Gostava de dar os parabéns ao Paulo Espírito Santo pelo artigo publicado esta semana na revista Sábado sobre os seus feitos desportivos.
Mas sobretudo gostava de acrescentar mais algumas palavras de quem já conviveu em tempos de forma mais permanente com o Paulo, uma vez que estudámos na mesma escola e na mesma turma. O Paulo deu-me boleia muitas vezes no seu 205 XAD branco, e até me ajudou a estudar para algumas cadeiras na faculdade, daquelas que muitas vezes não encaixavam assim às primeiras. Aproveito para te agradecer publicamente essa ajuda.
Nunca falámos muito sobre o seu acidente, mas fizémos uma vez uma viagem fabulosa entre a Tapada e Alpiarça, no 205, com relato descritivo sobre a sensação de fazer o mesmo percurso mas na sua potente moto. Nunca andei de moto, mas confesso que o entusiasmo com que o Paulo relatou aqueles quilómetros como se fosse a andar em duas rodas, me fizeram sentir como se estivesse a viver essa viagem na realidade e duas rodas. Foi um espectáculo.
Convivi com o Paulo na altura em que andou com as próteses, um período que não se revelou positivo, uma vez que em vez de o ajudar ainda lhe prejudicava mais a mobilidade. Como ele afirma no artigo da Sábado, privilegiou a mobilidade e não a estética, o que é uma opção corajosa, e que deve servir de exemplo para outras pessoas.
Concordo com o facto de ele se afirmar como um "chato", que o é na realidade, mas no bom sentido, ou seja, não desiste na defesa intransigente dos interesses das pessoas com deficiência, que ainda são muito mal tratados pela nossa sociedade. E não é preciso pensar muito em coisas que ainda são feitas sem pensar nestas pessoas. Vejam-se as caixa do Multibanco, os botões dos elevadores, o estacionamento selvagem, os passeios que não são adequados (nos passeios então é mesmo gritante, basta tentar andar com uma cadeirinha de passeio com um bébé para perceber a inadequação dos mesmos).
Não voltámos a ter um contacto tão próximo, mas ficaram-me boas memórias da perserverança, da inteligência, da astúcia e da capacidade de argumentação. Tenho saudades do tempo em que discutíamos, eu, o Paulo, o Queijo no Bar do ISLA. Ah, grandes noites a puxar pela argumentação e pelos neurónios. Um exemplo de vida e de adaptação a uma nova condição. Com o Paulo não há coitadinhos, e só isso é uma grande lição.
Parabéns pelos teus resultados desportivos.
Helder Figueiredo
Fica um link para outra notícia sobre o Paulo Espírito Santo http://www.fptenis.pt/actualidades/newsletter2.pdf para ler o artigo da Sábado têm mesmo que comprar a revista pois não está disponível na net.
26 maio 2006
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