03 dezembro 2007

Praias: Amado, Carrapateira, Vale Figueira, Murração e Arrifana




Este fim-de-semana resolvi seguir aquela máxima que costumava aparecer por aí pelos cartazes de turismo: “Vá para fora cá dentro”. O destino escolhido foi Sagres, o local onde o Infante D. Henrique instalou, no século XV, a mítica Escola Náutica, forte impulsionadora dos Descobrimentos. Fiquei alojada no Hotel Baleeira, um espaço moderno e recente, localizado em frente à marina de Sagres.


Na sexta-feira jantei em Vila do Bispo. Para quem acaba de sair do reboliço de Lisboa, Vila do Bispo parece um fim do mundo saído directamente das páginas dos guias de locais remotos. Comi uma safia grelhada, peixe parecido com o sargo, que me recordou, mais uma vez, quão boa é a comida portuguesa.


O sol, felizmente, insistiu em brilhar, apesar do adiantado do mês de Outubro. O Outono já não é o que era! Cada vez mais, o Outono começa a parecer-se com aquela época dourada do final do Verão, em que, apesar do sol ainda ter muita garra, os dias ficam mais curtos e a noite estreia-se a presentear-nos com aragens frescas que prenunciam a chegada de uma nova estação.
No sábado aproveitei a onda de calor e fui até à praia do Amado, uma praia com um areal extenso e com ondas populares entre os surfistas. De seguida, visitei a Carrapateira, enorme e desértica, onde desagua uma ribeira que, com a maré-cheia, é preciso atravessar para alcançar o areal. A característica mais marcante destas praias é que parecem prolongar-se indefinidamente para o lado oposto ao mar; são, literalmente, praias que nunca mais acabam! Por último, fui a Vale Figueira, onde se chega através de uma estrada de terra batida; com a maré-cheia, a dimensão desta praia diminui substancialmente, tornando-a demasiado pequena.


Por volta das sete da tarde vi o pôr-do-sol no cabo de S. Vicente, na companhia de inúmeros turistas que aplaudiram entusiasticamente o momento em que o astro-rei se escondeu completamente no mar. É um espectáculo que vale a pena! O sol quase não parece o sol, parece antes uma enorme bola cor-de-laranja atirada ao mar por um acaso do tempo. Assistir a este momento faz-nos sentir mais próximos da natureza e faz-nos pensar que, se calhar, seríamos mais felizes se reparássemos mais vezes em fenómenos tão simples como este; em Lisboa, nunca sei atrás de que prédio é que o sol anda escondido…


Jantei em Lagos. Fiquei verdadeiramente espantada com o facto de Lagos estar a abarrotar de movimento. Mais tarde vim a saber que era o dia da cidade, comemorado à maneira, com fogo de artifício e concertos! Muitos turistas passeavam o seu bronze de t-shirt, alheios ao frio que se fazia sentir; muito provavelmente aquela temperatura em final de Outubro, para eles, significa calor.


No domingo o destino eleito foi a praia da Murração. Os guias recomendam que se vá de jipe ou de bicicleta e, de facto, é melhor cumprir o aviso: o acesso, em terra batida, está em mau estado e o declive do percurso é, em algumas zonas, acentuado. Para se chegar, é necessário virar à esquerda, no sentido Sagres-Aljezur, ao pé dos moinhos de vento; não existe qualquer indicação no local. A praia é um pequeno paraíso escondido no meio das falésias escarpadas. Ocupada apenas por meia dúzia de pessoas, entre as quais praticantes de nudismo, os únicos sons que se ouviam eram o ruído das ondas e o chilrear da passarada. A norte, com a maré baixa, é possível aceder a algumas grutas e a pequenas praias encalhadas no meio das rochas.


Após um dia passado neste recanto paradisíaco de Portugal, segui para a Arrifana. O termo que me vem à cabeça para definir a Arrifana é: “cool”! O bar situado sobre a praia, decorado de uma forma exótica, faz-nos esquecer que estamos na Europa e permite-nos observar o areal e o mar, onde é possível observar um autêntico engarrafamento de surfistas. Todo o ambiente é de descontracção; eu mal queria acreditar que, daí a poucas horas, ia estar de regresso ao trabalho num edifício de dezassete andares, repleto de gente de fato e gravata, onde o mais parecido com o som do mar é o ronronar quente e metálico do computador portátil…

1 comentário:

Laila disse...

"o ambiente é de descontracção; eu mal queria acreditar que, daí a poucas horas, ia estar de regresso ao trabalho num edifício de dezassete andares, repleto de gente de fato e gravata, onde o mais parecido com o som do mar é o ronronar quente e metálico do computador portátil…"

Muito profundo, parabéns :)
Vivi no Algarve durante 17 anos, agora estou na Austrália e realizo que deixei para trás um verdadeiro paraíso.

Continua a escrever, gostei bastante!