20 dezembro 2007

Era Uma Vez Um Natal Que Já Não Era Natal

Um boneco de neve que, mesmo sem sol, teimava em derreter. Uma árvore de Natal que não era vaidosa. Uma estrela que se recusava a brilhar. Um rei mago que detestava viajar. Um pai natal que não cabia na chaminé. Uma rena que era alérgica à neve. Um presente que, de tão pudico, não queria ser desembrulhado. Um S. José que tinha perdido o cajado. Um galo que fugia da missa. Um bacalhau que também queria cear Um duende que era ladrão. Uma lareira sem lume. Um sapatinho sem dono. Um menino Jesus idoso. Um jingle bells desafinado. Um peru magro. Um ramo de azevinho sem bagas venenosas. Um sino rouco. Um advento despojado dos dias. Um presépio sem figuras. Uma casa privada dos enfeites.

Era uma vez um Natal que, sem dar por isso, tinha perdido a alma, com a distracção própria de quem perde o que, em princípio, não pode ser perdido; como o mar quando perde as conchas na areia a cada piropo malandro que lhe envia através das ondas.

Era uma vez um Natal que, numa noite feia e sem estrelas, foi o anfitrião de uma família onde não havia amor e onde todas as crianças já tinham perdido a inocência.

Era uma vez um Natal que, ao ver-se ao espelho, não se reconheceu e quis deixar de ser Natal, tal foi o desgosto.

Era uma vez um Natal que não podia deixar de ser Natal por força dos calendários. Zelosos da sua função de guardadores do rebanho dos anos, os calendários não podiam deixar de assinalar o dia 25 de Dezembro. Os mesmos calendários que nos ditam a existência num sussurrar mudo de quem não nos quer assustar com a voragem dos dias douram, com a áurea fatídica da eternidade, o Natal.

Era uma vez um Natal que se tornou amnésico porque as pessoas eram indiferentes aos seus queixumes de fantasma com corpo.

Era uma vez um Natal que, sem existir, continuava a existir…

18 dezembro 2007

Parabéns à Sara

A Sara, que já nos deixou por aqui uns textos muito engraçados, foi premiada num concurso promovido pelas Produções Fictícias.

Foi vencedora da 10.ª semana deste concurso de blogs humorísticos, com o texto "A Miopia é uma Puta", disponível no seu blog opodaalma.

Acho que estamos perante um talento, e alguém que um destes dias vai ganhar a vida com a escrita.

http://arcebispodecantuaria.blogs.sapo.pt/302137.html

13 dezembro 2007

Instalação de 2 Contact Center de duas grandes empresas em Alpiarça

Já sei que me vão chamar muitos nomes, pois muitos dos leitores deste artigo provavelmente vêm à procura da notícia de um grande investimento na nossa terra.
Bem… não é uma notícia, e para que fiquem bem claras desde já as expectativas, no artigo deste mês pretendo apenas fazer uma reflexão acerca do impacto que teria na economia do nosso Concelho a instalação de um ou dois Contact Center de grandes empresas.
Se se sentiu enganad(a)o, compreendo que deixe de ler imediatamente o artigo… (mas não deixe de ler o último parágrafo onde desejo um feliz natal a todos os leitores).
Se continua a ler, é porque lhe interessa pelo menos saber um pouco mais sobre essa ideia meio esquisita de que agora as grandes empresas, quem sabe até multinacionais, podem vir a investir em Alpiarça.
Antes de avançar com a ideia, gostaria de vos fazer uma pergunta. Sabem para onde estão a ligar quando ligam para o serviço de apoio aos Clientes da Portugal Telecom? Imaginem em que País estão a atender as chamadas. É em África, mais propriamente em Cabo Verde. Sabia?
Agora imagine que é Cliente da Vodafone, e contacta também para o serviço de apoio aos Clientes. Sabe onde vai parar a chamada? Provavelmente dá um pulo até Braga.
Na empresa onde trabalho, se eu ligar para o apoio informático (help desk) a chamada vai, imagine, parar à Irlanda. E sou atendido em português, em mais de 90% das situações.
Aqui bem perto, nas Caldas da Rainha, instalou-se também há pouco tempo uma grande empresa com um contact center.
Um contact center é um sítio com muitos computadores, e com muita malta nova rodeada de tecnologia de ponta, ligada a grandes sistemas de informação e que através do acesso a essa informação sobre os produtos e processos de uma empresa, conseguem responder (ou pelo menos tentam) às questões e às situações levantadas pelos Clientes.
Normalmente são equipas constituídas por um punhado de Colaboradores do quadro da empresa (os responsáveis pela gestão e pela direcção dos vários departamentos) e por uma imensa maioria de trabalhadores contratados à hora por empresas de trabalho temporário.
Pronto, já sei que se vão levantar mais umas vozes a falar mal do trabalho temporário, e coisa e tal, que vem para aqui falar de trabalho precário e que Alpiarça precisa é de outras coisas.
Para quem fala mal do trabalho temporário e das novas relações de trabalho que se avizinham no cada vez mais complexo mundo das novas tecnologias, voltarei ao assunto no próximo mês.
Mas por agora deixem-me sonhar com o projecto de criarmos uma dinâmica de investimento em Alpiarça que seduzisse uma ou mais grandes empresas a instalarem no nosso Concelho os seus Contact Centers.
Investir em infraestruturas tecnológicas que permitissem fixar os nossos jovens estudantes, e fizessem eventualmente retornar outros que procuram fazer vida fora daqui, poderia trazer grandes benefícios para a economia local.
Desde logo porque há um conjunto de outros serviços que tinham que se modernizar e desenvolver para dar resposta a um novo tipo de população trabalhadora, mais exigente e com um bom poder de compra. Sim porque o trabalho é temporário, mas permite a jovens estudantes terem alguma autonomia financeira.
Já tive oportunidade de trabalhar como Consultor em vários contact center de grandes empresas em Portugal, e de 1999 até 2007 foram muitas as caras que revi passada quase uma década… mas enfim, é trabalho temporário e muito precário.
Os restaurantes teriam que alargar a sua oferta e adaptá-la às necessidades de quem trabalha 24 horas por dia. Os transportes idem. Outros serviços de apoio teriam eventualmente que ser criados pois novas necessidades surgiriam. Falo dos serviços de suporte tecnológico, eventualmente mesmo de empresas de trabalho temporário (que normalmente crescem organicamente à medida das necessidades do mercado onde actuam), serviços de limpeza, catering, vending, etc etc.

Mas como é que pode funcionar uma coisa destas?

Acredito que uma ideia como esta só poderia vingar se houvesse um compromisso entre a autarquia e o actual tecido empresarial no sentido de se criarem sinergias e dinâmicas de investimento que permitissem colocar Alpiarça na rota das grandes empresas que podem instalar estas competências em qualquer parte do Mundo.
O importante era garantir que existiam instaladas e disponíveis as infraestruturas técnicas e tecnológicas, e que existia mão-de-obra com as necessárias competências para assegurar a prestação dos serviços.
Aqui está uma das aplicações evidentes da Carta de Competências de Alpiarça de que falei no artigo do mês passado.
O investimento não faria sentido sem uma grande operação de charme junto dos responsáveis das grandes empresas, tentando vender as vantagens inerentes à instalação de uma solução empresarial como são os Contact Center num meio com custos de vida eventualmente mais apetecíveis para quem está a iniciar a sua vida profissional.

Bem, fica a reflexão, sabendo de antemão que isto não se faz de um dia para o outro, e desejando que a partir desta reflexão se possa discutir mais um pouco este assunto.

Em época de Natal desejo a todos os Alpiarcenses, e leitores do Voz de Alpiarça um santo natal, e formulo votos de que 2008 seja um ano mais redondo tal como é o próprio número 8, ou seja, um ano duplamente cheio de coisas boas.

Helder Figueiredo
Comentários, sugestões, insultos ou donativos para alpiarcense@gmail.com

10 dezembro 2007

Talvez...

“O teu nome
até os objectos o sabem
quando nos pedem um uso diferente
os objectos tão gastos tão cansados
da circulação absurda a que os obrigam”
Alexandre O´Neill

Estavam ambos sentados num dos bancos azuis e encarnados do metro. Pareciam alheios às pessoas que se iam amontoando na sua periferia, a maioria delas de pé, a sofrerem as sacudidelas típicas do rolar das carruagens sobre os carris.

Ela, com a mala meticulosamente colocada sobre o colo, fixava com o olhar vago um qualquer ponto invisível, talvez tentando encontrar a imagem perdida que costumava ver e rever nos seus sonhos de criança, com a espontaneidade robótica que a esperança propicia, e que, agora, estava a custar tanto encontrar no meio de todas as imagens que compunham o seu álbum da alma, progressivamente enlameado pelos anos. Ou, talvez, sentindo desde à muito este paradoxo frustrante dentro de si, estivesse apenas a tentar ignorar o metro, as pessoas, a carruagem vestida de azul e encarnado, aquela manhã em que o mesmo trabalho de sempre a esperava uns metros à frente, e todos os outros ingredientes que compunham o círculo fechado dos seus dias. Com as pupilas dilatadas pela urgência de fixarem apenas o vazio, talvez tentasse apenas ignorar a sua própria vida.

Ele, embrulhado num casaco de cor parda, talvez comprado nos saldos à cinco anos atrás porque “isto a vida está cara e nunca, jamais, se podem cometer excessos”, manobrava repetidamente a caneta do seu PDA, distraindo-se, talvez, com uma qualquer actividade arrancada ao desejo profundo de sobressair na massa anónima composta pelas formiguinhas do metro; afinal, não é qualquer um que possui um PDA e, muito menos, é qualquer um a quem urge a necessidade de o manusear durante a curta e matutina travessia subterrânea pela cidade. Talvez queira aparentar ser um grande homem de negócios; contudo, a ausência do fato de boa fibra, da gravata à moda e da aura resoluta e confiante, resultado do coleccionar incessante de demonstrações de um intelecto brilhante, denuncia uma profissão bastante mais humilde. Talvez trabalhe nos correios. Ou, talvez, seja um mero empregado num qualquer departamento numa qualquer empresa. Tem, definitivamente, o ar atarracado de funcionário a quem os abusos de poder do patrão fizeram mirrar as costas.

“Campo Grande, Cidade Universitária, Entrecampos, Campo Pequeno, Saldanha” – as estações sucedem-se freneticamente umas às outras.

“Próxima estação: Picoas” – anuncia a voz feminina que sai mecanicamente dos altifalantes, colocados estrategicamente para ressoarem em todo o espaço azul e encarnado, iluminado por um fluorescente hostil que pretende mostrar a realidade crua e friamente, função que desempenha com mestria.

Chega então o momento em que ela se vira, pela primeira vez, para ele. Pronuncia um até logo enfastiado; um até logo que, talvez pela força das circunstâncias, tem mesmo de ser um até logo e não pode ser outra coisa qualquer. Dão um pequeno beijo na boca. O leve roçar casto dos lábios dela com os dele faz estremecer a carruagem, provocando um murmúrio metálico, como que uma manifestação da surpresa do próprio universo, revoltado com a nudez de sensualidade deste gesto, supostamente um dos símbolos mais sublimes da paixão. É então que se conseguem vislumbrar as alianças a agrilhoarem os seus dedos anelares; são, indubitavelmente, casados um com o outro. Não podem, no entanto, ter contraído os laços sagrados do matrimónio há muito tempo, dado que as suas fisionomias revelam uma idade compreendida entre os trinta e os trinta e cinco anos.

Ela levanta-se com a compostura rígida de quem não conhece gestos diferentes talvez porque, à falta da audácia da imaginação, repete vezes sem conta os mesmos movimentos limitados pela rotina simétrica dos dias. Ele continua, impávido e sereno, a espicaçar o ecrã do PDA, com a constância dos trejeitos obsessivos que se tornam o oxigénio de uma vida.

Trazem ambos uma expressão de enfado no rosto, própria de quem já não se diverte há muito tempo. Talvez já nem saibam o que é isso da diversão: “Isso é para os outros, os inconscientes que vivem sem preocupações”. Talvez segundas, terças, quartas, quintas, sextas, sábados e domingos saltem sucessivamente do seu calendário, pendurado na parede da cozinha desde o início do ano, a um ritmo cada vez mais idêntico. Talvez o acordar, o almoçar, o jantar e o deitar se desenrolem sempre escrupulosamente à mesma hora e da mesma maneira. Talvez aos sábados se entretenham a visitar os pais dela durante a tarde e os pais dele durante a noite e, ainda que a conversa esteja a pedir mais palavras nesses serões, as calem até ao próximo sábado, porque os ponteiros do relógio indicam a hora religiosa de ir para a cama, e não se pode desobedecer a esse general do tic-tac que é o tempo. Talvez reservem a manhã de domingo para o prazer carnal, que vai sendo cada vez menos prazer e cada vez mais o mero cumprimento de um dever imposto pela carne, mais uma maçada à espera de ser consumada. A mesma carne que toma todos os dias banho durante rigorosamente dez minutos, “que isto a conta da água é um balúrdio”, com a espuma do sabão de glicerina, cada vez mais escorregadio, talvez por estar farto ser sempre ele a ser utilizado nas barrelas daqueles dois seres; afinal há tanto sabonete diferente e tanta variedade de gel de banho à venda no supermercado! Talvez comprem sempre a mesma quantidade e as mesmas coisas no supermercado; para quê experimentar produtos diferentes se podem correr o risco de não gostar? Para quê, aliás, correr qualquer tipo de risco? Pode-se tropeçar e cair e estatelar a alma ou outras coisas igualmente importantes no chão, o que representa um perigo que só os inconscientes podem estar dispostos a correr. Eles, com orgulho, não são inconscientes, aliás, eles até talvez se achem superiores aos outros por não serem inconscientes.

Talvez, com o volver dos anos, o deserto que criaram nas suas vidas, se resolva num grande oásis de frustração onde passarão a viver permanentemente, ela com as saudades eternas dos sonhos que viu a vida desfazer e ele a tentar ignorar o tempo, cada vez mais agoniado com o bambolear ininterrupto da caneta do PDA entre os seus dedos periclitantes. Talvez se apercebam então, quando o marulhar da morte surgir perfilado na sombra que arrastam pesarosamente atrás de si, que talvez tenham vivido sem verdadeiramente viver. E talvez aí já seja tarde demais…

06 dezembro 2007

Iluminação de Natal... uma sugestão




Ainda não vi as 'luzinhas' de Natal penduradas na nossa Rua "Direita" (Rua José Relvas).
Por isso lembrei-me de sugerir uma das opções (ver a foto).
Simples e barata... pelo menos a crer nas notícias que dizem que o orçamento para a iluminação de Natal em Lisboa foi cortado em 60%... mesmo assim, ainda deu para colocarem estas bonitas luzes em tom de azul.
A foto foi tirada durante uma viagem de táxi a caminho de Santa Apolónia, ali mesmo antes de entrar no Terreiro do Paço.
A má qualidade... é porque foi tirada com o telemóvel.

Bom Natal

PS: Actualização deste post a 8 de Dezembro. Afinal as luzes sempre apareceram. E deixem-me dizer que são muito bonitas. Uma prova de que o simples quase sempre é muito bonito. Parabéns pela escolha.

03 dezembro 2007

Praias: Amado, Carrapateira, Vale Figueira, Murração e Arrifana




Este fim-de-semana resolvi seguir aquela máxima que costumava aparecer por aí pelos cartazes de turismo: “Vá para fora cá dentro”. O destino escolhido foi Sagres, o local onde o Infante D. Henrique instalou, no século XV, a mítica Escola Náutica, forte impulsionadora dos Descobrimentos. Fiquei alojada no Hotel Baleeira, um espaço moderno e recente, localizado em frente à marina de Sagres.


Na sexta-feira jantei em Vila do Bispo. Para quem acaba de sair do reboliço de Lisboa, Vila do Bispo parece um fim do mundo saído directamente das páginas dos guias de locais remotos. Comi uma safia grelhada, peixe parecido com o sargo, que me recordou, mais uma vez, quão boa é a comida portuguesa.


O sol, felizmente, insistiu em brilhar, apesar do adiantado do mês de Outubro. O Outono já não é o que era! Cada vez mais, o Outono começa a parecer-se com aquela época dourada do final do Verão, em que, apesar do sol ainda ter muita garra, os dias ficam mais curtos e a noite estreia-se a presentear-nos com aragens frescas que prenunciam a chegada de uma nova estação.
No sábado aproveitei a onda de calor e fui até à praia do Amado, uma praia com um areal extenso e com ondas populares entre os surfistas. De seguida, visitei a Carrapateira, enorme e desértica, onde desagua uma ribeira que, com a maré-cheia, é preciso atravessar para alcançar o areal. A característica mais marcante destas praias é que parecem prolongar-se indefinidamente para o lado oposto ao mar; são, literalmente, praias que nunca mais acabam! Por último, fui a Vale Figueira, onde se chega através de uma estrada de terra batida; com a maré-cheia, a dimensão desta praia diminui substancialmente, tornando-a demasiado pequena.


Por volta das sete da tarde vi o pôr-do-sol no cabo de S. Vicente, na companhia de inúmeros turistas que aplaudiram entusiasticamente o momento em que o astro-rei se escondeu completamente no mar. É um espectáculo que vale a pena! O sol quase não parece o sol, parece antes uma enorme bola cor-de-laranja atirada ao mar por um acaso do tempo. Assistir a este momento faz-nos sentir mais próximos da natureza e faz-nos pensar que, se calhar, seríamos mais felizes se reparássemos mais vezes em fenómenos tão simples como este; em Lisboa, nunca sei atrás de que prédio é que o sol anda escondido…


Jantei em Lagos. Fiquei verdadeiramente espantada com o facto de Lagos estar a abarrotar de movimento. Mais tarde vim a saber que era o dia da cidade, comemorado à maneira, com fogo de artifício e concertos! Muitos turistas passeavam o seu bronze de t-shirt, alheios ao frio que se fazia sentir; muito provavelmente aquela temperatura em final de Outubro, para eles, significa calor.


No domingo o destino eleito foi a praia da Murração. Os guias recomendam que se vá de jipe ou de bicicleta e, de facto, é melhor cumprir o aviso: o acesso, em terra batida, está em mau estado e o declive do percurso é, em algumas zonas, acentuado. Para se chegar, é necessário virar à esquerda, no sentido Sagres-Aljezur, ao pé dos moinhos de vento; não existe qualquer indicação no local. A praia é um pequeno paraíso escondido no meio das falésias escarpadas. Ocupada apenas por meia dúzia de pessoas, entre as quais praticantes de nudismo, os únicos sons que se ouviam eram o ruído das ondas e o chilrear da passarada. A norte, com a maré baixa, é possível aceder a algumas grutas e a pequenas praias encalhadas no meio das rochas.


Após um dia passado neste recanto paradisíaco de Portugal, segui para a Arrifana. O termo que me vem à cabeça para definir a Arrifana é: “cool”! O bar situado sobre a praia, decorado de uma forma exótica, faz-nos esquecer que estamos na Europa e permite-nos observar o areal e o mar, onde é possível observar um autêntico engarrafamento de surfistas. Todo o ambiente é de descontracção; eu mal queria acreditar que, daí a poucas horas, ia estar de regresso ao trabalho num edifício de dezassete andares, repleto de gente de fato e gravata, onde o mais parecido com o som do mar é o ronronar quente e metálico do computador portátil…

30 novembro 2007

O Saber Não Ocupa Lugar

Recebido por mail... desconheço o autor

PORQUE O SABER NÃO OCUPA LUGAR!!!!



Alevantar
O acto de levantar com convicção, com o ar de 'a mim ninguém me come por parvo!... alevantei-me e fui-me embora!'.

Aspergic
Medicamento português que mistura Aspegic com Aspirina.

Assentar
O acto de sentar, só que com muita força, como fosse um tijolo a cair no cimento.

Capom
Porta de motor de carros que quando se fecha faz POM!

Destrocar
Trocar várias vezes a mesma nota até ficarmos com a mesma.

Disvorciada
Mulher que se diz por aí que se vai divorciar.

É assim...
Talvez a maior evolução da língua portuguesa. Termo que não quer dizer nada e não serve para nada. Deve ser colocado no início de qualquer frase. Muito utilizado por jornalistas e intelectuais.

Entropeçar
Tropeçar duas vezes seguidas.

Êros
Moeda alternativa ao Euro, adoptada por alguns portugueses.

Falastes, dissestes...
Articulação na 4ª pessoa do singular. Ex.: eu falei, tu falaste, ele falou, TU FALASTES.

Fracturação
O resultado da soma do consumo de clientes em qualquer casa comercial. Casa que não fractura... não predura.

Inclusiver
Forma de expressar que percebemos de um assunto. E digo mais: eu inclusiver acho esta palavra muita gira.
Também existe a variante "Inclusivel".



A forma mais prática de articular a palavra MEU e dar um ar afro à língua portuguesa, como 'bué' ou 'maning'. Ex.: Atão mô, tudo bem?

Nha
Assim como Mô, é a forma mais prática de articular a palavra MINHA. Para quê perder tempo, não é? Fica sempre bem dizer 'Nha Mãe' e é uma poupança extraordinária.

Númaro
Já está na Assembleia da República uma proposta de lei para se deixar de utilizar a palavra NÚMERO, a qual está em claro desuso. Por mim, acho um bom númaro!

Parteleira
Local ideal para guardar os livros de Protuguês do tempo da escola.

Perssunal
O contrário de amador. Muito utilizado por jogadores de futebol. Ex.: 'Sou perssunal de futebol'. Dica: deve ser articulada de forma rápida.

Pitaxio
Aperitivo da classe do 'mindoím'.

Prontus
Usar o mais possível. É só dar vontade e podemos sempre soltar um 'prontus'! Fica sempre bem.

Prutugal
País ao lado da Espanha. Não é a Francia.

Quaise
Também é uma palavra muito apreciada pelos nosso pseudo-intelectuais. Ainda não percebi muito bem o quer dizer, mas o problema deve ser meu.

Stander
Local de venda . A forma mais famosa é, sem dúvida, o 'stander' de automóveis.
O "stander" é um dos grandes clássicos do "português da cromagem"...


Tipo
Juntamente com o 'É assim', faz parte das grandes evoluções da língua portuguesa. Também sem querer dizer nada, e não servindo para nada, pode ser usado quando se quiser, porque nunca está errado, nem certo. É assim... tipo, tás a ver?

Treuze
Palavras para quê? Todos nós conhecemos o númaro treuze.

29 novembro 2007

Fado: O Uivo Pardo que Habita em Nós

No sábado passado fui jantar a um Clube de Fado localizado em Alfama, esse bairro típico de Lisboa de onde, como que cuspido por uma das sete colinas, se ergue o Castelo de S. Jorge. O modo como fui parar a este restaurante recôndito, enfiado numa das zonas mais castiças de Lisboa, reflecte um rol de acontecimentos aleatórios que iniciaram a sua descida vertiginosa pelo trapézio da noite mal a ideia “vou jantar fora” assomou no meu cérebro que, ansioso por um momento de lazer, não resistiu ao sibilar estridente do apito da resolução. Jantar fora em Lisboa não constitui uma novidade para mim; de facto, dado que um dos pecados mortais em que incorro frequentemente é o pecado da gula, o que, felizmente, ninguém diria dadas as minhas formas franzinas, conheço mil e um restaurantes na nossa capital ensolarada. No entanto, nunca me parecem os suficientes tal é a minha avidez curiosa pela comida. Quero descobrir o restaurante perfeito: que sirva o pão alentejano, o queijo da serra, uns bons espécimes de marisco e o peixe que saltou directamente do mar para o braseiro, tudo digerido ao ritmo fluído do vinho a escorregar pacientemente pela traqueia, como que num passeio descontraído até ao estômago e intestinos, onde é então esquartejado e obrigado a libertar o seu tão almejado segredo, o álcool.

Escolhi, num guia da capital, um restaurante situado perto do Largo de S. Martinho, um nome que me pareceu pertinente nesta altura do ano. Procurei, num outro guia da cidade, a localização do dito largo (sim, pode não parecer, mas eu sou uma pessoa prevenida, tenho o carro atulhado de mapas e guias de tudo o que é possível e imaginário!). Após alguns minutos rodoviários, animados pelos sinais luminosos, incessantemente indecisos entre o verde e o vermelho, começou uma longa jornada à procura de estacionamento; uma autêntica caça ao tesouro em busca de um buraco suficientemente grande para albergar um Golf. Ao fim de cerca de meia hora com os olhos esbugalhados tentando focar espaços livres ou transeuntes de partida, marchando sob a batuta do tilintar das chaves, o parque de estacionamento, ainda que longe como um raio, afigurou-se a melhor opção.

Iniciou-se então uma nova busca, desta vez pelo restaurante previamente escolhido, situado no tal Largo de São Martinho, um local perfeitamente desconhecido para mim.
- “Menina, o Largo de São Martinho fica ao pé da Sé, mas olhe que ainda é longe, uns bons quinze minutinhos a pé” – foi a informação gentilmente prestada por uma velhota corpulenta dos anos.

Os meus pés, calçados por umas botas de sete centímetros de altura, não apreciaram nada a travessia que se seguiu pelas ruas irregulares de Alfama, um autêntico tapete espinhoso de pedras da calçada. Depois de atravessar becos, ruelas e travessas íngremes com nomes tão sugestivos como “ Travessa do Quebra-costas”, lá alcancei a Sé de Lisboa e segui a linha do eléctrico, conforme as indicações previamente fornecidas. Do outro lado da rua, um grupo de gente reunia-se em redor de um carrinho de castanhas e um cheiro inconfundível a magusto esbatia-se no ar frio da cidade que, ao ritmo do vento, fazia arquejar de abandono as roupas estendidas nas fachadas de prédios toscos, amontoados com a harmonia do acaso num cenário bucólico, próprio de paisagem parada no tempo. Esta zona é o coração de Lisboa e não é possível ignorar aqui o seu pulsar intermitente, de quem não sabe se morrer não será melhor opção do que continuar a viver sem ser à sua maneira. E pensar que há tantos lisboetas, como eu, que nunca sentiram estes batimentos cardíacos, caracterizados por uma intensidade que só os caprichos da tradição podem conferir a um lugar. Jantar à portuguesa num restaurante de fado em Alfama devia fazer parte da série de passeios obrigatórios que damos na escola. Os turistas deliciam-se com esta Lisboa tantas vezes ignorada por nós, os habitantes da Lisboa cosmopolita, dos bairros novos repletos de prédios grandes e arejados, das janelas dos quais Alfama parece apenas uma miragem distante, um ponto minúsculo e fantasmagórico perdido na margem do rio.
No guia da American Express (e eu a dar-lhe com os guias!) definem-nos da seguinte forma: “ Os portugueses são gregários, comem e bebem em grandes grupos e nutrem alguma desconfiança pelos espanhóis. No entanto, por detrás dos sorrisos e do bom humor há um muito enraizado aspecto da psique nacional que os próprios portugueses denominam saudade, uma espécie de melancolia etérea que parece ansiar por algo perdido ou inatingível.”. Definem-nos bem. Conhecemos o segredo de ser-se feliz sem ignorar os cantos escuros da existência. E o fado expressa essa nossa “saudade” na perfeição.

Quando as luzes se apagam e todo o espaço fica iluminado pela luz que vai escoando, numa cadência mortiça, de um candeeiro vermelho, sabemos que chegou a hora do silêncio: o momento solene em que se vai ouvir cantar o fado. Acompanhada pelas guitarras, pelas violas e pelos bandolins, uma voz cuspida directamente da alma, como se a alma não aguentasse mais o pus que ela própria fabrica, entoa histórias da vida. A história da “vida séria que cegou os teus olhos de menina”, ou do “cacilheiro que nunca se cansa e que chega a um cais que cheira a jornais, morangos e flores”, ou do “povo que lavras no rio as tábuas do teu caixão”. Histórias da vida de cada um e que, à sua maneira, são também histórias da vida de todos nós. Recordando-nos que todos queremos ir um pouco mais além nesta bola azul que não para de girar devido aos pontapés obsessivos do infinito; recordando-nos que todos chegamos, desprevenidamente, a experimentar o amor porque ele é dos poucos, senão o único, escapes à igualdade pantanosa dos dias; e recordando-nos que todos acabamos por perder o brilho dos olhos, tão generosamente oferendado pela juventude, numa qualquer esquina dos anos que, qual cigana perita nas leituras da sina, nos antevê um futuro enublado pelas sombras da morte, já à espreita nos umbrais, autênticos biombos que servem, alternadamente, de refúgio à noite e ao dia, eternos amantes desencontrados desse jogo às escondidas a que chamamos calendário.

28 novembro 2007

Vinhos do Ribatejo

Há quanto tempo não prova um vinho do Ribatejo?
Há quanto tempo se desligou dos vinhos desta região portuguesa?
A pergunta não é descabida porque, infelizmente, o Ribatejo continua a padecer de uma crónica falta de imagem, de uma quase total ausência de prestígio. Longamente associado ao vinho a granel, à grande produção, ao grande volume, ao vinho que abastecia as tascas de Lisboa, é difícil para o Ribatejo divorciar-se desta imagem tão depreciativa.
Poderá o Ribatejo competir com as restantes regiões portuguesas?
Seguramente que sim!
Poderá não dispor das mesmas aptidões naturais de outras regiões mais afortunadas, mas tem muitos trunfos na manga. Por um lado, é a região portuguesa com menores custos fixos, tornando-a na região com o melhor potencial para cavalgar o cobiçado epíteto de região com a melhor relação qualidade/preço do mercado.
Tem muita e boa terra, tradição agrícola, e uma mentalidade aberta a novas práticas.
Tem um clima favorável e uma grande vantagem competitiva face ao seu maior rival natural, o Alentejo – dias quentes e noites frescas.
Tem as condições naturais indispensáveis para poder vir a ser uma versão nacional dos vinhos do novomundo, vinhos fáceis, agradáveis, atraentes, fiáveis… e baratos!

Mas os vinhos baratos, de volume avantajado, não são o único caminho possível para os vinhos ribatejanos.

Nem o único desejável!

Porque no Ribatejo também se podem edificar vinhos excelentes, vinhos de carácter forte e temperamento, vinhos irrepreensíveis na qualidade. E já há quem os esteja a fazer. Têm sido pouco comentados, pouco falados, mas existem no mercado vinhos ribatejanos que se destacam pela qualidade, pela originalidade, pelo temperamento único.

Quer conhecer alguns deles?

Experimente o Quinta da Lagoalva de Cima Alfrocheiro 2005. A casta é ainda relativamente rara no Ribatejo, mas afirma aqui todo o seu potencial, consolidando-se como uma das castas mais singulares e interessantes de Portugal. O vinho é extraordinário e singular, um vinho de personalidade forte, um vinho de uma inesperada frescura que tempera de forma feliz o núcleo central de fruta farta. De perfil levemente rústico, é um tinto excelente que, de formadefinitiva, evidencia o enorme potencial do Ribatejo. De resto, os vinhos da Quinta da Lagoalva, comandados pelo jovem enólogo Diogo Campilho, mostram-se cada vez mais como a grande referência do Ribatejo.

Experimente também o Tributo 2005, um vinho de autor, de tiragem limitada, feito pelo mediático enólogo Rui Reguinga. É o seu vinho! É um vinho de alma que, por vezes, se mostra rude no trato, mas um vinho de terroir, um vinho telúrico, um vinho de convicções fortes. É quase um vinho de garagem, de produção diminuta, mas uma sincera homenagem, elaborado com vinhas velhas, de personalidade forte.

E, finalmente, aprecie o Ikon 5 2005. Sim, sim, apesar de algo enigmático é mesmo este o nome do vinho. É um vinho da Fiúza, um vinho que mostra de forma aberta as suas ambições, um vinho compacto e intenso. Felizmente, e ao contrário de muitos outros vinhos próximos, não tem qualquer indício de exagero que o descaracterize. Três vinhos de referência para a região, mas igualmente de excelência no panorama do mundo dos vinhos portugueses.

Perca os preconceitos e aventure-se à descoberta de novos sabores.

Artigo de Rui Falcão, publicado na edição de 28/11/2007 do jornal www.oje.pt

falcao@ruifalcao.com

26 novembro 2007

Eles estão doidos...

Crónica de António Barreto no Jornal Público de hoje:

Quem recusar fornecer-se de produtos industriais e quem não quiser ser igual a toda a gente está condenado

Eles estão doidos!

A meia dúzia de lavradores que comercializam directamente os seus produtos e que sobreviveram aos centros comerciais ou às grandes superfícies vai agora ser eliminada sumariamente. Os proprietários de restaurantes caseiros que sobram, e vivem no mesmo prédio em que trabalham, preparam-se, depois da chegada da fast food, para fechar portas e mudar de vida.

Os cozinheiros que faziam no domicílio pratos e "petiscos", a fim de os vender no café ao lado e que resistiram a toneladas de batatas fritas e de gordura reciclada, podem rezar as últimas orações. Todos os que cozinhavam em casa e forneciam diariamente aos cafés e restaurantes do bairro sopas, doces, compotas, rissóis e croquetes podem sonhar com outros negócios. Os artesãos que comercializam produtos confeccionados à sua maneira vão ser liquidados.

A solução final vem aí. Com a lei, as políticas, as polícias, os inspectores, os fiscais, a imprensa e a televisão. Ninguém, deste velho mundo, sobrará. Quem não quer funcionar como uma empresa, quem não usa os computadores tão generosamente distribuídos pelo país, quem não aceita as receitas harmonizadas, quem recusa fornecer-se de produtos e matérias-primas industriais e quem não quer ser igual a toda a gente está condenado.

Estes exércitos de liquidação são poderosíssimos: têm estado-maior em Bruxelas e regulam-se pelas directivas europeias elaboradas pelos mais qualificados cientistas do mundo; organizam-se no governo nacional, sob tutela carismática do ministro da Economia e da Inovação, Manuel Pinho; e agem através pessoal da ASAE, a organização mais falada e odiada do país, mas certamente a mais amada pelas multinacionais da gordura, pelo cartel da ração e pelos impérios do açúcar.

Em frente à faculdade onde dou aulas, há dois ou três cafés onde os estudantes, nos intervalos, bebem uns copos, conversam, namoram e jogam às cartas ou ao dominó. Acabou! É proibido jogar!

Nas esplanadas, a partir de Janeiro, é proibido beber café em chávenas de louça, ou vinho, águas, refrigerantes e cerveja em copos de vidro. Tem de ser em copos de plástico.

Vender, nas praias ou nas romarias, bolas-de-berlim ou pastéis de nata que não sejam industriais e embalados? Proibido. Nas feiras e nos mercados, tanto em Lisboa e Porto, como em Vinhais ou Estremoz, os exércitos dos zeladores da nossa saúde e da nossa virtude fazem razias semanais e levam tudo quanto é artesanal: azeitonas, queijos, compotas, pão e enchidos.

Na província, um restaurante artesanal é gerido por uma família que tem, ao lado, a sua horta, donde retira produtos como alfaces, feijão verde, coentros, galinhas e ovos? Acabou. É proibido.

Embrulhar castanhas assadas em papel de jornal? Proibido.

Trazer da terra, na estação, cerejas e morangos? Proibido.

Usar, na mesa do restaurante, um galheteiro para o azeite e o vinagre é proibido. Tem de ser garrafas especialmente preparadas.

Vender, no seu restaurante, produtos da sua quinta, azeite e azeitonas, alfaces e tomate, ovos e queijos, acabou. Está proibido.

Comprar um bolo-rei com fava e brinde porque os miúdos acham graça? Acabou. É proibido.

Ir a casa buscar duas folhas de alface, um prato de sopa e umas fatias de fiambre para servir uma refeição ligeira a um cliente apressado? Proibido.

Vender bolos, empadas, rissóis, merendas e croquetes caseiros é proibido. Só industriais.

É proibido ter pão congelado para uma emergência: só em arcas especiais e com fornos de descongelação especiais, aliás caríssimos.

Servir areias, biscoitos, queijinhos de amêndoa e brigadeiros feitos pela vizinha, uma excelente cozinheira que faz isto há 30 anos? Proibido.

As regras, cujo não cumprimento leva a multas pesadas e ao encerramento do estabelecimento, são tantas que centenas de páginas não chegam para as descrever.

Nas prateleiras, diante das garrafas de Coca-Cola e de vinho tinto tem de haver etiquetas a dizer Coca-Cola e vinho tinto.

Na cozinha, tem de haver uma faca de cor diferente para cada género.

Não pode haver cruzamento de circuitos e de géneros: não se pode cortar cebola na mesma mesa em que se fazem tostas mistas.

No frigorífico, tem de haver sempre uma caixa com uma etiqueta "produto não válido", mesmo que vazia.

Cada vez que se corta uma fatia de fiambre ou de queijo para uma sanduíche, tem de se colar uma etiqueta e inscrever a data e a hora dessa operação.

Não se pode guardar pão para, ao fim de vários dias, fazer torradas ou açorda.

Aproveitar outras sobras para confeccionar rissóis ou croquetes? Proibido.

Flores naturais nas mesas ou no balcão? Proibido. Têm de ser de plástico, papel ou tecido.

Torneiras de abrir e fechar à mão, como sempre se fizeram? Proibido. As torneiras nas cozinhas devem ser de abrir ao pé, ao cotovelo ou com célula fotoeléctrica.

As temperaturas do ambiente, no café, têm de ser medidas duas vezes por dia e devidamente registadas.

As temperaturas dos frigoríficos e das arcas têm de ser medidas três vezes por dia, registadas em folhas especiais e assinadas pelo funcionário certificado.

Usar colheres de pau para cozinhar, tratar da sopa ou dos fritos? Proibido. Tem de ser de plástico ou de aço.

Cortar tomate, couve, batata e outros legumes? Sim, pode ser. Desde que seja com facas de cores diferentes, em locais apropriados das mesas e das bancas, tendo o cuidado de fazer sempre uma etiqueta com a data e a hora do corte.

O dono do restaurante vai de vez em quando abastecer-se aos mercados e leva o seu próprio carro para transportar uns queijos, uns pacotes de leite e uns ovos? Proibido. Tem de ser em carros refrigerados.

Tudo isto, como é evidente, para nosso bem. Para proteger a nossa saúde. Para modernizar a economia. Para apostar no futuro. Para estarmos na linha da frente. E não tenhamos dúvidas: um dia destes, as brigadas vêm, com estas regras, fiscalizar e ordenar as nossas casas. Para nosso bem, pois claro. Sociólogo

António Barreto

20 novembro 2007

Estação da CP em Santarém









Imagens da Estação da CP em Santarém, esta manhã pelas 07:00 horas e sem electricidade.

À falta de melhor utilizou-se um candeeiro a gaz para indicar o caminho aos Clientes.

A Merda do Termómetro Digital

Certa vez, estava eu com uma carraspana de caixão à cova, vi-me na obrigação de comprar uma série de medicamentos na farmácia para atacar o malfadado bicho da constipação. Resolvi também comprar um termómetro; pela mesma curiosidade mórbida que nos leva, em dias mais cinzentos da existência, a abrandar o ritmo mal avistamos um acidente no meio da estrada – já sabia que estava a arder em febre mas, dado que a minha imaginação não parava de fantasiar números, resolvi saciá-la com números verídicos.

A senhora farmacêutica trouxe-me uma embalagem contendo um termómetro digital. Ia recusar, dizer que não queria tamanha modernice, dizer que era uma rapariga adepta de coisas simples, mas a porcaria da febre deve-me ter toldado o juízo nesse dia e lá trouxe o dito cujo.

Cedo bastou para perceber que o termómetro digital era uma grandessíssima merda. Passei alguns minutos a ler as instruções, apesar do baile tresloucado das letras diante dos meus olhos, tal era o meu estado febril. Constava nas ditas instruções que o termómetro maravilha apitava quando estivesse pronto a ser colocado no local eleito para a medição (no meu caso o eterno sovaco, dado nunca me terem parecido apropriados outros sítios mais vanguardistas). Até aqui, tudo muito bem. O apito suave do termómetro tranquilizou-me ao ponto de começar a achar que, afinal, as modernices aplicadas ao sector dos instrumentos eternos da nossa infância até eram uma boa ideia. O busílis começou a partir daqui. Para tirar o termómetro, devia esperar, não os usuais cinco minutos, mas até ao momento em que o sinal sonoro apitasse outra vez. Esperei, esperei e desesperei. Esperei até o Aspegic já ter remexido em todos os cantinhos do meu estômago. Nada acontecia! Repeti todo o processo várias vezes, inclusive quando fiquei melhor. Tudo na mesma: nada acontecia! Acho que o termómetro era daqueles sindicalistas radicais que entrava em greve ao segundo apito. Face a este cenário, arrumei-o a um canto e regressei às origens, passando a usar, impreterivelmente, o termómetro velhinho e tradicional da minha criancice, carregado do banal mercúrio rosado e despido das arrogâncias dos botões digitais e das taras e manias dos sinais sonoros.

19 novembro 2007

Recebem ordenado sem trabalhar

27-10-2007
Fonte: SOL


Recebem ordenado sem trabalhar

A CÂMARA Municipal de Lisboa (CML) está a pagar o ordenado a funcionários e assessores, que, no entanto, estão em casa, sem trabalhar. O departamento de Recursos Humanos da autarquia não quis adiantar um número mas, segundo o SOL apurou junto de fontes da autarquia, poderá chegar aos 400.

A maioria será pessoal com contratos de prestação de serviços - neste momento, existem mil avençados na câmara -, cuja situação está a ser «avaliada, caso a caso, pelos nossos serviços», disse ao SOL, Luis Fragoso, director municipal dos Recursos Humanos da CML. Uma pequena parte deste grupo que está em casa são funcionários dos quadros da câmara, cujas funções foram extintas ou estão a ser reestruturadas.

«Essa é uma situação pontual, uma vez que os funcionários nessas condições em breve serão recolocados noutros serviços», explicou.

Só o Departamento de Apoio à Presidência (DAP), que António Costa extinguiu esta semana, tinha cerca de 120 pessoas - exercendo funções que outros serviços camarários já executavam. A duplicação de funções foi, aliás, um dos motivos que levou Costa a propor ao executivo a reestruturação da orgânica da autarquia, começando pela extinção deste serviço.

Segundo soube o SOL, só no DAP havia 60 avençados. Alguns destes contratos já foram suspensos, como o que estava a pagar o trabalho de uma assessora, cuja única tarefa era ir uma vez por semana à CML, tratar das flores dos gabinetes do presidente e dos seus adjuntos.

Além dos avençados, o DAP incluía também várias dezenas de funcionários dos quadros da câmara, cuja reafectação está em curso. «É um trabalho que está a ser feito gradualmente», disse ao SOL Luis Fragoso.

O DAP estava dividido em três serviços: comunicação e imagem, relações externas e protocolo e apoio financeiro e administrativo. Apesar da sua dimensão e de ter funções iguais as de outros serviços da câmara, Santana contratou o grupo liderado pelo publicitário Einhart da Paz para gerir toda a comunicação institucional da CMI.

Quando apresentou o seu plano de saneamento financeiro da autarquia - que tem um passivo global de 1,5 mil milhões de euros, dos quais 440 milhões são dividas de curto prazo -, António Costa adiantou logo que pretendia modificar a estrutura orgânica da Câmara, «abolindo duplicações e redundâncias dos serviços».

O presidente da CML anunciou também a redução em 60% da despesa com horas extraordinárias e em 30% com avençados e tarefeiros.


Comentário

Tá mal... mas não é para todos...

16 novembro 2007

Obrigado Sara

Esta mensagem é só para dar as boa vindas à Sara, que a partir de hoje vai partilhar connosco os seus magníficos textos. Não sei se é literatura boa, se é de cordel, mas em mim tem o seguinte impacto "o que eu dava para saber esrever assim...".
Parabéns pelos textos Sara, e obrigado por teres aceite o meu modesto convite para partilhares o pó da tua alma.

HF

Quando as pessoas me irritam e só me apetece enchê-las de porrada.

Se eu fosse gajo passava a vida à porrada. É inimaginável a quantidade de vezes que me apetece distribuir socos, cabeçadas, pontapés, joelhadas, caldos, murros, lamparinas, cotoveladas, marretadas, biqueiros, estalos, dentadas, pisadelas, puxões de cabelo e estaladas, entre outros estilos de pancadaria que agora assim de repente não me estão a ocorrer, pelas pessoas que cruzam desajeitadamente a minha vida, tropeçando nela e incomodando a minha existência harmoniosa. Pergunto-me, repetidamente, se toda a gente será como eu, ou se, pelo contrário, sou um bicho raro com genes de violência perigosamente intrincados no meu ADN de fêmea com ar bondoso, compreensivo e meigo (modéstia à parte, até acho que o tenho). De certa e determinada forma torna-se irrelevante a resposta a esta questão tão pertinente, dado que o fulcral da coisa é que as pessoas até que merecem apanhar! E merecem-no nas mais variadas ocasiões, as quais passo a citar:

- Quando não desviam as suas massas corporais opulentas da minha frente em alturas onde seguimos pela mesma faixa do caminho;

- Quando têm a mania que têm muita piada e distribuem gracinhas cujo humor parco devia imediatamente rachar-lhes todos os dentes que têm na boca;

- Quando se pespegam à minha frente com o ar altivo e convencido, próprio de quem vive na ilusão de que é superior a mim;

- Quando, em dias em que a pressa toma conta do meu ser, não avançam com os seus bólides foleiros mal o sinal fica verde;

- Quando, num elevador cheio, ou autocarro, ou metro, ou o que quer que seja que tenha a particularidade de poder ficar a abarrotar de pessoas, insistem em entrar, empurrando, entalando e sufocando sem o menor pudor e respeito pelo contacto corporal os ocupantes iniciais;

- Quando falam tão baixo que parece que é de propósito para me fazerem sentir surda, como que numa insinuação muda de que preciso de extrair a cera dos ouvidos com cotonetes;

- Quando são estúpidas e os poucos neurónios que sobrevivem no seu autêntico deserto de miolos se recusam a admitir as suas limitações;

- Quando cruzam a perna de determinada forma, ou fazem um trejeito específico com a cabeça, ou algo do género que me faça lembrar alguém que eu não goste e que já tenha querido matar com a caçadeira (sim, às vezes a simples ideia de pancadaria não me satisfaz e tenho fantasias mais sangrentas);

- Quando fazem troça dos velhinhos na rua que, lutando por manter a dignidade, emaranham as suas bengalas nas pedras da calçada perdendo o equilíbrio;

- Quando me tentam enganar com truques e mentiras directamente expelidos pelo esgoto do seu mau carácter;

- Quando são muito certinhas e agem sempre sob a batuta do bom senso, nunca abandonando os padrões normais do comportamento e mandando as regras da sociedade à puta que as pariu;

- Quando grunhem coisas sem nexo e estão à espera que eu as perceba;

- Quando não aprenderam a andar convenientemente aos dois anos e pisam os meus delicados pezinhos com as suas patas retardadas que chumbariam no exame da movimentação;

- Quando me mandam bocas porcas no meio da rua, como que tentando resumir-me a um mero objecto sexual; aliás, às pessoas que só conseguem ver em mim um bom bocado de chicha, confesso que tenho vontade de ir mais longe e de lhes arrancar todos os órgãos possíveis e imaginários à facada para, posteriormente, os pendurar à janela com um grande letreiro: “A mim não me fodes tu meu cabrão!”;

- Quando entram na casa de banho primeiro do que eu, despejam a merda toda que transportam nos intestinos e inundam o ambiente do cheiro pestilento a bosta quentinha, acabadinha de sair, do qual se deviam envergonhar ao ponto de só saírem do cubículo da sanita quando o odor se resolvesse a desopilar, de modo a eu nunca me aperceber de nada;

- Quando se vestem, agem e pensam todas da mesma maneira, não se bastando em pertencerem ao grande rebanho humano do qual todos, involuntariamente, fazemos parte, e ambicionando também por pertencerem a outros rebanhos mais específicos, com castas e ritmos próprios; a falta de originalidade devia, no meu entender, ser punida! ;

- Quando acordo com os sinos do mau humor a tilintarem na minha cabeça com um eco que me ensurdece a paciência, esgotando a minha tolerância para suportar outros animais de duas patas como eu;

Se calhar não é normal esta súbita vontade de estrangular as pessoas de vez em quando. Se calhar devia tomar uns calmantes ou fumar umas ganzas para refrear estes meus instintos selvagens. Se calhar devia procurar um psiquiatra. Se calhar devia praticar boxe nos tempos livres. Se calhar devia começar a praticar uma qualquer religião que me ensine a lidar com esta revolta, profusamente entranhada em mim. Ou, se calhar, devia simplesmente deixar passar o tempo, semeando ventos e colhendo tempestades. Porque, a bem ou a mal, o tempo há-de sempre passar, arrastando com ele estas tendências assassinas.

O Pó da Alma

Brevemente todos os posts replicados n'O Alpiarcense

Os dias em que me apetece ser cão

7 Horas e 50 Minutos:
O despertador toca. Já não suporto ouvir aquela música. É a melodia ingrata que me arranca à bruta, ou melhor, praticamente à paulada, para fora dos lençóis todas as manhãs. O pior de tudo é quando aquele som prenuncia um dia igual a tantos outros; o que, é preciso dizer, acontece quase todos os dias.
Uma vez li num lado qualquer que o Homem é o único animal que se deita quando não tem sono e acorda quando ainda o tem. Não deixa de ser irónico pensar que, com toda a minha racionalidade e neurónios e afins, o meu cão, supostamente inferior na cadeia da evolução, pareça muito mais feliz do que eu durante o período matinal. É vê-lo a espreguiçar-se lentamente e a deslizar as suas patas peludas pelo chão até à cozinha, onde fica pacientemente à espera que a torrada, especialmente preparada para ele, saia da torradeira. Às vezes, quando a noite não lhe corre de feição (o que eu suponho que aconteça sempre que tem pesadelos com gatos e ossos perdidos em lutas com outros cães, também eles sôfregos por esqueletos), só aparece quando a torrada salta, com aquele alarido estridente próprio de quem está a arder. Então, o meu amigo de quatro patas, saboreia com vagar o seu manjar tostado, em contraste comigo que, invés de saborear, engulo à pressa o meu pequeno almoço, sempre com um olho fixo no relógio, porque o tempo é traiçoeiro e, quando queremos que ele não passe, é justamente quando os sacanas dos ponteiros resolvem começar a correr a maratona, quais atletas esfalfando-se para alcançar a meta.
8 Horas:
Enfio-me à pressa no duche praguejando, em coro com a água a cair, contra a minha vida, a transbordar de contrariedades. Sinto-me farta dos gestos sempre iguais. Perco-me nos meus pensamentos: talvez todos nós sejamos robots…
8 Horas e 15 minutos:
Já estou atrasada! Bolas! Se fosse mesmo um robot não estava atrasada! Ou, se calhar, até estava: posso ter sido mal programada, por um desses informáticos amadores a quem o vício das máquinas não aguçou o engenho. Visto-me a correr e retoco as olheiras, que vão crescendo em profundidade e escuridão è medida que a semana avança e o calendário progride implacavelmente, de espingarda em riste, na matança dos anos.
8 Horas e 25 minutos:
Encaminho-me para a porta da rua e, ao passar por Sua Excelência felpuda, que, por essa hora, rebola calmamente os seus costados pela carpete, fico com ganas de o arrastar comigo todos os dias. Para que se faça justiça e ele enfrente, diariamente como eu, estes dias saídos das entranhas da monotonia…

Carta de Competências Profissionais do Concelho de Alpiarça




Uma das maiores preocupações de quem gere uma empresa é conhecer de forma adequada as suas pessoas. Quem são, que competências têm, o que sabem fazer, e acima de tudo como sabem fazer.
É por isso que cada vez mais se fala em sistemas de gestão e avaliação de desempenho, que permitem às empresas conhecer melhor as suas pessoas, adequar programas de formação e planos de carreira às competências em falta ou demonstradas.

No âmbito da gestão de uma autarquia, ou melhor dizendo, de um Concelho, poderemos falar de uma análise das competências da população activa em geral.

Foi esse o projecto inovador, de levantamento regional de competências, realizado junto das empresas, dos trabalhadores e dos residentes do concelho de Oeiras. Os resultados deste tipo de projecto contribuem para a gestão do Capital Humano a nível do concelho e para eventuais alterações ao Plano Director Municipal, aquela bonita ferramenta de gestão, que pelas contas das autarquias quase duplicava a população portuguesa mais ou menos por esta altura.

O projecto já foi concluído e permitiu fazer o levantamento das competências profissionais do concelho de Oeiras, que se denominou «Carta de Competências Profissionais do Concelho de Oeiras». Foi realizado através de uma parceria entre a respectiva câmara municipal e a Associação Portuguesa dos Gestores e Técnicos dos Recursos Humanos (APG), com o objectivo geral de «definir o mapeamento da geografia profissional humana do Concelho como capital de conhecimento de excelência para a melhor fundamentação das medidas de desenvolvimento a implementar no futuro».

Foi criado e aplicado um modelo de diagnóstico das competências profissionais, integrado e contextualizado ao concelho, foram caracterizadas essas competências nos termos das variáveis curriculares e profissionais dos recursos humanos do concelho, foi criado e aplicado um modelo de diagnóstico de competências, de levantamento das necessidades de formação e de desenvolvimento quer individuais, quer organizacionais, e foram auscultados os agentes económicos, individuais e organizacionais, relativamente às condições de desenvolvimento que julgavam dinamizadoras da melhoria do ambiente sócio-profissional no concelho.

Todo este projecto assentou no pressuposto de a Câmara Municipal de Oeiras considerar que «apoiar e contribuir para a definição de estratégias de gestão correcta de recursos humanos pressupõe o conhecimento do potencial existente no município» Isto porque «uma câmara municipal, tradicionalmente conotada com a gestão de processos administrativos e a intervenção em domínios directamente ligados com infra-estruturas e património, é hoje confrontada com a necessidade de contribuir, em parceria com outras instituições concelhias, não apenas para inovar e reorganizar espaços mas principalmente para desenvolver e optimizar os padrões de vida dos que vivem e trabalham no concelho».

Assim, identificadas as competências dos trabalhadores do concelho e das empresas, as áreas de conhecimento necessárias a curto e médio prazo e os factores que influenciam a instalação de empresas no concelho, ficam os gestores do Concelho, com uma ferramenta muito interessante do ponto de vista do desenvolvimento sustentando e do crescimento do investimento empresarial.

Se sabemos com o que podemos contar, tal como numa empresa que aceita uma encomenda, ou um projecto porque sabe que pode cumprir as expectativas do Cliente, é possível gerir de forma mais adequada os investimentos e as apostas que se fazem.

Lanço aqui o desafio para que a Autarquia de Alpiarça possa também fazer parte desta inovação com os olhos colocados no futuro.
E provavelmente não seria nada descabido lançar o projecto em conjunto com Almeirim e Santarém, pela complementaridade dos concelhos e das suas pessoas. Acredito, pela experiência do dia a dia, que a mobilidade profissional entre estes três Concelhos poderia trazer-nos algumas surpresas.

É importante saber por exemplo, qual a percentagem de licenciados, e pós-licenciados. Quantas pessoas só têm o 12.º ano, qual a nossa taxa de analfabetismos, etc, etc.. Seria também importante saber, dentro das competências dos indivíduos, quem sabe trabalhar e com que nível de proficiência, com informática, ou seja qual o nível de literacia informática dos concelhos. Saber que línguas são utilizadas e conhecidas. Saber que movimentações se fazem diariamente. Conhecer o tipo de ligações que existem ao nível dos transportes rodoviários, e muitas outras perguntas.

Com o estudo das competências, poderíamos eleger as áreas em que se deveria investir, mitigando as diferenças entre as necessidades identificadas e as competências disponíveis.

A Carta de Competências é um instrumento de grande utilidade não só para as empresas, pela informação que disponibiliza sobre a realidade do território onde estão instaladas ou onde se pretendem instalar, mas também como base de estudo histórico da evolução do concelho.

Fica lançado o desafio, e já agora os contactos de quem pode ajudar a lançar o projecto: a Associação Portuguesa de Gestores de Recursos Humanos, com página oficial em www.apg.pt e com o número de telefone 21 352 27 17. Devem falar com o Vitor Carvalho, que é o Director-Geral.

PSDeclaração de Interesses: Sou sócio da APG há cerca de 14 anos, e actualmente faço parte da Direcção.

Comentários, sugestões, insultos ou donativos para alpiarcense@gmail.com

15 novembro 2007

Fora das notícias...

Hoje foi um daqueles dias em que venceu o trabalho.
Reuniões, + reuniões e trabalho + trabalho.
Nem os jornais gratuitos tive tempo de ler... só o económico, com números e com resultados das cotadas portuguesas.
Uma tristeza.
Agora que vou no comboio, com tempo para actualizar o blog, cá fica a nota de que não há nada de novo.
Venceu a voracidade da rotina contra a vontade de acompanhar a realidade.

Amanhã é outro dia.

PS - Aproveito as viagens de comboio para ouvir algumas crónicas de rádio em podcast. Aconselho na TSF ouvir e re-ouvir o "Tubo de Ensaio" do Bruno Nogueira sobre o Ferrero Rocher... espectacular

14 novembro 2007

A cobardia de insultar sem dar cara ou nome

EDITORIAL do Jornal diário DESTAK, disponível em www.destak.pt

14 | 11 | 2007

É espantosa a forma como algumas pessoas usam a internet, os blogues e até os comentários àquilo que lêem nos jornais, para criticar acintosamente este ou aquele, escondendo-se vergonhosamente atrás do anonimato. O senhor X ou a pessoa Y, acusada de alegadamente ter pecado por palavras, actos ou omissões, não tem outra hipótese senão o de ignorar os insultos que alguém que não dá a cara, muito menos o nome ou o número do bilhete de identidade, decide dirigir-lhe. Ou de encolher os ombros, se lhe forem depois repetidos como verdade universal. Não tem hipótese de responder, nem sequer de esclarecer, nem tão-pouco de fazer queixa às autoridades. Ou seja, não goza dos mesmos direitos que a lei concede a qualquer cidadão difamado. Mas esse desequilíbrio é a força do cobarde.

E o pior são as idiotices pegadas que escrevem. Porque ser obrigado a assumir as consequências daquilo que se diz publicamente leva a pensar duas vezes, a fundamentar acusações e a reunir provas. É assim que funciona a comunicação social livre, é a democracia. Porque quando as pessoas não são responsáveis pelo que afirmam, e ainda por cima têm a certeza de que só muito dificilmente alguém chegará até elas, fica apenas o insulto gratuito que não interessa a ninguém.

Estes atiradores possuem um perfil muito semelhante entre si, nomeadamente o de saberem que mentem, e terem consciência da imoralidade do que fazem. Possuem a mente delirante e paranóica de um louco, apaixonado por teorias conspiratórias e forças ocultas, mas não o são. Porque os genuinamente loucos não se escondem.

Este novo mundo virtual precisa urgentemente de legislação, que armas tecnologicamente mais sofisticadas vão permitir implementar. Por agora, a única coisa que resta a quem quer preservar o bom nome, é a consciência de que o que dá credibilidade a uma informação é o nome de quem a subscreve, e o meio que o veicula. Insultos declamados geralmente através dos nomes mais ridículos falam apenas do estado mental e da coluna vertebral de quem os escolhe. Um bom tema para os psiquiatras portugueses reunidos esta semana em congresso.

Isabel Stilwell | editorial@destak.pt

Comentário:

O tema já foi falado muitas vezes por aqui, pelo que é apenas mais uma reflexão sobre o assunto.

13 novembro 2007

Agora sim... sou PROFESSORA

Mail de uma professora para a Senhora Ministra da Educação (Recebido por mail):

Subject: Exma. Senhora Ministra da Educação

Um dia destes colocaram, no placar da Sala dos Professores, uma lista dos nossos nomes com a nova posição na Carreira Docente.
Fiquei a saber, Sr.ª Ministra, que para além de um novo escalão que inventou, sou, ao final de quinze anos de serviço, PROFESSORA.

Sim, a minha nova categoria, professora!

Que Querida! Obrigada!

E o que é que fui até agora?

Quando, no meu quinto ano de escolaridade, comecei a ter Educação Física, escolhi o meu futuro. Queria ser aquela professora, era aquilo que eu queria fazer o resto da minha vida. Ensinar a brincar, impor regras com jogos, fazer entender que quando vestimos o colete da mesma cor lutamos pelos mesmos objectivos, independentemente de sermos ou não amigos, ciganos, pretos, más companhias, bons ou maus alunos.

Compreender que ganhar ou perder é secundário desde que nos tenhamos esforçado por dar o nosso melhor. Aplicar tudo isto na vida quotidiana.

Foi a suar que eu aprendi, tinha a certeza de que era assim que eu queria ensinar! Era nova, tinha sonhos...

O meu irmão, seis anos mais novo, fez o Mestrado e na folha de Agradecimentos da sua Tese escreve o facto de ter sido eu a encaminhá-lo para o ensino da Educação Física. Na altura fiquei orgulhosa! Agora, peço-te desculpa Mano, como me arrependo de te ter metido nisto, estou envergonhada!

Há catorze anos, enquanto, segundo a Senhora D. Lurdes Rodrigues, ainda não era professora, participava em visitas de estudo, promovia acampamentos, fazia questão de ter equipas a treinar aos fins-de-semana, entre muitas outras coisas. Os alunos respeitavam-me, os meus colegas admiravam-me, os pais consultavam-me.

E eu era feliz. Saia de casa para trabalhar onde gostava, para fazer o que sempre sonhará, para ensinar como tinha aprendido!

Agora, Sr.ª Ministra, agora que sou PROFESSORA, que sou obrigada a cumprir 35 horas de trabalho, agora que não tenho tempo nem dinheiro para educar os meus filhos. Agora, porque a Senhora resolveu mudar as regras a meio (Coisa que não se faz, nem aos alunos Crianças!), estou a adaptar-me, não tenho outro remédio: Entrego os meus filhos a trabalhadores revoltados na esperança que façam com eles o que eu tento fazer com os deles. Agora que me intitula professora, eu não ensino a lançar ao cesto ou a rematar com precisão à baliza, não chego, sequer a vestir-lhes os coletes.

Passo aulas inteiras a tentar que formem fila ou uma roda, a ensinar que enquanto um "burro" mais velho fala os outros devem, pelo menos, nessa altura, estar calados. Passo o tempo útil de uma aula prática a mandar deitar as pastilhas elásticas fora (o que não deixa de ser prática) e a explicar-lhes que quando eu queria dizer deitar fora a pastilha não era para a cuspirem no chão do Pavilhão. E aqueles que se recusam a deita-la fora porque ainda não perdeu o sabor? (Coitados, afinal acabaram de gastar o dinheiro no bar que fica em frente à Escola para tirarem o cheiro do cigarro que o mesmo bar lhes vendeu e nunca ninguém lhes explicou o perigo que há ao mascar uma pastilha enquanto praticam exercício físico). E os que não tomam banho? E os que roubam ou agridem os colegas no balneário? Falta disciplinar?

Desculpe, não marco !

O aluno faz a asneira, e eu é que sou castigada? Tenho que escrever a participação ao Director de Turma, tenho que reunir depois das aulas (E quem fica com os meus filhos?). Já percebeu a burocracia a que nos obriga? Já viu o tempo que demora a dar o castigo ao aluno? No seu tempo não lhe fez bem o estalo na hora certa?

Desculpe mas não me parece!

Pois eu agradeço todos os que levei!

Mas isto é apenas um desabafo, gosto de falar, discutir, argumentar com quem está no terreno e percebe, minimamente do que se fala, o que não é, com toda a certeza, o seu caso. Bastava-lhe uma hora com o meu 5ºC. Uma hora! E eu não precisava de ter escrito tanto! E a minha Ministra (Não votei mas deram-ma. Como a médica de família ,que detesto, mas que, também, me saiu na rifa e à qual devo estar agradecida porque há quem nem médico de família tenha -outro assunto) entendia porque não conseguirei trabalhar até aos 65 anos, porque é injusto o que ganho e o que congelou, porque pode sair a sexta e até a sétima versão do ECD que eu nunca fui nem serei tão boa professora como era antes de mo chamar!

Lamento profundamente a verdade!

Viana do Castelo

Ana Luísa Esperança
PQND da Escola EB 2,3 Dr. Pedro Barbosa

José Cid outra vez em Alpiarça... por solidariedade ao Tecto da Igreja

INFORMAÇÃO RECEBIDA POR MAIL

"Dia 17 de Novembro no próximo Sábado, José Cid e a sua Banda, na Quinta da Torre, pelas 22.30 m
Entrada 15€, para ajuda do restauro da igreja Paroquial de Alpiarça.

Não falte, temos musica para dançar pela noite dentro.

Quinta da Torre
Alpiarça"

Site oficial em www.josecid.com

O retrato do desempregado que tem um curso superior

TER UMA LICENCIATURA SIGNIFICA maior facilidade em encontrar emprego. Ainda assim, 9,2% do total de inscritos nos centros de emprego estudaram na universidade.

Artigo de Susana Represas, publicado na edição de 9 de Novembro do Diário Económico

Num relatório inédito, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior revela quais são os cursos com maior número de desempregados com habilitação superior. Em primeiro lugar está a licenciatura em Formação de professores do ensino básico, com 2.737 desempregados, em Junho de 2007. O curso de Gestão e Administração surge em segundo lugar, com cerca de 2.500 habilitados nesta área que estão, neste momento, à procura de emprego.

Mas se tivermos em conta as áreas de estudo que reúnem todos os cursos com um programa semelhante, a Formação de Professores/formadores e Ciências da Educação regista a maior percentagem de licenciados desempregados, com 19% no total.

Seguem-se as ciências sociais e do comportamento, as ciências empresariais e engenharia, com 8%.

Os resultados, a que o Diário Económico teve acesso, foram publicados em Setembro de 2007, e decorrem do cruzamento de dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional, tutelado pelo Ministério do Trabalho, e do Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais, tutelado pelo Ministério do Ensino Superior.

Ainda assim, o relatório salienta que os licenciados continuam a ter maior facilidade em encontrar emprego quando comparados com desempregados com menos qualificações. No total, os desempregados que detém habilitação superior, representam apenas 9% do universo de desempregados, ou seja, 34.500 pessoas.

Para Seabra Santos, presidente do Conselho de Reitores, "é evidente que há uma franca vantagem em ter o grau de licenciado", mas o reitor da Universidade de Coimbra apela aos ministérios do Ensino Superior e da Economia a "que ajudem a mostrar às empresas as vantagens em empregar licenciados". Pedro Lourtie, ex-secretário de Estado do Ensino Superior, concorda que haja "maior facilidade em encontrar emprego, tendo um curso", mas deixa um alerta: "Cada vez mais o diploma é insuficiente e as competências são muito importantes" na inserção no mercado de trabalho.

Quanto à intervenção que o Estado pode ter nesta matéria, Lourtie diz não ser "favorável à restrição ao acesso a certas áreas de estudo", mas sublinha que "é fundamental dar informação às pessoas, mostrando as áreas em que há mais dificuldade em arranjar emprego". Por outro lado, lembra que o Governo pode, por exemplo, "evitar a publicidade enganosa que certas universidades fazem, nomeadamente algumas privadas". Já Fernando Seabra Santos diz que "o Governo deve ter medidas de forte regulação, para evitar a fraca qualidade de certos cursos".

O estudo aparece tarde, pelo menos para os alunos que entraram este ano no ensino superior, mas os autores deixam a garantia de que esta publicação será conhecida em Junho e Dezembro de cada ano e, em documentos próximos, deverão ser incluídos dados sobre as instituições de ensino superior de cada licenciado desempregado.

Empregos só aumentam para domésticas e serviços

O problema do desemprego tem vindo a ganhar contornos de maior gravidade, não só ao nível dos licenciados. Aliás, a intenção governamental de criar 150 mil novos empregos até ao final da legislatura é um objectivo que se antevê cada vez mais difícil de atingir.

Especialmente depois de Portugal conseguir, no segundo trimestre de 2007, ultrapassar Espanha no nível de desemprego. Os dados do INE mostram que Portugal é cada vez mais uma economia de pequenos serviços, pequeno comércio, negócios financeiros e tantos outros que giram em torno do fenómeno imobiliário, mas tem vindo a perder a base industrial, devido a uma nova lógica de concorrência global, mas também à carência de trabalhadores com médias e altas qualificações e iniciativas empresariais inovadoras. Apesar do baixo crescimento do produto e de o emprego estar estagnado desde 2002, há áreas que estão a criar postos de trabalho.

Segundo o INE, as áreas que mais empregos criaram no segundo semestre foram as actividades com empregados domésticos e de produção para uso próprio, os chamados outros serviços, com um crescimento de 11% face ao período homólogo. Logo a seguir, vêm as actividades imobiliárias e os serviços prestados às empresas - tão diversos quanto o aluguer de veículos, actividades informáticas, jurídicas, de contabilidade, de consultoria de gestão, segurança, limpeza industrial, embalagem, secretariado, organização de feiras, etc. -, que cresceram 10%.

MULHERES SÃO AS MAIS AFECTADAS PELO DESEMPREGO QUALIFICADO

O doutorado desempregado

Em Junho de 2007 existiam 64 doutores inscritos no Instituto de Emprego e Formação Profissional.

No total de desempregados com habilitação superior, os doutorados representam uma fatia marginal: apenas 0.2%. A grande maioria de desempregados com habilitação superior é licenciado, o que representa mais de 80% dos diplomados que estão inscritos nos centros de emprego. No que diz respeito aos grupos etários de licenciados à procura de emprego, a maioria está entre os 25 e os 34 anos. Já no caso das pessoas que têm o grau de doutor, a maior percentagem de desempregados está entre os 35 e os 44 anos.

Mulheres mais prejudicadas

A maioria dos desempregados inscritos nos centros de emprego com habilitação superior são mulheres. São cerca de 70%, contra 30% de homens. Esta tendência também se verifica no número de licenciados, onde as mulheres estão cada vez mais representadas, o que acompanha, de resto, a tendência demográfica. Por outro lado, diz o estudo, "a diminuição no total de desempregados com habilitação superior de 2006 para Junho de 2007 é particularmente manifesta no caso do género masculino, acentuando-se a supremacia estatística das desempregadas com habilitação de licenciada e grau de doutor".

Licenciatura não garante emprego

O facto de se ter uma licenciatura é, cada vez menos, um sinónimo de garantia de emprego. A prová-lo estão os dados do relatório sobre as taxas de empregabilidade dos cursos superiores, que dizem que "a situação de procura de primeiro emprego é bastante mais significativa nos desempregados com habilitação superior do que no total de desempregados".

Ainda assim, sublinha o relatório do Ministério da Ciência e do Ensino Superior, "a população com habilitação superior é menos atingida que a população em geral pelo desemprego de longa duração".

Norte lidera desemprego

Os desempregados com habilitação superior acompanham a distribuição geográfica do país e por isso concentram-se principalmente na capital, Lisboa, e na zona Norte de Portugal. De acordo com o estudo sobre a taxa de empregabilidade dos cursos superiores, como "a região de Lisboa é a que também concentra a maior parcela da população com habilitação superior", é apenas normal que "a intensidade da procura de emprego deste segmento populacional mais qualificado" seja, nesta área, "inferior à observada em todas as outras regiões" do país.

Comentário:

Tem razão o nosso Primeiro Ministro quando diz que "O" Emprego é o principal condicionante para o nosso desenvolvimento. É uma questão estrutural, e enquanto não olharmos para este assunto muito a sério é a mesma coisa que ir aplicando uns pensos ou dando umas aspirinas, que nem curam feridas e muito menos resolvem a doença.

Não sei se há soluções fáceis, e muito menos se há alguma solução, mas creio que deve ser coisa para ser feita para além do tempo de uma legislatura, pois mexer na estrutura de emprego de um País, mudar a estrutura de formação e o enquadramento empresarial das competências desenvolvidas na Academia, é matéria de longo prazo.

O que me choca sobremaneira é também o número de doutorados que estão inscritos nos Centros de Emprego. Já em relação aos licenciados, e à precariedade dos primeiros empregos, é interessante olhar para os anéis de curso que grande parte das operadoras de caixa das grandes superfícies comerciais ostenta.


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11 novembro 2007

Ouvi dizer...



... ouvi dizer que a Reserva do Cavalo do Sorraia está um bocadinho votada ao abandono. Quem me disse veio de longe porque viu na net informação muito atractiva para ir ver um local que de atractivo já não tem nada.

Mas não levem muito a sério esta opinião, porque na verdade eu não fui lá confirmar, e pode ser mentira... uma pessoa hoje em dia já não sabe em quem deve acreditar.

Até me disseram que está para abrir lá um «bruto» restaurante, todo equipado à maneira e coiso e tal... mas se calhar é mais uma mentira.

Um destes dias a ver se lá vou dar uma voltinha para ver os animais, em especial as avestruzes...


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PS - Ah, já me esquecia que o abandono está também na informação disponível na net, pois ao tentar aceder à informação sobre a Reserva do Cavalo do Sorraiam no site da Câmara Municipal de Alpiarça fui parar a uma página que não tem muito a ver com o assunto.

08 novembro 2007

Gostava de ir mas não posso.

Ir ver o Paco de Lucia ao Campo Pequeno no próximo dia 29 de Novembro.
Para quem gosta e para quem ainda não sabe que gosta.

UM MODELO A SEGUIR

A autarquia de òbidos, que com a A15 não fica a muita distância de Alpiarça, decidiu avançar com um programa de redução das emissões poluentes e que é composto por algumas iniciativas para melhorar o meio ambiente.

O presidente diz que não é com estas medidas que se vai salvar o Mundo... mas dar um passo destes já é um grande exemplo, que outros devem seguir.

Esta coisa de que não vale a pena fazermos nada para mudar porque não temos influência visível, e muito menos nos vai afectar a nós, é discurso que já não pega.

No site da autarquia em www.cm-obidos.pt pode ser obtida mais informação sobre as iniciativas. Ah, e os jornais de hoje também trazem a notícia.

HF

PS - Dizem agora num estudo que somos uns 'badalhocos' que não lavamos as mãos antes de comer, nem depois de ir à casa de banho. Não somos os piores, é bem certo, pois nesse capítulo os alemães e os ingleses ainda são piores, mas podíamos fazer alguma coisa para mudar este rótulo... que tal começar a ter mais cuidado e lavar as mãozinhas... que tal as casas de banho públicas terem melhores condições de higiene... é que por vezes são tão más, que até julgo que será melhor não lavar mesmo as mãos, antes que se apanhe alguma infecção.

05 novembro 2007

Porra p'ra isto...


Deixo as notícias, e não faço comentários (tirando o do título deste post)




Vítima de seis anos sofreu três traumatismos graves
Morreu a criança que foi atropelada hoje em Tires 05.11.2007 - 17h56 PUBLICO.PT


A criança de seis anos que ficou ferida com gravidade após ter sido atropelada numa passadeira junto ao estabelecimento prisional de Tires, Cascais, acabou por morrer esta tarde no Hospital de São Francisco Xavier.

A criança deu entrada no hospital em estado considerado muito crítico, com três traumatismos graves - cranio-encefálico, torácico e abdominal - e uma paragem cardio-respiratória. Pelas 14h30, a vítima começou a ser submetida a uma intervenção cirúrgica.

"Passou várias horas no bloco operatório, mas o problema não decorreu da cirurgia. O menino entrou já num estado muito crítico e acabou por falecer há cerca de duas ou três horas", explicou fonte hospitalar, por volta das 18h00, escusando-se a divulgar a causa concreta da morte.

A criança foi atropelada esta manhã com o irmão de quatro anos e a avó de 62 anos, numa passagem de peões. A mulher, de 62 anos, sofreu um traumatismo cranio-encefálico ligeiro e o neto mais novo sofreu um traumatismo abdominal, estando ambos fora de perigo e ainda em observações no São Francisco Xavier.

Segundo o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), a primeira chamada de socorro após o acidente foi recebida às 09h19, tendo acorrido ao local do acidente, junto ao estabelecimento prisional de Tires, duas ambulâncias e uma viatura médica do Hospital de São Francisco Xavier.

Segundo fonte policial, a criança foi projectada por uma primeira viatura para o outro lado da rua e voltou a ser atropelada por um carro que seguia no sentido contrário. A mesma fonte explicou que os testes de alcoolemia feitos no local aos dois condutores, ambos homens, não acusaram qualquer excesso, enquanto os resultados da despistagem de substâncias psicotrópicas, realizada já no Hospital Distrital de Cascais, serão ainda analisados pelo Instituto de Medicina Legal.

Uma vez que os resultados testes de alcoolemia não motivaram qualquer detenção imediata, as autoridades estão a elaborar um processo-crime a ser enviado para o Ministério Público, seguindo-se uma fase de inquérito por esta entidade.

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Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados responsabiliza câmara e ao Metro
Lisboa: vítimas de atropelamento no Terreiro do Paço homenageadas
05.11.2007 - 18h33 Lusa, PUBLICO.PT


Cerca de 50 pessoas participaram esta tarde numa homenagem às vítimas do triplo atropelamento ocorrido sexta-feira passada frente à estação fluvial do Terreiro do Paço, em Lisboa.

A iniciativa, promovida pela Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M), pretendeu "denunciar mais uma situação de injustiça lamentável", explicou o escritor Rui Zink, da direcção da associação.

Duas mulheres, mãe e filha, tiveram morte imediata ao serem atropeladas, ao início da manhã de sexta-feira, na passadeira em frente ao Ministério das Finanças, por um carro que se terá despistado e só se imobolizaria 150 metros à frente. Uma terceira mulher, que também acabava de sair da estação fluvial, ficou ferida com gravidade. A condutora, que foi submetida a testes de alcoolemia e despistagem de drogas, vai permanecer em liberdade até à investigação do caso.

Durante a homenagem os participantes colocaram lençóis brancos sobre a passadeira onde as três mulheres foram atropeladas, num gesto que "pretendeu alertar os lisboetas para os perigos” que enfrentam diariamente nas vias da cidade, explicou Manuel João Ramos, dirigente da associação.

A "Câmara Municipal de Lisboa, o Metropolitano de Lisboa e o empreiteiro da obra do Metro [no Terreiro do Paço] devem reconhecer a sua quota-parte de responsabilidade neste triplo atropelamento", defendeu Rui Zink.

O escritor considera "inadmissível que estas entidades nunca tenham procurado acautelar a segurança das muitas centenas de pessoas que diariamente usam aquela passagem de peões", que liga a estação fluvial ao Terreiro do Paço.

A ACA-M alertou para o curto tempo de abertura de semáforos, destinado à passagem de peões, para uma passadeira que termina a meio da estrada e para outra que tem um bloquedor de cimento na extremidade.

No local, a associação critica ainda o facto de a curva ter uma inclinação contrária ao aconselhado, a total ausência de baias para protecção dos peões e para o pavimento deformado da via.





Helder Figueiredo

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03 novembro 2007

Aqui e Ali... coisas que vão acontecendo...

O Infarmed disponibiliza informação gratuita sobre medicamentos.

http://www.infarmed.pt/infomed/login.php

Podemos registar-nos ou então entrar sem fazer qualquer registo.
Depois é só inserir o nome do medicamento ou da substância activa... et voilá, sai informação detalhada sobre o medicamento.
Muito útil para retirar pequenas dúvidas sobre as quais não consultamos nem médico nem farmacêutico. Mas atenção porque não substitui nem um nem outro.

Histórias para ouvir na BM Alpiarça

Fui com os meus filhos ouvir a história do Grufalão à Biblioteca Municipal de Alpiarça.




Foi meia hora muito bem passada e divertida graças ao trabalho da Goreti, e de todos quantos contribuíram para criar um ambiente mágico para ouvir uma pequena história.
Pena é que não apareça ainda um número suficiente de pessoas que leve a organização a passar para o auditório Mário Feliciano.
Outro sinal de que estas coisas fazem sentido, e por isso mesmo têm vindo a ser desenvolvidas em várias localidades, foi o elevado número de forasteiros com segunda casa em Alpiarça que estava na plateia.
Infelizmente para muita gente basta as coisas serem feitas cá em Alpiarça para serem deitadas abaixo.
Ficam aqui os meus sinceros parabéns a todas as pessoas sem as quais não teria sido possível dar aquele bocadinho de magia às crianças e aos adultos que lá foram.

Apostem mais na divulgação por favor.

Faço a minha parte, há histórias para contar na BM Alpiarça todos os últimos sábados de cada mês, por volta das 16:30 horas.

Vale a pena ir até lá

Helder Figueiredo

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22 outubro 2007

Petição contra a discriminação dos pais casados e viúvos em sede de IRS




Vários amigos me confessaram que já pensaram de forma séria divorciarem-se para terem mais benefícios fiscais.
Eu ainda não fiz bem as contas, mas só contabilizando as diferenças de taxas de retenção na fonte do IRS, creio que já devia ter pensado 2 vezes no assunto.

Afinal de contas, o sistema fiscal beneficia quem não é casado... e ainda há quem ache estranho a redução no número de casamentos e o aumento do número de divórcios.

O Fórum da Família está a levar a efeito uma petição para que os nossos Deputados possam fazer algo agora que a discussão do Orçamento de Estado está a ser discutida na especialidade.

Já enviei um mail à nossa Deputada Sónia Sanfona, amiga de infância, com os argumentos a favor da não discriminação.

Apelo a todos quantos lerem este texto para irem até http://www.forumdafamilia.com/peticao/ e assinarem a petição. Já assinaram mais de 23 mil pessoas, e cada assinatura é um motivo de força para que a democracia funcione.

Vamos ajudar esta causa, que nos toca no bolso...


Helder Figueiredo


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Post Scriptum: Agradeço os comentários que foram feitos ao texto que publiquei no "Voz de Alpiarça" e que foi gentilmente 'postado' no Rotundas. Infelizmente mais de metade dos comentários nem sequer se referiu ao tema do artigo, antes remetendo para ataques pessoais e outras mensagens mais ou menos indecifráveis.
Pelo menos serviram-me para compreender que é fundamental deixar em aberto a possibilidade de existirem comentários anónimos, para que não fique a falar para as paredes :-)

Próximos temas:

NOVEMBRO: A Carta de Competências de Alpiarça, e a sua importância para a gestão estratégica do futuro do Concelho;

DEZEMBRO: A instalação de 2 Contact Center de duas grandes empresas em Alpiarça, com a criação de mais de 100 postos de trabalho qualificados e outras vantagens para a economia local.

16 outubro 2007

Alpiarça na blogosfera

No final do verão de 2005, li num Jornal um artigo sobre o fenómeno dos blogs e a sua cada vez maior importância como meio de comunicação. Nesse artigo afirmava-se que era muito fácil criar um blog e fazer a sua manutenção, e eram também apresentadas várias ferramentas disponíveis na internet. Com o computador ligado, e num impulso de teste ao que tinha acabado de ler, lembrei-me de criar um blog. Sendo Alpiarcense, a opção pelo nome foi natural, e o tema também. Falar de Alpiarça passou a ser uma forma gira de experimentar as novas tecnologias.
No entanto, o que inicialmente era uma brincadeira, começou a ter eco pelos assuntos que abordou e pelo facto de ser anónimo, e de repente transformou-se num vício difícil de explicar.
Quando escrevemos sem saber quem nos vai ler (tirando algumas pessoas que me abordavam na rua ou por mail, e falando do blog), e conseguimos obter algumas reacções, sentimos uma vontade enorme de continuar a escrever.
Foi muito divertido, mas mais divertido ainda se tornou quando a seguir ao Alpiarcense surgiu o Rotundas & Encruzilhadas (Sem dúvida o melhor blog sobre Alpiarça e a sua vida do dia a dia, em todos os quadrantes, e o que tem galvanizado mais os participantes, seja pelos temas que aborda seja pelos muitos e diversos comentários que tem vindo a causar). Veja-se o exemplo da situação de atentado ambiental que ocorreu na Vala Real de Alpiarça, e que rapidamente chegou à televisão.
De repente, em Alpiarça começaram a surgir outro fóruns de discussão na blogosfera sobre os mais diversos assuntos (o blog Rotundas tem disponíveis quase todos os links para os outros fóruns, apesar de a maior parte deles não ser actualizado com muita frequência).
Se nada acontece de relevante em Alpiarça e que mereça destaque na comunicação social regional ou nacional, pelo menos nos blogs vão-se sabendo as novidades dos bastidores da vida e da política locais.
Este fenómeno é também interessante na sua faceta de amplificador das notícias sobre a nossa terra que vão surgindo noutros meios. Ao serem divulgadas também pelos blogs sobre Alpiarça, e ao merecerem os diversos comentários de quem visita regularmente estas páginas, têm suscitado e reforçado a discussão acerca dos mais variados temas.

Anónimo ou não?

Uma das discussões que mais impacto tem nesta nova realidade comunicacional prende-se com o anonimato atrás do qual se escondem muitos dos que escrevem. É uma discussão inexoravelmente inacabada, e para a qual apenas me cumpre participar dizendo que sou contra o anonimato, apesar de respeitar quem atrás do mesmo se escuda para divulgar determinado tipo de informações.

Os últimos episódios de afastamentos tempestivos e perseguições políticas mais mediáticos acabam por dar razão a quem prefere manter-se discretamente anónimo para evitar eventuais represálias. Quando damos "a cara" podemos estar a credibilizar a mensagem que se transmite, mas ficamos, é certo, mais vulneráveis a que aconteçam determinados ataques pessoais que em muitos casos prejudicam seriamente a vida das pessoas.

O anonimato só peca por ser facilmente descredibilizado e remeter a discussão muitas vezes para níveis de verdadeira baixa política com acusações indirectas e ataques pessoais que doutra forma não seriam feitos. Perde-se na qualidade e elevação da discussão, mas ganha-se efectivamente na polémica e na 'curiosidade' que certo tipo de comentários geram.

As consequências deste fenómeno em Alpiarça, do ponto de vista político, irão reflectir-se durante a próxima campanha para as autárquicas e na capacidade de influenciar as decisões dos eleitores através deste canal.

Bem sei que nem todos têm acesso à internet, mas pelo que me foi dado saber, no início d’O Alpiarcense andaram a circular fotocópias dos posts, o que indica que provavelmente não é necessário aceder á net para aceder ao conteúdo do que se anda a discutir na blogosfera.

E hoje em Alpiarça são muitos os que no dia a dia discutem os temas que andam pelos blogs.

Não tenho jeito para adivinho, mas acredito que pouco faltará para surgirem em Alpiarça os blogs dos diversos movimentos políticos ou de cidadãos com interesse em candidatarem-se às próximas autárquicas, no sentido de capitalizarem este canal de comunicação que se afigura próximo das pessoas, e que pode verdadeiramente fazer a diferença na relação dos candidatos com os eleitores. Não só pela proximidade como também pela rapidez da interacção e da visibilidade das idéias.

O que eu gostava mesmo é que a discussão á volta do que será o futuro de Alpiarça, e do que poderemos todos vir a fazer por ele, deixasse de andar no nível da baixa política e dos ataques pessoais, e se passassem a discutir de forma construtiva, cenários de desenvolvimento e novos projectos que aglutinassem as pessoas à sua volta em prol do crescimento económico e cultural de Alpiarça.

Aceitei o desafio de escrever regularmente para o jornal Voz de Alpiarça, e é essa a minha intenção: trazer aqui ao longo das próximas edições algumas ideias para que possamos discutir o futuro da nossa terra.

Helder Figueiredo


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15 outubro 2007

Onde é que isto está a chegar?




Ao ler o jornal Expresso deste sábado, 13 de Outubro, deparei com um anúncio na secção dos empregos de um senhor, engenheiro, que desistiu de estar reformado/aposentado e oferece-se para trabalhar... somente para trabalhar.

Isto é um sinal de que algo vai errado na nossa sociedade, que não permite às pessoas sentirem-se úteis depois de uma vida dedicada ao trabalho.

Esta atitude de desespero, explícita, demonstra que não existem mecanismos para que as pessoas possam imaginar e dedicar-se a outras actividades após o exercício de uma determinada profissão.

A diferença para os estrangeiros que ocupam grande parte do Sul do nosso País, é que são pessoas cuja cultura os levou a encarar a aposentadoria como uma oportunidade e não como uma fatalidade.

São pessoas que ao longo da sua vida profissional desenvolvem outros interesses, vidas muitas vezes quase paralelas, mas que se tornam, durante o ocaso profissional, num novo renascer para a alegria de viver.

Em Portugal é o contrário... as pessoas não desenvolvem outro tipo de interesses, e de repente, quando param profissionalmente, parece que morrem para a vida, aquela vida que deveria ser um reinício.

Ah! Mas a culpa é do Governo... bem, neste caso acho que é mais de cada um de nós que parece esquecer-se de viver, e pensar que há vida para além do trabalho.


Fica lançado o tema e as preocupações acerca do mesmo.

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