02 setembro 2009

18 maio 2009

Será o Islamismo o caminho para a paz no mundo?

Recebi agora um vídeo sobre o crescimento da população muçulmana a nível mundial. Segundo o mesmo, e diversos especialistas, dentro de poucos anos (aproximadamente 25) a Europa passará a ser um estado muçulmano, assim como países como o Canadá e os EUA.

Podem ver o vídeo aqui:



Ao início fiquei apreensivo mas depois "iluminei-me" perante estas excelentes notícias!

Poderá ser uma excelente oportunidade de paz no mundo, pois deixa de existir desigualdade a nível religioso e passa-se a ter uma plataforma comum de comunicação e entendimento, ingredientes necessários a um "salto de consciência".

Ao fim e ao cabo, praticamente todas as religiões defendem o mesmo e, quer queiramos, quer não, a Muçulmana é uma das mais pacíficas e inteligentes que existe, apesar de toda a "má publicidade" que tem sofrido devido a alguns grupos radicais islâmicos que correspondem a aproximadamente apenas 0,001% (1 em cada 100.000 pessoas) dessa gigantesca população.

Acredito que se a maioria das pessoas pertencer a uma religião deixará de existir a necessidade "clubística" de mostrar que "a minha é melhor que a tua" e que, finalmente, nos possamos dedicar a coisas bem mais proveitosas para o bem da humanidade.

Os muçulmanos já no passado foram peritos em contribuir para o bem da humanidade, pois enquanto andávamos a queimar pessoas nas fogueiras eles iam dando excelentes avanços a nível da Matemática (ex. número 0), da Medicina (ex. cura da peste negra), da agricultura (ex. frutos secos, laranjeiras, amendoeiras, oliveiras, etc...), da Astronomia, etc...

É uma forma, creio que positiva, de ver um vídeo que, supostamente, parece querer transmitir uma mensagem negativa...

Se essa for a realidade, que a recebamos de braços abertos e a potenciemos no sentido positivo.

Para os que ainda estão cépticos, o problema reside na seguinte confusão Linguística:
"quase todos os terroristas são muçulmanos" (VERDADEIRO) vs "quase todos os muçulmanos são terroristas" (FALSO - apenas 0,001%)

Gostava de ouvir a vossa opinião...

06 maio 2009

Messenger: O Congelador de Pessoas

(com refrigerador com tendências psicopatas incorporado)
Estou no trabalho, rodeada de colegas maldispostos e submersa na claridade desconfortável das lâmpadas fluorescentes. Como não podia deixar de ser, tenho o portátil ligado à minha frente.

Faço parte da geração de pessoas habituada a que um emprego seja um trabalho em equipa com o computador. Trata-se de uma boa parceria desde que não falte a luz ou que o disco rígido não tenha uma das suas crises temperamentais, o que invariavelmente acontece sempre que o sobrecarregamos de tarefas. Não está provado, mas acho que os aparelhos informáticos também sofrem de stress.

No canto inferior direito do monitor, um boneco verde respira em coro comigo o ar doentio do escritório. Carregar nele é como ir ao café, mas sem as partes boas.

Com um simples clic, o boneco verde desdobra-se noutros incontáveis bonecos verdes. O meu ecrã povoa-se instantaneamente de nomes. Familiares, amigos e conhecidos. Pessoas que vejo todos os dias e pessoas que nunca vejo. Pessoas que gosto e outras que me são indiferentes. Pessoas que estão neste momento encarceradas num prédio a produzirem o ordenado do final do mês ou pessoas com os pés enfiados no conforto das pantufas.

Ao longo dos anos fui acumulando as versões informáticas de quase todos os que passaram pela minha vida. Em muitos casos, o tempo passou e tudo o que restou foi o boneco verde.

Já não sei nada das pessoas, às vezes já nem sei bem quem elas são, mas, por uma ironia das tecnologias modernas, elas continuam a fazer parte da minha vida. O MSN é como uma arca frigorífica ilimitada. Conserva as pessoas muito depois delas já terem partido.

Mais do que um programa informático de comunicação, esta funcionalidade é um autêntico agente do destino. Contratado para interferir no curso normal da vida, ele transcreve para o nosso universo cheiros, sabores, imagens, sons, e, nalguns casos, até toques. Todos irreais. Ou melhor, todos intangivelmente reais.

Passamos a mover-nos num universo estranho. No mundo dos corpos fantasmas, onde o máximo que damos e recebemos das pessoas é a ambiguidade das palavras fáceis.

Tornamo-nos no Sonic, no Super-Mário, na Tartaruga Ninja dos jogos virtuais. E o perigo de tudo isto é virmos a confundir tudo. A realidade com a ficção. O passado com o presente. Quem nós verdadeiramente somos e quem são realmente os outros...

22 abril 2009

Vanda... Estás à Espera do Quê?

Transcrevo aqui um comentário feito ao último post, e escrito por um dirigente do MMS.

"Existe agora o MMS - Movimento Mérito e Sociedade, que é um novo movimento político nacional que pretende mudar Portugal. Ver melhor em www.mudarportugal.pt

Este movimento está a apoiar candidaturas às autarquicas de pessoas sem ligações políticas, colocando apenas duas condições:

1º Idoneidade do candidato
2º Projecto para a autarquia

Julgo que com estas condições será certamente mais fácil apoiar um candidato com o perfil desejado: Empreendedor com mérito, sem cargos e nem 'tachos'.

O MMS - Movimento Mérito e Sociedade é um novo partido político que com a ajuda de muitos portugueses irá certamente mudar o quadro político nacional."

Estas eleições autárquicas estão a aquecer por aqui em Alpiarça, e é irresistível escrever sobre este processo pois as pessoas envolvidas são não só da minha geração como da minha idade, amigos com quem partilhei grandes pedaços das brincadeiras de infância.

Tenho pena que o Orlando tenha que desistir da sua candidatura a Presidente da Junta, mas reconheço-lhe a honestidade, integridade e verticalidade de perceber que iria defraudar expectativas. Parabéns Orlando pela tua postura.

Confirma-se o que afirmei há uns tempos atrás em relação à importância da blogosfera nestas eleições... senão porque raio a CDU faria o site que fez para desenvolver este processo, e porque raio enviaria o Orlando uma mensagem para os blogs?

Falta o blog da Sónia, do candidato que o PSD vier a apresentar, e quem sabe também do BE ou do CDS.

Ah... e falta o blog da Vanda, porque eu acho que ela ainda se vai candidatar, e por mim acho que faz muito bem.

Com a experiência autárquica que leva, merece o apoio numa recandidatura que lhe proporcione a necessária legitimidade para provar o que vale.

Deu alguns sinais de poder fazer diferente... o meu conselho fica aqui Vanda, porque é que não aproveitas e te candidatas como independente pelo MMS?

HF

23 março 2009

Autárquicas 2009

Em Maio passado lancei aqui o seguinte desafio

Autárquicas 2009 em Alpiarça... Um desafio aos bloggers

"Daqui a alguns meses irão provavelmente começar a surgir os primeiros candidatos às próximas eleições autarquicas em Portugal.
Em Alpiarça, pelo que tenho vindo a acompanhar nos jornais da Região, é quase um dado adquirido que o actual presidente não se irá candidatar.
Navegando nos blogs, e em especial no Rotundas, é possível ler um conjunto de comentários sobre eventuais nomes que irão ou poderão estar presentes nessa corrida.

Não me interessam os nomes nesta fase, pelo que lanço aqui um desafio para começarmos do princípio, ou seja, definir o perfil de quem deve estar à frente dos destinos da autarquia.

É assim que se faz nas empresas, primeiro define-se o perfil do candidato, depois procura-se esse candidato, e no final selecciona-se o que estiver mais próximo do perfil.

Por isso, gostava de ter as vossas opiniões relativamente ao perfil do que poderia ser o candidato ideal.

Para início de conversa, e aproveitando um dos comentários que já foi feito sobre este tema no rotundas, deixo uma sugestão que subscrevo quase na íntegra:

"O(a) próximo(a) Presidente da Câmara Municipal de Alpiarça deveria ser alguém com mais ou menos o seguinte perfil: Independente de partidos políticos; Empresário ou Empreendedor com méritos públicos e reconhecidos, de preferência que se estivesse, literalmente, a borrifar para cargos e 'tachos', que não dependesse financeiramente do cargo de presidente nem das suas intricadas ligações, e acima de tudo que fosse um alpiarcense querido dos demais.
Deveria ser alguem com muito boa capacidade de comunicação e que primasse pela honestidade, sinceridade e verticalidade."

Já temos então algumas competências e comportamentos desejados.

Fico a aguardar os vossos perfis e no final comprometo-me a desenhar um perfil que sirva quase como o texto para um anúncio de jornal a pedir um candidato. Provavelmente até desenho o anúncio."

Pois bem, hoje temos a Vanda que toma uma atitude diferenciadora do anterior autarca, tentando cativar as pessoas com gestos de simpatia e de saber 'escutar'.

Do outro lado, para já só o Mário, O Orlando e o Mário Raul, que não me parece que encaixem no tal perfil acima descrito.

Estas eleições vão ter o seu quê de interessante pois é a geração a que pertenço que está a tentar chegar ao poder.

Resta ver quem se perfila pelo PSD e/ou pelo falado Movimento de Independentes por Alpiarça (tendência crescente em vários concelhos deste País).

Tenho cada vez menos tempo para escrever no blogue, mas considerando que são amigos de infância e colegas de escola a embrenhar-se pela luta no poder, estou com alguma expectativa para ver o que querem para Alpiarça.

Nos últimos anos isto andou tanto para trás, que desejo sinceramente aos vindouros que tenham outra atitude e outros projectos para esta vila.

Bem precisa.

NOTA: Já agora uma nota para a Vanda. Dá para arranjarem os semáforos junto ao Ecomarché? Fui ontem a pé com uma das minhas bébés e tentei várias vezes activar o sinal verde para os peões, mas não consegui. Tive que arriscar e passar assim de repente entre um carro e outro.

HF

21 março 2009

Ilusões perfeitas


Antes de me ler o resto do post gostava de lhe pedir abrisse este link noutra janela do seu browser (http://www.news.com.au/heraldsun/story/0,21985,22556281-661,00.html).

Pergunto-lhe se vê a figura feminina rodar no sentido horário ou anti-horário?

Por muito estranho que lhe possa parecer é possível ver a mesma imagem rodar em ambos os sentidos, dependendo se estamos a usar uma dominância do lado direito do cérebro (sentido horário) ou lado do esquerdo (sentido anti-horário).

05 março 2009

Muçulmanos e Terrorismo - Erros de Lógica

Muitas pessoas confundem as seguintes afirmações:
- Quase todos os terroristas são muçulmanos - VERDADEIRO
- Quase todos os muçulmanos são terroristas - FALSO

Ora, se por um lado, se estima que 99% dos terroristas são efectivamente muçulmanos, por outro, apenas 0,001% dos muçulmanos são terroristas (em 1000 milhões de muçulmanos apenas 10.000 são terroristas)!

O erro lógico leva-nos a sobre-estimar as probabilidades de 1 muçulmano, escolhido aleatoriamente, ser terrorista perto de 50.000 vezes!!!
Obviamente que os meios de comunicação Ocidentais ajudam um pouco à causa, mas é um pouco injusto, não?
F4

04 março 2009

Duelos: D. Afonso Henriques VS Governo Actual

Desde há muitos anos que D. Afonso Henriques não tinha sossego. Na cidade de Guimarães, encafuado na sua morada de pedra, ele não parava de dar voltas no túmulo. De Lisboa, vinham-lhe os ventos do estado do país.

Como pai da pátria, começava a ficar seriamente preocupado com Portugal, o seu descendente javardo que praticamente desde o tempo do seu neto Manelinho, aquele que tinha pancada por caravelas, só se lembrava de se empanturrar com o presente, esquecendo por completo o futuro.

No entanto, ultimamente, o panorama andava mais preto do que nunca. Havia uma crise com umas pernas tão longas que já tinha chegado a todo o lado, havia a corrupção disseminada por todos os quadrantes políticos, havia o desemprego, havia as depressões, havia as catástrofes naturais...

“Meu Bom Deus” pensava D. Afonso Henriques, “Porque raio está esta hecatombe a trucidar o meu chavalo, o meu Portugalzinho? Se calhar tudo isto está a acontecer porque eu casei com a filha ilegítima do D. Afonso VI, ao contrário do c***** do Raimundo de Castela, que desposou a legítima, aquela trombuda da Urraca!”

D. Afonso Henriques andava tão preocupado com tudo isto que, ignorando as dores de costas provocadas pelos seus setecentos e muitos anos, perfurou o túmulo com os seus punhos encrespados pela velhice e montou o primeiro cavalo que encontrou, rumo à capital alfacinha. O cavalo estava um pouco trôpego devido à ração contaminada por salmonelas que consumia diariamente. Mas ainda continuava a trotar com alguma velocidade pois andava animado pela visita próxima da ASAE, que estava prestes a resolver este problema e a obrigar os seus fardos de feno a serem embalados em doses individuais.

Pelo que demorou algum tempo até o nosso rei chegar à assembleia da república. Depois, como os polícias não o queriam deixar entrar de espada em riste, apressou-se a cortar-lhes imediatamente a cabeça, tendo o cuidado de recolher as boinas dos bófias como recordação, hábito que ganhara nas múltiplas batalhas em que outrora participara.

A figura de D. Afonso era tão imponente que até a arrogância de José Sócrates esmoreceu mal ele entrou no salão circular.

- Meu caro rei, meu estimado D. Afonso Henriques, a que se dá a honra desta visita? – perguntou o primeiro ministro, claramente com o rabinho entre as pernas.

Este encolhimento súbito das nádegas de Zezinho deveu-se ao medo que D. Afonso viesse prestar contas consigo acerca do caso Freeport, pois reza a história que o nosso prezado rei gostava muito do sapal do Rio Tejo, onde passava largas temporadas entretido a caçar patos. Até há testemunhos históricos que vão mais longe e que afirmam que D Afonso Henriques só conquistou Lisboa aos mouros por causa das ditas aves.

- Resolvi voltar para acabar com esta merda toda que vocês andam por aqui a fazer!

- Será que nos poderia explicar qual é a merda? – perguntou um coro de vozes em uníssono.

- Esta! Esta merda! Esta porcaria que vocês andam aqui a fazer! – exclamou, apontando para as cadeiras sonolentas dos deputados. - Em vez de andarem à porrada com a crise e com o desemprego, vocês, seus inúteis, andam aqui a ter conversazinhas da chacha! Suas bestas! Suas criaturas boçais que só sabem palrar! Não foi com demagogia que eu fundei Portugal, seus ursos!

- Oh Sr D Afonso Henriques! Tenha paciência, mas o país não está em crise! Prevê-se até um crescimento substancial da economia para o próximo trimestre! Quer ver os relatórios do meu ministério? – Zezinho mostrava-se agora visivelmente indignado e agitava um maço de papéis na mão.

- Tu és mas é um ganda aldrabão! Já te calavas mas é... Toma lá uma destas para
ires mandar as tuas balelas às lagartixas debaixo da terra!

D. Afonso Henriques, munido do seu cassetete praticamente pré histórico, a fazer lembrar os Flinstones, deu uma bordoada tão potente na cabeça do primeiro ministro que esta imediatamente se abriu em duas partes, deixando entrever uns miolos catalogados com uma etiqueta rasca da Universidade Independente, nitidamente elaborada à pressão.

Ouviram-se vários aplausos. Paulo Portas, com o cabelo impecavelmente penteado e com os seus sapatos de berloques que se ouviam a tilintar à distância, ergueu-se na bancada parlamentar, e proclamou:

- Até que enfim, alguém teve a audácia de derrubar o nosso primeiro ministro! Meus amigos, é um sinal do futuro! Portugal está vivo! Sentiu-se nesta martelada o sopro do futuro!

- Calma aí oh florzinha! Falas muito mas não dizes nada de jeito. Portanto também mereces ir conviver com os bichos-de-conta!

O nosso distinto rei estava decididamente com sede de sangue e cortou a cabeça de Paulo Portas sem hesitações. Tal e qual um bom capataz, arrancou-a do suporte do pescoço à primeira, desencadeando uma sonora manifestação de admiração por parte dos deputados.

- Não há dúvida que o nosso rei é muito bom nisto! – ouvia-se o povo a comentar, com um orgulho indisfarçável.

- Ai ai ai, ai ai ai! Que isto assim não pode ser! Mas que raio de democracia é esta? – Francisco Louçã sentiu subitamente um demónio a possui-lo (mais propriamente um demónio com a cabeça incrustada de caracoletas sebosas) e proferiu estas palavras com indignação.

- Ai ai o car****! Tá mas é calado, oh cromo!

D. Afonso agarrou Francisco pelos colarinhos e estrangulou-o com as suas próprias mãos.


- Nunca pensei viver o suficiente para assistir a isto. O senhor é que era bom para reavivar o comunismo! – desabafou Jerónimo de Sousa.

- Não gosto das vossas ideias seus comunas de m****! Uma ova que somos todos iguais! Nas minhas batalhas eu matava mais de cem homens, enquanto que muitos pacóvios que por lá andavam não liquidavam nem um único estupor inimigo!

Jerónimo de Sousa, vendo que talvez tivesse chegado a sua hora, ainda se tentou escapulir por entre as bancadas, mas o hábil Afonso Henriques, recorrendo a uma fisga que trazia no bolso da sua armadura, derrubou-o com uma pontaria inumanamente certeira.

-Agora quem é que falta mais?

Diversas mãos apontaram para Manuela Ferreira Leite, que, quebrando o seu silêncio, disse apenas:

- Ora aqui está o oposto do coveiro da pátria. Este homem é antes o salvador da pátria! – anunciou, apontando para o nosso distinto rei.

Gostei das tuas palavras Manelinha! O Salvador soa-me bem. – comentou o rei. – Vou-te poupar a vida, até porque me lembras a Carlota Joaquina.

Após este acto complacente, D. Afonso Henriques continuou a sua carnificina até não sobrar nem um único deputado e nem uma única cabecinha aspirante à vida política. Findo este extermínio, anunciou alto e bom som à pátria:

- Portugueses! Nós somos os maiores! Estamos fartos de sermos tomados pelos pacóvios da Europa! Agora vamos mostrar-lhes como é que elas lhe mordem! Vamos começar por exterminar esses espanhóis detestáveis! Vamos conquistá-los! Às armas! Às armas! Marchar! Marchar!

E D Afonso Henriques, com uma força nas canetas admirável para aquela idade, marchou de Norte a Sul do país. Pela primeira vez há muito tempo, mais precisamente desde a inauguração do Colombo, o povo rejubilou. Mediante estes desígnios para o futuro, todas as casas hastearam uma bandeira em honra de D. Afonso Henriques, que prometia assim restituir ao país toda a sua grandeza.

Orgulhoso da sua influência, D Afonso Henriques via com satisfação que as suas ideias, apesar da sua extensa idade, nada tinham de anacrónico, sendo prontamente aceites pelo povo. Sendo assim, o nosso rei resolveu relegar um regresso descansado ao túmulo para se bater intensamente com os descendentes daquele infame Raimundo, que, há quase mais de mil anos, desposara a outra, a legítima, a mais boazona das filhas do rei da Península Ibérica.

“Ai Urraca, não eras nada trombuda, eras mas é linda, linda...” – pensava Afonso todos os dias antes de adormecer, pois a verdade é que só a comparava com um elefante quando era preciso dar uma de macho.

Enfim, o nosso rei era assim, ligeiramente temperamental...

Mas o que aconteceu depois serviu de exemplo a toda a história vindoura da humanidade.

Seguiu-se que, surpreendentemente, contrariando todas as tendências, os portugueses deixaram de ser um dos povos mais deprimidos do mundo. Isto aconteceu por várias razões. Primeiro, porque passaram a ter a quem dar porrada. Depois, porque passaram a ter a quem enganar, na medida em que apenas conseguiam transpor as fronteiras do país para dar conta dos espanhóis através de uma aguçada esperteza saloia. E por último, porque passaram igualmente a ter um motivo para festejar todos os dias, pois cada bater de bota dos nuestros hermanos dava azo a extensa comemoração amplamente regada com a vinhaça nacional.

Em suma, os portugueses rejubilaram de contentamento porque passaram finalmente a ter, não só um objectivo de vida, como também um líder à maneira. Não um Guterres, nem um Sócrates, mas sim um homem com 840 anos, detentor de uma experiência de vida claramente superior a qualquer um destes representantes políticos. Olé!

PS: Ao ler esta bela história, foi impossível para o meu coração de menina permanecer indiferente a uma paixão desta dimensão, e por isso fica aqui a minha proposta para a alteração do cognome do nosso primeiro rei em todos os compêndios de história. No lugar de ”O Conquistador”, deveria figurar “O Coração Mole”. Porque protagonizou duas belas histórias de amor: não só fundou um país por paixão às aves do sapal do Rio Tejo, como quis afundar outro por amor a uma mulher, mulher essa com um nome tão duvidoso como Urraca. E como Urraca me faz lembrar um daqueles exemplares femininos baixos, anafados e com um bigode a acenar por cima da boca, deduzo que o nosso rei a amasse mesmo muito porque só o amor é cego desta maneira.

01 fevereiro 2009

Quem nasceu de uma Virgem, teve 12 seguidores, morreu e ressuscitou passados 3 dias?

Se colocássemos um anúncio de emprego a pedir um candidato com este perfil, não seria apenas o currículo de Jesus Cristo que iríamos analisar... Aliás, ele seria apenas um jovem comparado com os outros...


Assim, teríamos os currículos de:

- HORUS, do Egipto (3000 AC);
- ATTIS, da Grécia (1200 AC);
- MITHRA, da Pérsia (1200 AC);
- KRISHNA, da Índia (900 AC);
- DIONÍSIO, da Grécia (500 AC);
- e muitos, muitos outros mais (contei pelo menos mais 34!!!).


Ora, então assim brevemente, de onde vem uma coincidência tão grande? Tem tudo a ver, segundo a fonte que consultei, com o Sol.


Vejamos algumas (possíveis) explicações:

- Uma estrela a Este indicou o seu nascimento: na noite de 24 de Dezembro, a estrela Sírius, da constelação de Virgo (ou VIRGEM) é a mais brilhante do céu e encontra-se alinhada com as 3 estrelas mais brilhantes da constelação de ORION, estrelas essas conhecidas por 3 Marias em Portugal mas em muitos sítios por... 3 REIS. O alinhamento entre estes 4 astros aponta para... o local onde o Sol nasce a 25 de Dezembro!


- Teve 12 seguidores: os 12 seguidores representam as 12 Constelações do Zodíaco sobre as quais o Sol se movimenta


- Morreu e ressuscitou passados 3 dias: todos os dias do ano depois do Solstício e Verão o Sol se "põe" mais a Sul. Acontece que no dia 22 de Dezembro ele pára de se movimentar. "Morre" 3 dias e "ressuscita" passados 3 dias, a 25 de Dezembro... :)


Poderão ter acesso a estas e muitas outras informações interessantes no documentário "Zeitgeist, The Movie" (http://video.google.com/videoplay?docid=-2282183016528882906). Aconselho, no entanto, as pessoas mais inconscientes e que gostam pouco de se questionar, a não verem, pois irão ter MUITAS dores de cabeça...

23 janeiro 2009

Ode às Palavras

Cubos de gelo que escorregam
Pelo orifício banal, bucal
Os tímpanos (que perspicácia!) derretem-nas
Em emoções, exclamações e interrogações
Que novas sílabas de saliva
Fazem viver
Ou então (que audácia!), transformam-nas em silêncios
Falsificados pelo coração

As palavras são tudo e, ao mesmo tempo, não são nada. Elas são os tijolos do passado e a argamassa do futuro..

Lançam o desespero quando, a baloiçar no precipício da língua, acabam por desistir de voar pelo desfiladeiro, e regressam, arrependidas, ao silêncio donde partiram.

As palavras são perigosas, podem até matar quando conjugadas de formas demasiado imperfeitas, transformando-se, à velocidade do som, em facas afiadas que rasgam todas as esperanças.

Por vezes são meigas e despejam a sua seiva nos sonhos secos, devolvendo-lhes generosamente a fertilidade.

Podem enlouquecer quando se perdem nos labirintos vastos das auto estradas do cérebro.

Quando repetidas vezes sem conta, perdem a graça, despem-se de sentido e regressam ao mundo paleolítico dos urros e dos grunhidos.

As palavras são as anfitriãs da vida, convivendo nas festas dos parágrafos, nas romarias das rimas, nos cafés das frases, nos casamentos dos poemas, no breve encontro das saudações.

São tão eclécticas e versáteis que é possível encontrá-las em qualquer ocasião.

Estão em todo o lado, na boca do moribundo que tarda em morrer, na exclamação de felicidade da noiva acabada de casar, nos cânticos melancolicamente infantis que ressoam na casa toda enfeitada para o Natal, nos vitupérios primários dos invejosos, na grande e escura noite da solidão, no dia morno e fecundo da Primavera.

Tocam todos os dias, vezes sem conta, no comum gramofone bocal, onde são riscadas pelos dentes e oleadas pela saliva.

Com elas construímos o mundo e movemo-nos nos trilhos secretos da imaginação.

Não há dúvida, as palavras são os best sellers do dia a dia.

Fiéis companheiras de percurso que, com os seus concertos orquestrados pela nossa língua e o suave marejar que provocam quando ocupam por inteiro o nosso pensamento, nos dissuadem de nos tornarmos puros eremitas.

08 janeiro 2009

O Ano Novo: O Despertador da Natureza

O Ano Novo é sempre aquele momento marcante em que as pessoas resolvem tomar grandes decisões:
“Vou parar de fumar”,
“Vou fazer dieta”,
“Vou praticar exercício físico três vezes por semana”,
“Vou mudar de emprego”,
“Vou marcar uma viagem”,
“Vou deixar de trabalhar tanto”,
“Vou passar a ver menos televisão”,
“Vou perseguir o meu sonho”,
(Aquele, o tal, o de sempre, o Sonho, escondido algures dentro de nós, imperceptivelmente escamoteado pela realidade),
“ Vou deixar de comer hambúrgueres e batatas fritas ao almoço”,
“ Vou começar a lembrar-me sempre dos aniversários dos meus amigos”.
“ Vou passar a ir ao médico”.
Etc, etc, etc.
Todas estas deliberações, que de comum têm o facto de serem objectivamente benéficas para a nossa vida, podem ser resumidas num:
“Vou-me tornar diferente”.

Não há dúvida que, nesta altura do ano, surge uma enorme necessidade em assumir novos compromissos perante nós próprios. Encaramos o Ano Novo como uma nova chance que a vida nos dá para recomeçar. Queremos tornar-nos naquilo que não somos e sempre quisemos ser.
Subitamente, como que acordados pelo despertador da urgência, começamos a ter pressa. Daí a súbita ansiedade, o desespero por não sabermos se ainda vamos a tempo, a motivação fulminante, Fazemos um balanço do passado e queremos refazer os erros, queremos embrenhar-nos finalmente nos caminhos proveitosos do certo, queremos tudo de uma vez.

As doze badaladas tocam nos sinos ancestrais das praças. Tampas e tampas de garrafas de champanhe irrompem com estrondo pelo ar festivo da noite. Comem-se passas. Grita-se. Salta-se. Dança-se. Um novo fôlego toma conta de nós. Pensamos na agenda ainda novinha em folha, completamente por estrear, cheia de dias e de horas em branco. Que tranquilidade é sentir que o nosso prazo de validade se prolongou, em princípio, por mais 365 dias. 365 alvoradas de possibilidades.
O Ano Novo traz Esperança. Finaliza um ciclo. É o carimbo oficial da vida que permite deitar o passado ao lixo e que atesta uma nova oportunidade.

Porque esquecemos então, à medida que os dias avançam e que o ano perde a frescura, todas as ideias fantásticas que decidimos pôr em prática?

... Talvez porque, infelizmente, a memória das emoções é sempre curta. Somos bons a recordar acontecimentos e a saber que, nesta ou naquela altura, fomos felizes, ou que em determinado momento a tristeza vacilou em nós como um baloiço em andamento. Mas não conseguimos sentir novamente essa felicidade ou essa tristeza. Apenas sabemos que, algures em nós e algures no tempo, elas existiram.
O mesmo se passa com o ânimo que surge nesta altura do ano. Lembramo-nos vagamente dele. Até podemos ter uma lista pendurada no frigorífico; um pedaço de papel rabiscado que acena timidamente na branca e fria porta que abrimos repetidamente ao pequeno-almoço. No entanto, já não sentimos qualquer impulso para a acção. O sopro diário da rotina imobilizou-nos. Começámos a acumular dias e dias às costas e o peso tornou-se tão grande que qualquer movimento se tornou perfeitamente impossível.

Só que esquecemo-nos que, se não conseguimos conservar as emoções, podemos sempre reviver os acontecimentos. Esquecemo-nos que o Ano Novo pode ser todos os dias.

... Uma das coisas mais importantes que eu aprendi na vida foi a arte da reciclagem diária. Eu não sou hoje exactamente aquilo que fui ontem, nem serei amanhã exactamente aquilo que sou hoje.
Acharmos a continuidade uma imposição da vida é algo que nos vai sempre roubar a liberdade.
Ser verdadeiramente livre é ser livre cá dentro, no âmago da consciência. E nunca nos prendermos nem ao tempo nem àquilo que fomos um dia.

O Ano Novo é só a forma que a Natureza encontrou de nos relembrar disto, de nos fazer ver que, quem nos acorrenta ao passado e quem tem o poder de nos dar umas novas asas para voarmos mais além, na direcção do horizonte sempre imaginado e nunca perseguido, somos sempre nós próprios.