que os tornam indestrutíveis e, qual puta maldosa e visionária, soltou-os pelo mundo para eles disseminarem as suas bruxarias por todos os continentes, conspurcando de mordidelas os corpos lisos e lustrosos de inocentes seres humanos como eu.
Quando começo a ouvir este burburinho irritante a meio da noite, já sei que estou lixada. Lixada de maneiras demasiado diversas para serem, à partida, provocadas por bichos tão raquíticos como os que provocam este som estridente com o seu bater de asas ininterrupto.
Até pode ser que, como criatura zelosa que sou, me tenha lembrado de fechar as janelas todas antes de ter acendido o maldito chamariz que é a luz do quarto. Até pode ser que tenha dedicado alguns euros suados à compra de um difusor de insectos ou de um repelente. Mas, há que enfrentar a dura e incontrolável realidade: estas amostras de bichos têm tanto de irritante como de poderes ocultos. São verdadeiros feiticeiros que conseguem a proeza, sabe-se lá como, de se intrometerem nas residências alheias ainda que estas tenham ferrolhos em todas as brechas das paredes.
O problema com estes animais vis surge logo quando os tentamos apelidar de alguma coisa que não seja um qualquer nome insultuoso. Afinal, estes espécimes peçonhentos chamam-se moscas ou mosquitos? Sempre me fez uma confusão dos diabos esta questão. Será que as melgas são as fêmeas dos mosquitos? Ou será que melgas e mosquitos não têm nada a ver uns com os outros a não ser o pormenor de chuparem o sangue às pessoas sem vergonha nem pudor? Ou será ainda que esta diferença na nomenclatura tem a ver com o estrato social, sendo que os vips lhes chamam de melgas e os saloios de mosquitos, ou vice-versa? Fui pesquisar. Já mal cabia em mim de curiosidade e, além disso, gosto de injuriar correctamente os meus adversários, visto que seria um tremendo lapso se, em vez de “maldita melga”, eu proferisse “maldito mosquito”, levando a melga a pensar que eu a autorizava a ela, apenas a ela e não ao mosquito, a extorquir-me os meus fluidos corporais.
Compêndios consultados, cheguei à conclusão que a melga é uma espécie de mosquito, mais pequena que o trombeteiro que, pelos vistos, também é um mosquito famoso e, a dar pelo nome, também promete ser assaz barulhento, tal como a sua parente mais popular.
Já experimentei vários produtos à venda no mercado para acabar de vez com todos estas bestas pertencentes à família dos mosquitos. Não lhes bastando despertarem-me durante a noite, têm o desplante de gozar com a minha cara quando, no preciso momento em que acendo a luz com o propósito único de os estilhaçar contra a parede, resolvem parar de bater a porcaria das asas e esconder-se no recanto mais imprevisível do quarto, levando o meu sono a desistir de os matar. Claro está que, desprezando a minha clemência, passado pouco tempo de eu ser vencida pelo cansaço que eles próprios provocaram, os sacanas recomeçam as suas danças ruidosas e acabam sempre por cumprir a sua intenção sangrenta de me picarem e de me sugarem alarvemente o sangue, que por essas alturas viaja sempre abundante e calmamente pelas artérias.
Como consequência destes apetites execráveis destas criaturas abjectas, no dia a seguir já sei que, não só irei sentir uma comichão desmedida que me irá cansar o metacarpo só de me coçar, como também, e porque estas atrocidades voadoras resolvem precisamente dar um ar das sua graça no Verão, vou ficar com o visual descapotável próprio desta silly season completamente arruinado por enormes babas, típicas das doenças contagiosas.
Mata-moscas, repelentes em spray, em creme, em roll on, dispositivos que emitem ruídos supostamente insuportáveis para os ouvidos ovíparos destes anormais do reino animal, entre outras coisas estranhas, nada é completamente eficaz.
Começo a desconfiar que os mosquitos só existem para nos irritar. Talvez a Mãe Natureza tenha achado que, já que matamos ou aborrecemos todos os nossos vizinhos animais e plantas, também devíamos ser aborrecidos por alguma entidade pouco escrupulosa, e então criou os mosquitos. Dotou-os de capacidades obscuras que os tornam indestrutíveis e, qual puta maldosa e visionária, soltou-os pelo mundo para eles disseminarem as suas bruxarias por todos os continentes, conspurcando de mordidelas os corpos lisos e lustrosos de inocentes seres humanos como eu.
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