02 dezembro 2008

Duelos: Poluição VS Buraco do Ozono


Naquela noite de final de ano, a Poluição resolveu ir até à discoteca mais in do Mundo, situada em pleno coração industrial da China, para se enfrascar com uns valentes copos e abanar o capacete. Apetecia-lhe ouvir um pouco de kizomba, pois tinha ficado imediatamente possuída pelo ritmo veloz e sensual deste tipo de dança nas suas recentes expedições de angariação a África, que por sinal haviam dado muitos frutos.

A Poluição já não era nenhuma gaiata. De facto, já ia a caminho dos duzentos anos, dado que nascera em plena Revolução Industrial, mas estava muito bem conservada, com os seus milhares de operações plásticas e injecções de botox. Não parecia minimamente a idade que tinha, e dava, na maior, com os seus sapatos com saltos astronómicos de betão e revestimento poderoso a aço, um baile a muitas outras catraias mais novas, que mal conseguiam movimentar-se ao som da música tecno, elaborada em mesas de mistura altamente sofisticadas. Felizmente, longe iam os tempos do som careta do violino e das batidelas xunga das teclas de piano.

O ano de 2008 tinha corrido extraordinariamente bem à Poluição, com violações sucessivas do protocolo de Quioto, que tinham resultado num crescimento inesperado e estupendo das emissões de dióxido de carbono. Ela tinha ficado rejubilante de alegria com as inúmeras provas de apoio que havia recebido por parte dos Países de Todo o Mundo, decerto com receio de uma reforma antecipada, pois eles contavam com o seu contributo essencial para Destruir a Terra, tarefa penosa que se comprometera a levar a cabo há já muitos anos.

Resolveu vestir-se a rigor para se despedir daquele período luminoso da sua vida. Envergou um vestido preto, confeccionado pela melhor fábrica de curtumes de todos os tempos, aquela mais malcheirosa de todas; pintou as unhas com um verniz que era os olhos da cara no que respeita à toxicidade; penteou a sua cabeleira postiça, feita de tiras de plástico fluorescente, num acelerador de partículas cedido corruptamente por uma central nuclear; cobriu-se com uma capa brilhante de vinil; e, para completar a minuciosa toilette, borrifou-se com um perfume esplendoroso, cuja essência era um misto do bafo quente do monóxido de carbono e do aroma fulminante dos matadouros de porcos

Tudo isto compunha uma imagem tão deslumbrante, que o porteiro chinoca da discoteca, mal a avistou, ficou com os olhos ainda mais em bico do que o costume, e resolveu deixá-la entrar sem pagar a quantia exorbitante de ienes que cobrava aos outros clientes chinocas.

Entretanto, o Buraco do Ozono, um chavalo para aí com os seus cinquenta anitos, encontrava-se nesse momento no sossego plácido do seu turismo rural, situado a poucos quilómetros da dita discoteca. Ele resolvera ir até aquele antro de depravação chinês para ver com os seus próprios olhos míopes a destruição que aqueles meias lecas amarelos, aqueles filhos de um raio dos chinocas, andavam a infligir no Tibete, local de meditação e espiritualidade que ele tanto apreciava.

Passava pouco depois da meia-noite, quando o Buraco do Ozono decidiu que já era altura de ir para a caminha, enrolar-se na sua manta de lã de carneiro, oferecida por um rebanho de ovelhas caridosas que se comoveram com a sua nudez crescente. Só que algo não o conseguiu deixar adormecer. Algo profundamente desenvolvido em termos sonoros: o barulho ensurdecedor proveniente da discoteca. A música bombava ininterruptamente nos seus ouvidos débeis, muitos decibéis acima dos que os aconselhados pela Comissão de Defesa dos Direitos Auditivos.

Apesar de o Buraco do Ozono ter sido muito tímido até à idade adulta, nos últimos anos, por causa da velhice e do crescimento abrupto que andava a sofrer devido a consecutivas mutilações, a sua popularidade tinha aumentado substancialmente e a sua timidez começara lentamente a dar lugar a uma forma revoltada de extroversão. Logo, foi sem espanto, a não ser para quem já não o via há muito tempo, que o Buraco do Ozono se dirigiu todo armado em poderoso à dita discoteca, com o intuito de impor respeito e acabar com aquela algaraviada toda que impedia o desenrolar saudável do seu sono. Era tanta a confiança que sentia em si próprio, que nem se deu ao trabalho de se vestir convenientemente. Foi mesmo como estava: de robe, chinelos, e pijama com ursinhos dos Forever Friends (o Buraco do Ozono estava mesmo a passar por uma fase de muita coragem, tanta que roçava o inconsciente, pois convenhamos que ursinhos Forever Friends já é um pouco demais!).

O porteiro da discoteca tentou barrar-lhe o caminho, personagens como aquela estragavam a boa imagem da casa e afugentavam a clientela. Mas o Buraco do Ozono alegou que, caso não o deixassem entrar, iriam sofrer as consequências das suas queixas a todas as televisões, rádios, revistas e jornais do Ocidente. Pelo que o chinoca não teve outro remédio senão deixá-lo passar, pois sabia que ultimamente aquele ranhoso do Buraco do Ozono tinha conquistado muitas amizades nos circuitos editoriais Europeus, e o chinoca não queria problemas com o seu gerente, porque prezava muito o seu emprego e não queria voltar para a contrafacção de trajes Armani, tema de especialização do seu Mestrado Universitário e actividade à qual dedicara grande parte da sua vida.

Então, o Buraco do Ozono penetrou naquele espaço, decorado de escuridão intercalada com poderosas luzes de néon, e viu imediatamente a figura musculosa, toda inchada de esteróides, da Poluição. Ia-lhe dando um colapso. Aquela era a sua maior inimiga. Mesmo não tendo um temperamento violento, o ódio que lhe tinha era tanto, que lhe apeteceu imediatamente ir-lhe à fuça. Punhos de ozono a esmurrar aquela tromba impecavelmente maquilhada com fuligem.

Ursinhos Forever Friends atravessaram a pista de dança e alcançaram a poluição, limitando-se a apertar-lhe o braço (porque Ursinhos Forever Friends não possuem a audácia suficiente para encetar umas boas bofetadas):

- Que é que fazes aqui, minha megera? – rugiu ele.

A Poluição olhou, sobranceira e enfatuada, para o Buraco do Ozono, soltando uma gargalhada estridente ao observar a forma ridiculamente vestida com que ele se apresentava.

- Então babe, relaxa! É passagem de ano, estamos todos numa boa! Porquê esses maus modos para cima de mim? Toma mas é uns desses! – disse a Poluição, enfiando-lhe na mão vários comprimidos cor de rosa, que o Buraco do Ozono verificou, em estado de choque, tratarem-se de ectasy, algo perfeitamente desconhecido para a sua faringe azul.

- Não preciso das tuas drogas, sua porca! Vê lá se apanhas mas é uma overdose! Morre de uma vez por todas para que eu possa garantir o futuro da Terra! Desta Terra que tu andas a conspurcar com as tuas merdas! – o Buraco do Ozono estava a ficar fora de si e proferia palavras menos correctas com uma intrepidez que não lhe era própria.

- Então babe, relaxa! Cai na real! Eu sou demasiado popular para desaparecer! Toda a gente me acha uma bacana! Desde os meus sócios aqui na China até aos tansos dos índios da Amazónia. Capiche? – comunicou-lhe a Poluição, com olhos semicerrados e avermelhados, completamente pedrados por todos os estupefacientes que já tinha consumido durante a noite.

- Cala-te sua bruxa! Vão-se catar, tu e mais o teu amantezinho de merda! Esse tal de Capitalismo, não é assim o nome dele? - Então, meu Ozonozinho lindo, estás com ciúmes? Não tens motivos nenhuns para isso! Sabes perfeitamente que o meu maior desejo é comer-te todo até não sobrar nem um bocadinho de ti! – referiu a Poluição, ao mesmo tempo que movimentava a língua de forma obscena e lhe agarrava as costas, arranhando-as sem parcimónia.

O Buraco do Ozono não era nenhum puritano, mas aquela meretriz da Poluição já estava a passar das marcas e merecia uma lição. Ele decidiu que, no dia seguinte, logo pela manhãzinha, iria derreter mais um bocadinho das calotes polares da Antárctida para chamar a atenção dos seus protectores e para que a Poluição sofresse mais uns sermões. (O Buraco do Ozono era um bocado queixinhas, mas também, coitado, se não fosse assim, não conseguia chegar a lado nenhum, pois ninguém o via, de tão amarfanhado que normalmente andava no meio da estratosfera).

Quanto à Poluição, no dia seguinte estava de ressaca e nem se deu conta do sucedido. O que era previsível, pois a Poluição tinha as costas demasiado quentes para se preocupar com o seu futuro. Estava de casamento marcado com o Capitalismo, o grande sultão do Mundo, com quem namorava há largos anos, pelo que estava prestes a tornar-se numa Cleópatra Moderna. Nada a podia parar.

07 novembro 2008

Morte às Melgas


- Zzzzz...Zzzzz...Zzzzz...Zzzzz...Zzzzz

Quando começo a ouvir este burburinho irritante a meio da noite, já sei que estou lixada. Lixada de maneiras demasiado diversas para serem, à partida, provocadas por bichos tão raquíticos como os que provocam este som estridente com o seu bater de asas ininterrupto.

Até pode ser que, como criatura zelosa que sou, me tenha lembrado de fechar as janelas todas antes de ter acendido o maldito chamariz que é a luz do quarto. Até pode ser que tenha dedicado alguns euros suados à compra de um difusor de insectos ou de um repelente. Mas, há que enfrentar a dura e incontrolável realidade: estas amostras de bichos têm tanto de irritante como de poderes ocultos. São verdadeiros feiticeiros que conseguem a proeza, sabe-se lá como, de se intrometerem nas residências alheias ainda que estas tenham ferrolhos em todas as brechas das paredes.

O problema com estes animais vis surge logo quando os tentamos apelidar de alguma coisa que não seja um qualquer nome insultuoso. Afinal, estes espécimes peçonhentos chamam-se moscas ou mosquitos? Sempre me fez uma confusão dos diabos esta questão. Será que as melgas são as fêmeas dos mosquitos? Ou será que melgas e mosquitos não têm nada a ver uns com os outros a não ser o pormenor de chuparem o sangue às pessoas sem vergonha nem pudor? Ou será ainda que esta diferença na nomenclatura tem a ver com o estrato social, sendo que os vips lhes chamam de melgas e os saloios de mosquitos, ou vice-versa? Fui pesquisar. Já mal cabia em mim de curiosidade e, além disso, gosto de injuriar correctamente os meus adversários, visto que seria um tremendo lapso se, em vez de “maldita melga”, eu proferisse “maldito mosquito”, levando a melga a pensar que eu a autorizava a ela, apenas a ela e não ao mosquito, a extorquir-me os meus fluidos corporais.

Compêndios consultados, cheguei à conclusão que a melga é uma espécie de mosquito, mais pequena que o trombeteiro que, pelos vistos, também é um mosquito famoso e, a dar pelo nome, também promete ser assaz barulhento, tal como a sua parente mais popular.

Já experimentei vários produtos à venda no mercado para acabar de vez com todos estas bestas pertencentes à família dos mosquitos. Não lhes bastando despertarem-me durante a noite, têm o desplante de gozar com a minha cara quando, no preciso momento em que acendo a luz com o propósito único de os estilhaçar contra a parede, resolvem parar de bater a porcaria das asas e esconder-se no recanto mais imprevisível do quarto, levando o meu sono a desistir de os matar. Claro está que, desprezando a minha clemência, passado pouco tempo de eu ser vencida pelo cansaço que eles próprios provocaram, os sacanas recomeçam as suas danças ruidosas e acabam sempre por cumprir a sua intenção sangrenta de me picarem e de me sugarem alarvemente o sangue, que por essas alturas viaja sempre abundante e calmamente pelas artérias.

Como consequência destes apetites execráveis destas criaturas abjectas, no dia a seguir já sei que, não só irei sentir uma comichão desmedida que me irá cansar o metacarpo só de me coçar, como também, e porque estas atrocidades voadoras resolvem precisamente dar um ar das sua graça no Verão, vou ficar com o visual descapotável próprio desta silly season completamente arruinado por enormes babas, típicas das doenças contagiosas.

Mata-moscas, repelentes em spray, em creme, em roll on, dispositivos que emitem ruídos supostamente insuportáveis para os ouvidos ovíparos destes anormais do reino animal, entre outras coisas estranhas, nada é completamente eficaz.

Começo a desconfiar que os mosquitos só existem para nos irritar. Talvez a Mãe Natureza tenha achado que, já que matamos ou aborrecemos todos os nossos vizinhos animais e plantas, também devíamos ser aborrecidos por alguma entidade pouco escrupulosa, e então criou os mosquitos. Dotou-os de capacidades obscuras que os tornam indestrutíveis e, qual puta maldosa e visionária, soltou-os pelo mundo para eles disseminarem as suas bruxarias por todos os continentes, conspurcando de mordidelas os corpos lisos e lustrosos de inocentes seres humanos como eu.

22 outubro 2008

Encerramento do Rotund@s e Encruzilhad@s

Por motivos de ordem pessoal, conhecidos de muitos, e porque o tempo é daquelas coisas imutáveis, ou seja, não cresce, deixei de escrever aqui no blog e suspendi a minha colaboração com o Voz de Alpiarça.

No entanto, não podia deixar de reagir a um 'blogacontecimento' referente a Alpiarça e que é o encerramento (espero que seja temporário) do blog http://rotundaseencruzilhadas.blogspot.com

Têm havido exageros na escrita, e muitos insultos gratuitos, o que não abona em favor de quem mantém e investe muito do seu tempo na actualização deste novo meio de comunicação em Alpiarça.

O Rotundas e Encruzilhadas (R&E) cumpriu um objectivo que é: disponibilizar diariamente informação actualizada sobre o nosso concelho.

É bom para quem vive e/ou trabalha fora, divulga acontecimentos que doutra forma não teriam divulgação e reúne num só sítio as diversas notícias que vão sendo publicadas noutros orgãos de comunicação social.

Na prática, tornou-se um eixo central da discussão de certos assuntos, com a grande vantagem de ser imediato e acessível.

Dias há, em que os assuntos se sucedem a um ritmo vertiginoso e os comentários acompanham esse ritmo.

Transmite a idéia que há muita gente a visitar este fórum, e que Alpiarça está viva na blogosfera.

Não sei quem é o Administrador do R&E, nem estou interessado nisso.

Apesar de ser contra o anonimato, como princípio, reconheço que doutra forma quem dá a cara pode ficar sujeito a alguns episódios menos dignificantes como são a GNR a bater à porta a chamar para depoimento no posto, no ãmbito de denúncias à procura de saber quem são os autores de determinados textos ofensivos.

Pelo que fui lendo, concordo que houveram muitos abusos, e que a ofensa gratuita concerteza lesou muitas pessoas directamente visadas nesses comentários.

Por mim, exerceria o direito de escolher mais criteriosamente os comentários a publicar (como o fiz algumas vezes aqui no Alpiarcense, não publicando algus comentários mais ofensivos), no sentido de elevar o nível da discussão no blog, credibilizando assim o seu conteúdo e os seus autores (anónimos ou não).

Acho que Alpiarça e os Alpiarcenses precisam definitivamente de um R&E, ainda mais agora que vamos entrar num novo ciclo eleitoral.

Como disse no início, e por razões pessoais, não tenho tempo disponível para me envolver num projecto destes, mas darei todo o apoio moral a quem se disponha a manter o R&E.

Façam um estudo de mercado e obtenham a opinião de quem lê o R&E. Saibam o que tem estado mal até agora, identifiquem as expectativas das pessoas em relação ao blog e aos seus textos, procurem saber que temas mais interessam, e divulguem esses resultados.

Firmem um estatuto editorial que defina critérios de publicação que permitam gerir os comentários e a linguagem utilizada no blog, e verão que o mesmo ganhará credibilidade e assumirá cada vez mais, um papel importante no seio da sociedade alpiarcense.

Por fim duas mensagens:

1. Ao Administrador do R&E - Espero que tenha percebido pelos comentários que têm chegado depois do encerramento, que o R&E ganhou uma vida própria e que não é nem poderá ser sua a decisão de o encerrar, pois a importância do blog em Alpiarça é de tal forma grande que se pode dizer que a criatura ultrapassou o criador;

2. Aos jovens deste concelho - Porra, o que é que andam a fazer que não pegam num projecto como este e mostram a vossa irreverência. Têm os skills, têm as ferramentas, têm tempo e disponibilidade, e não aproveitam para serem cidadãos com C maiúsculo... como dizia o outro... ai se eu pudesse!

Helder Figueiredo

Meu velho amigo e camarada Parente





Por: António Centeio

Estava ausente quando soube da notícia do falecimento do meu velho amigo e camarada Parente. Ao receber a informação da fatalidade a minha alma transfigurou-se de tal forma que as lágrimas se derramaram pela face como tivesse sido molhada por uma torrente de água. De imediato regressei para que não faltasse ao seu funeral. Assim aconteceu.
Ainda criança quando via a minha pessoa chamava-me logo para saber onde andava e o que estava fazendo. De seguida dava-me conselhos de toda a espécie para que quando um dia “fosse um homem, soubesse honrar quem me deu vida” porque “estes mereciam tal coisa”. Marcou-me profundamente. De tal forma que o considerava como o “meu melhor protector e o melhor professor das coisas da vida,” quer pela sua experiência como ainda pela maneira de falar e sabedoria. Eu era a criança que ele adorava. Encarava-me como seu “favorito” talvez pela amizade que o unia a meu falecido pai como a estima que a minha família lhe merecia.
Sobre a sua pessoa, lembro-me de ouvir as mais variadas e pitorescas histórias que fazia como o imaginasse numa espécie de centurião romano ou um musculoso homem de outro planeta em virtude de seu enorme corpo e cara de respeito que apresentava para com todas as crianças. Algumas não passavam de lendas mas outras eram verdadeiras. Que eu saiba nunca casou e muito menos viveu com mulher alguma mas sabia -porque me disse – que visitava de tempos a tempos a “casa das meninas” onde satisfazia as suas necessidades. As histórias originárias destes encontros ensombraram durante algum tempo a minha imaginação sobre os prazeres da luxúria como me espevitava o caminho para a curiosidade de saber se na verdade a coisa era tão boa como Parente dizia. O tempo se encarregou de ensinar que na verdade ele era um “mestre na arte”.
Originário de famílias de posse, bem cedo se separou de quem o estimava, dispensando ao mesmo tempo a fortuna que os “seus lhe tinham destinado”. Sempre quis viver do que ganhava e levar a vida que gostava. A sua liberdade por preço algum trocou, ao ponto de feito homem, os familiares se envergonharem da sua situação precária e das pobres condições em que vivia. O que lhe interessava era a sua felicidade. Pura e simplesmente marimbava-se para o que diziam e pensavam dele. Sempre satisfeito com a vida ensinava aos mais pequenos – tipo de gente que adorava «nunca devemos deixar de ser aquilo que somos mesmo contrariando a vontade ou os desejos dos outros”. As crianças quando o viam na rua era como vissem o deus dos deuses. A gritaria entoava pela rua e toda a gente ficava a saber que Parente estava rodeado dos mais pequenos. Era a sua alegria e felicidade. Os seus enormes dentes mostravam a grandeza da sua alma. Um homem pronto a fazer e a dar o seu melhor pelos outros sem nada querer em troca.
Quando me fiz homem e iniciei o percurso da vida Parente seguia-me de perto. Se por alguma razão a ausência do seu predilecto se prolongava ia recolher as informações necessárias para saber do ponto da situação: se não lhe agradasse o que ouviu, desbravava caminhos e encruzilhadas para me ver ou aconselhar daquilo que considerava o “melhor para mim”. A experiência da vida ensinou-me que os seus conselhos eram os melhores e os mais certos.
Do meu velho amigo e camarada Parente nunca me esquecerei daquilo que sempre ouvi dizer como algumas vezes cheguei a testemunhar:
Decorria a década de cinquenta do século passado. A sala do cinema compunha-se de várias filas de cadeiras. Distribuídas por classes, davam-lhe os nomes de: “Geral (que chamavam também de piolho) Plateia, Balcão e Camarotes”. No primeiro andar, tipo meia-lua, o “Primeiro e Segundo Balcão”; nos cornos da lua, encaixava-se uma meia dúzia de camarotes, a puxar para o finório com a ajuda de carteiras bem recheadas. Era o espaço dos senhores janotas e das madames vistosas. O “camarote” mais distinto estava reservado “perpéctuamente” ao fiel cliente, conhecido por Parente.
A alcunha, vinha por esta figura, considerar nas outras, um laço familiar como que, sendo todos descendente da mesma espécie. De pouco valia argumentar. A origem da família, para o Parente estava escarrapachada no Livro do Mundo a que chamava de Divino. Se em causa fosse posta a sua teoria, enviava os contraditores para a casa do pároco, que mais do que ninguém lhe servia de testemunha.
Um homem aí na casa dos cinquenta. Bem encorporado, possuidor de uma voz rouca que até fazia estremecer quando levantava o timbre. Solteiro, residente numa casa térrea, de uma só divisão, onde numa das paredes tinha pendurado uma velho relógio de capelinha, que para a rapaziada com menos de uma dezena de anos «era um rato amigo do dono que dava corda ao marcador de horas». Com profissão desconhecida mas sempre com uma carteira apetrechada de trocos. Os suficientes para gastar a seu belo prazer e dar a quem só ele entendesse necessitar.
Homem estranho, gozado pela canalha mas temido pelos grandalhões ou seus iguais, de alma, porque fisicamente estavam a léguas de distância na força e tamanho.
Agarrava em duas sacas de cimento de cada lado do corpo – pesando cada uma cinquenta quilos – seguras pelos braços que ao subir a escada em vez de ser ele a cair com tal peso, eram os degraus que se partiam. Homem estranho como esquiva era a sua maneira de viver.
Mal abria as portas do “Cine” Parente tinha que ser o primeiro a entrar. Ia directamente para o seu “camarote”. Sentava-se, cruzava a perna, para de seguida começar a ler o jornal, com os seus óculos de sol – lentes bem escuras – que o acompanhava quer fosse de dia quer noite, Inverno ou Verão.
A sala ia enchendo, vendo-se aos poucos, as cadeiras – conforme os bilhetes iam sendo rasgados pelo porteiro – a dar forma no interior da casa de espectáculos como a garantir aos pagantes que a sessão ia ser boa; o contrário era sinal de má escolha. Na hora anunciada desligavam-se as luzes para logo rodar a fita da sétima arte.
Parente pouco ligava à rotina como ao desenrolar do filme para continuar a ler o tabloide, vindo de não se sabe donde.
De algures, ouvia-se uma voz «Oh Parente, está a ler às escuras!». Ria-se para dobrar o jornal, metendo-o de seguida no bolso de casaco. No intervalo, era o seguimento do que não foi acabado.
Mais uma vez a voz estranha clamava « Parenteee!....., o jornal está ao contrário! Está a ler as notícias de pernas para o ar!» E, estava mesmo, porque o Parente não sabia ler. Apenas gostava de exibir a sua ignorância – para os outros – de homem simples com sonhos de grandeza como os seus cultos vizinhos de camarotes situados a bandas do seu – os debaixo, eram da classe média.
Era boa pessoa. Continuamente sorridente mas inseparável da sua gasta folha de periódico como dos seus velhos “Óculos de Sol” comprados por tuta-e-meia em qualquer banda que nem ele próprio sabia. «Comprei-os a um contrabandista que por aqui passou, depois de finda a Grande Guerra». Verdade ou mentira, nunca se apurou.
«Aí está ela!»
Era a Sara Montiel a artista preferida de Parente e a personagem principal do filme. A “Plateia” batia palmas ao Parente salvo quando os do baixio apanhavam na cabeça as cangalhadas e cascas de amendoins que a classe finória mandava para o vazio.
Era logo um banzé na choldra. Neste momento o corpanzil do Parente erguia-se em plena escuridão para admoestar a populaça «calem-se suas cavalgaduras que quero ouvir a Sarita». Calavam-se mesmo.
Velho e amigo camarada Parente como a sua ordem era respeitada, mesmo que lá no fundo, todos gozassem com as saídas inesperadas do Parente.
Uma figura castiça que memorizou histórias do arco-da-velha nas gerações seguintes; história adulteradas que inferiorizam Bocage.
Belo dia de Carnaval, subiu com a sua pasteleira, até meio, a íngreme rua. O restante foi a pé, segurando o transporte pela mão, levando em cima do guiador do velocípede, um par de cornos, comprados na manhã do dia, no talho do Felismino.
Chegado ao cimo, monta-se em cima do selim, seguro pelo quadro de aço alemão e assente em duas rodas com locomoção humana, para descer com toda a sua força muscular, muito própria de quem a tinha, ganhando uma velocidade tonta. Às tantas perdeu o equilíbrio para se estampar de rejeitada em cima do passeio empedrado. Como caiu como ficou. O corpo todo estendido assustou o mulherio que gritou logo por socorro. Tinha havido um acidente grave: a vítima não era nem mais nem menos do que o Parente.
«Ai que o Parente morreu! Chamem uma ambulância»
Estavam os maqueiros colocando o folião na maca, quando o morto se levanta, gritando «Alto e pára o baile, que o artista nunca morre no filme!»
Aquilo é que foi uma gargalhada. Só o Parente para fazer uma cena destas. Durante semanas, logo conhecida a coisa da canalha, foi o tema mais falado na escola.
Parente foi durante anos o ídolo da criançada. Bastava ser visto por um, logo outros se juntavam em grupo como bando de pardais.
Quando um dia correu a noticia que Parente «foi desta para melhor» – ainda por cima no dia dos finados – toda a gente das redondezas fez questão de acompanhar o corpo à ultima morada. A figura mais típica da terra, quando dentro do caixão, foi cercada por pessoas, que ele próprio se fosse vivo, nunca tinha visto de lado algum.
Quem gostava de andar em cima da terra passou a estar debaixo dela. Muitas lágrimas se derramaram naquele dia de infelicidade e muitos lenços foram lançados para cima do baú rectangular de côr castanha.
Aí, meu velho amigo e camarada Parente todos te recordam e todos nós falamos de ti, como no nosso meio estivesses.
Recentemente, no Carril, depois de passadas algumas dezenas de anos, após a sua morte, colocaram seu nome e alcunha numa rua para que seja lembrado enquanto a memória dos vivos recordar o Parente. Vale mais tarde do que nunca.
Visite na Internet o site: www.terradovento.com

21 outubro 2008

Parabéns a Mim


Acordo sem sono, num esgar de impaciência do corpo adormecido. Os ponteiros incansáveis do relógio informam-me de que são cinco da manhã. Apercebo-me que esta noite, para além do silêncio oxigenado pela lua cheia, só existo eu. Sinto-me...Como é bom estar viva...

O coração a comandar as tropas do sangue que galopam pelas veias a disparar oxigénio para todas as ilhas do corpo. O cérebro a contar os tostões do pensamento e a apontar a contabilidade da vida no caderno rasurado da memória. E a alma, eterna fugitiva das grades materialistas da Ciência, encontra o seu refúgio a meio caminho, no último instante entre o sentir e o pensar.

Aqui, nesta noite cercada pela intensa magnitude da escuridão, escrevo a minha consternação alegre por poder desfrutá-la. Percorrendo a cronologia do passado, avisto inúmeros rostos que podiam ser o meu. Sob que desígnios sábios e ulteriores a nós próprios nos é concedido um rosto? Eu sou Eu. E, em ocasiões determinadas pelo germinar da felicidade amplamente desencravada dos terrenos calcários da possibilidade, este saber de mim própria refresca, com a intensidade das paixões proibidas, tudo o que sou.

Hoje a madrugada antevê o sol do meu aniversário. Descubro que quero receber muitos presentes, não daqueles de conteúdos efemeramente materiais, mas daqueles embrulhados na utopia.

Quero umas pastilhas elásticas com sabor a sol e a céu azul. Quero uns ténis específicos para correr na maratona dos sonhos. Quero um colchão anatómico para prevenir todas as noites a má postura da alma. Quero uns óculos que só ampliem a felicidade. Quero um quadro do passado pintado com as tintas da alegria. Quero um cachecol que proteja dos contratempos. Quero aspirinas para curar as tristezas do caminho. Quero os lápis de cor que me serviram para colorir a brevidade sorridente da infância. Quero que o espelho me devolva sempre a minha face, e não outra qualquer deturpada pelos outros ou inventada por um qualquer futuro que não seja o meu. Quero que todos os que habitam em mim se imobilizem na fugacidade do tempo e adquiram assim a consistência praticamente eterna das rochas. Quero segredos, muitos, contados pelos minúsculos átomos de sabedoria, que espero um dia virem a habitar-me total e permanentemente. Quero mais momentos assim, suspensos da ponta da caneta, à espera que os seus ruídos de algodão doce se inscrevam na memória do papel. E quero um pack de 365 noites como esta, em que a vida se apresenta numa lata de abertura fácil, escorrendo sob a forma de um líquido denso, púrpuro, brilhante, único e orgulhoso – Eu.

Por tudo isto e muito mais, o copo de champanhe que me escorrega com fremente ansiedade pelas mãos, merece ser tragado de um só golo. Parabéns a Mim!

(Como é bom ter a oportunidade de ser Eu no mundo previamente trilhado do convencional!)

15 outubro 2008

O propósito da vida

Recebi agora este e-mail e decidi partilhar convosco.

O autor do texto é João Pereira Coutinho, jornalista.


"Não tenho filhos e tremo só de pensar. Os exemplos que vejo em volta não aconselham temeridades.Hordas de amigos constituem as respectivas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário: estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. Percebo porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar.


Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição.


Eis a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida - mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito. É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de sonho.


Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac.É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. O que não deixa de ser uma lástima.


Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade!"

14 outubro 2008

Quero Conhecer o Aladino

Do alto dos meus vinte e tal anos só me apetece injuriar os energúmenos que inventaram as típicas histórias infantis e as criaturas boçais que insistem em contá-las, quais cassetes riscadas pela infrutífera passagem dos anos, aos filhos, aos netos, aos sobrinhos, aos afilhados, enfim, a tudo o que acabou de se estrear no mundo com a pompa, circunstância e, quiçá, felicidade da ignorância. Como se já não bastassem as inúmeras dificuldades que qualquer criatura imberbe tem de enfrentar (abandonar o instinto primata de progressão no terreno em quatro patas, conseguir fazer boa figura aquando da deglutição da papa e afins comestíveis, parar de grunhir berros atrozmente medonhos resultantes da abertura pouco parcimoniosa da goela, e aplicar o conceito modernamente higiénico de sanita), ainda a sobrecarregam com as ditas fábulas para crianças! Histórias que pretendem ser fantásticas mas que, na prática e a longo prazo, se revelam lamentavelmente nocivas para o cérebro singelamente ingénuo destas amostras de gente.

Eu própria fui afectada por este fenómeno mitómano perigosamente disseminado por toda a sociedade. Cresci a acreditar que uma data de coisas eram possíveis; baseei todas as minhas crenças e sonhos em alicerces que, à medida que fui crescendo, foram revelando uma consistência perigosamente periclitante. E sofri amargamente quando descobri que todas estas histórias da carochinha não passavam de um tremendo embuste para apaziguar as minhas ansiedades tenras de chavala minorca. Como prova de tudo isto, vou enumerar todas as aldrabices monumentalmente vergonhosas que me contaram, vandalizando-me selvaticamente a mente ao ponto de hoje em dia ser apelidada de louca por ainda desconfiar que o impossível se trata, afinal, de algo amplamente exequível:

O Capuchinho Vermelho
Quem não se lembra da menina, vestida de vermelho, que vai pelo bosque para visitar a avozinha e que, quando está a apanhar cogumelos, ou flores, ou o raio que a parta, dá, subitamente, de caras com o lobo mau? O lobo que, posteriormente, qual fã incondicional do Darwin, a vai tentar ludibriar com os argumentos de que a suas orelhas e os seus olhos cresceram em virtude, única e exclusivamente, das necessidades impostas pelo meio exterior. Este diálogo entre a netinha e a pseudo avozinha tem um je ne sais quois de perverso que agrada à maioria dos futuros tarados.

No entanto, as incongruências da história são muitas. Por exemplo, não obstante o sacana do lobo comer a avozinha, a dita idosa não só não morre, como o caçador faz o obséquio de a retirar da barriga do quadrúpede maléfico, atafulhando-lhe o bucho com uma colecção de pedregulhos. Logicamente, com este exemplo, cresci a pensar, não só que na sequência de ingerir um bife, me podia sair disparada uma vaca pela cavidade abdominal, como também que nunca se morre, e que o Bem vence sempre o Mal, sendo este último eternamente punido pelas suas infâmias. Até agora não vi nada disto a ser posto assiduamente em prática no ringue bárbaro e mortal da humanidade.

O Pinóquio

Este monstrinho de madeira vinha sempre à baila quando o objectivo se tratava de nos dissuadirem de mandar tangas. “ Olha que te cresce o nariz!”; “Olha o que aconteceu com o Pinóquio!”; “Se não queres ficar como ele não podes mentir!”
Desde quando é que uma mentira faz com que as narinas se dilatem e se contorçam até se expandirem monumentalmente para a frente? Se assim fosse, o nariz de quem nos contava este absurdo, já era demasiado infinito para ser, sequer, medido.

O Príncipe Encantado

O popular Príncipe Encantado, um garanhão irresistível e bondoso, fez as suas primeiras aparições na Cinderela e na Bela Adormecida, e, foi tal o seu sucesso, que a sua figura de cavaleiro andante se perpetuou no tempo, tendo sido incluída em todos os filmes românticos da Humanidade desde então. O problema acerca desta personagem apetecível é que faz com que toda a vida membros de ambos os sexos deambulem por aí, esperançosamente e com requintes de desespero, no intuito de encontrarem a pessoa mais que perfeita, a pessoa que na realidade não existe, porque, obviamente, para habitarmos racionalmente este globo imperfeito, temos de ser humanos, o que consequentemente significa: algo defeituosos. E, ainda que assim não fosse, desconfio que, no caso de certas mulheres, se o dito príncipe nunca lhes chegasse a cavalo ou de outra qualquer maneira assaz pomposa, nenhuma acreditaria que se tratava realmente do elemento da realeza porque esperaram embasbacadas, aturdidas pelo bater das doze badaladas e zonzas pela ressaca das abóboras, durante uma vida inteira.

A História da Carochinha

A Carochinha ensina às moças casadoiras a melhor estratégia para pescarem um noivo à maneira. Segundo a história, basta tomar um bom banho, vestir um vestidinho da moda e ir até à janela gritar a célebre frase: “Quem quer casar com a Carochinha que é bonita e perfeitinha?”. E é garantido que o João Ratão vai aparecer mais tarde ou mais cedo. A técnica usada é parecida com os pregões da praça utilizados na venda do peixe, pelo que concluo que as profissionais deste negócio não devem ter falta de maridos, ao contrário de muitas outras, fiéis praticantes de outros ofícios, que, à luz do sucesso da bicharoca bicolor, deviam parar de se inscrever em agências matrimoniais, estancar todas as actividades coquetes empreendidas na caça ao homem e ir para a varanda acenar aos transeuntes. Que bonito o mundo seria se as mulheres seguissem à risca este conselho e se tornassem meros bibelôs falantes a adornar o betão da civilização!

Os Três Porquinhos
Nesta história são exaltados os esforços e empenho do terceiro porquinho que luta para construir uma casa de pedra, enquanto que os seus outros dois irmãos de pocilga coçam a pevide. O desgraçado do lobo, eterno massacrado dos contos infantis, torna a sofrer as consequências do seu apetite voraz e acaba esfrangalhado num caldeirão. Aqui, a lição a retirar é a de que toda a gente é recompensada pelo seu trabalho... A minha mente vacila sobre a veracidade desta premissa...Imagine-se que o filho do terceiro porquinho herdava a fortaleza de pedra construída com o suor malcheiroso do progenitor suíno, onde é que fica a moral da história com esta alteraçãozinha banal?!? É caso para dizer que, neste caso, a moral da história vai com os porcos...Está mal! Não vivemos em nenhum antro bolchevique e, como tal, todas as tretas que nos contam desde chavalos deveriam reflectir a democracia moderna que, ainda que muito timidamente, nos rege.

A Branca de Neve e os Sete Anões
No que respeita à Branca de Neve, essa devassa que não se consegue contentar só com um anão, há que dizer que constitui um hino escabrosamente perigoso à poligamia que, como se sabe, é estritamente proibida e condenada pelos povos ocidentais. É vergonhosa esta plantação precoce das sementes da variedade sexual socialmente aceite nas fantasias dos putos, quando a sua futura matança com desfechos monogâmicos é algo que já se conhece à partida.

Concluindo e resumindo: fica aqui o meu modesto apelo para a substituição destas mais que ultrapassadas quimeras por histórias da vida real, mais ao estilo do Gato das Botas (o gatinho dócil que só precisa de um saco e de um bom par de sapatos para desvelar a sua astúcia através de actos tão perniciosos como ameaçar, enganar e matar) que, ao invés de deturparem cerebrozinhos em formação, vão apenas prepará-los para enfrentarem a autêntica selva que é o mundo! Estas invenções calamitosas são contraproducentes pois, na realidade, destinam as criancinhas indefesas a um futuro de revolta e infelicidade. Já para não falar do seu contributo na deturpação da imagem do lobo mau, um ser apresentado como supostamente vil mas que, contudo, se limita apenas a colocar em prática os seus fisiologicamente incontroláveis instintos de sobrevivência, como qualquer compêndio de Biologia poderá facilmente atestar.

PS: Passados estes anos todos, e não obstante o meu cepticismo antagónico em relação a estas histórias infantis, continuo a querer conhecer o Aladino. Acalento secretamente o sonho de lhe espetar um balázio na tromba mal ele me informe sobre a localização da lâmpada mágica com o respectivo génio que nela habita. Porque eu tenho muitos sonhos e porque eu sei que o génio, por ser dessa classe à parte da genialidade, não ia faltar à promessa que fez de conceder três desejos a quem o liberte do receptáculo onde está enfiado há milhares de anos.

02 julho 2008

Motivação e Futebol

Li o artigo do Hélder "What 8 Things Do Employees Want? (Hint: Money's Not on the List)" e concordo inteiramente com o mesmo e com os comentários que ele faz no final.

Acredito que pessoas só se motivam com a remuneração se o que ganharem não for suficiente para cobrir as suas necessidades (quais as necessidades de cada um já poderá ser assunto para outro post).

Em termos empresariais fala-se muito em ROI (Return on Investiment), um indicador financeiro (para quem não conhece).
Citando a minha Directora, o ROI do Colaborador é o seguinte:
R - Reconhecimento
O - Oportunidade
I - Informação

Ora vamos analisar isto com a metáfora do Futebol.

Comecemos pelo último, INFORMAÇÃO:
Imagine o seguinte cenário: Nunca ouviu falar de futebol na vida. Não conhece as regras, nem como funciona praticamente nada. Concorre para a função "Futebolista" e o vosso novo chefe mete-o no campo sem praticamente lhe dizer nada.
Dá-lhe uma bola para as mãos e "leva na cabeça" pois só se pode tocar com os pés. Vê a bola e começa a chutar sem objectivo. Obviamente que falha a baliza, pois nem sequer sabem que é suposto rematar para lá. Quantas vezes os vossos chefes (digo chefes de propósito, para os distinguir dos lideres) vos pedem o mesmo? Que apenas chutem a bola sem vos dizer qual o objectivo de a chutar?

Passemos à OPORTUNIDADE:
Passado algum tempo de treino sem objectivo e de "levar na cabeça" por parte do treinador e dos colegas, começa a perceber que joga à Defesa e que o seu objectivo principal é não deixar que o adversário chegue à vossa baliza. No entanto sabe que se sentiria muito melhor na função de Avançado (estaria mais motivados e acredita que conseguiria fazer um melhor trabalho). A equipa precisa de um novo Avançado mas o treinador em vez que aproveitar o seu potencial (ou de pelo menos tentar) vai buscar um jogador ao mercado. Quantas vezes já viram isto acontecer? Se calhar vezes de mais, não?

Por último, cheguemos ao RECONHECIMENTO:
O avançado que foi contratado afinal não fez um bom trabalho (será que também ninguém lhe explicou o objectivo da sua função?) e foi dispensado da equipa passado pouco tempo. Você sentiu coragem e propôs ao seu treinador que o deixasse experimentar a função. Ele aceitou e você começa a treinar na nova posição. Sente-se mais motivado pois já percebeu as regras do jogo e identifica-se muito mais com as suas novas tarefas.

Chega o dia do jogo. Um projecto importantíssimo. Uma final. Estádio cheio. 120mil pessoas.

1º jogada: Recebe a bola de peito, domina-a e remata ao angulo. Bate na trave... Sente que esteve quase lá! No entanto, todo o estádio o assobia. O seu treinador chama-lhe incompetente.

2º jogada: finta três adversários, ao estilo "Ronaldo" e, frente a frente com o guarda-redes, dá o seu melhor, rematando uma bola praticamente impossível de defender.... Infelizmente o Guarda-redes fez mesmo o impossível e defendeu... Mais uma vez o estádio assobia, chama-lhe nomes e o seu treinador, coerente, chama-lhe incompetente.

3º jogada: Faltam 30 segundos para o final e o jogo está empatado. Corta uma jogada de contra-ataque da equipa adversária no seu meio campo (algo que não era muito bom a fazer mas que desta vez conseguiu). Olhou e viu que tinha praticamente toda a equipa adversária pela frente mas sente-se inspirado! Qual Maradona, decide avançar pelo campo. Finta um...finta dois...finta três! Ainda faltam dois... Segue em frente. Faz uma "revienga" ao primeiro e passa a bola por cima do segundo. Só falta o guarda-redes. Não satisfeito, levanta a bola com o calcanhar e, rodando sobre si próprio, faz um pontapé de bicleta melhor que os do Pelé e marca um golassso! Está radiante! Corre e pula pelo campo!
No entanto o estádio está em silêncio, assim como os seus colegas de equipa e o Treinador. Afinal não fez mais do que aquilo para o qual é pago...

Este cenário é-lhe familiar?

01 julho 2008

Autarquias e a difícil digestão dos Blogs

Câmara da Póvoa de Varzim contra dois blogues


PEDRO FONSECA
SARA MATOS

Blogue. Presidente quer desvendar anonimato

Em lugar do povoaonline surge o povoaoffline, onde é reproduzida a notificação judicial

É a segunda vez que Macedo Vieira e Aires Pereira, respectivamente presidente e vice-presidente da Câmara da Póvoa de Varzim, requerem judicialmente o encerramento de blogues críticos à sua actuação.

O povoaonline foi encerrado na semana passada pelo Google após intervenção judicial, o que gerou vários comentários em blogues e, ontem, uma notícia no Público. Entretanto, surgiu o povoaoffline onde se reproduz a notificação judicial e se faz a apologia irónica do presidente da Câmara. O autarca já admitiu requerer o seu encerramento se "enveredar pelo caminho do anterior". Macedo Vieira garantiu ao DN que o povoaonline "é o primeiro" que processa, visando "uma decisão judicial para que o Google identifique a pessoa" que o gere. O que o move é contrariar "o anonimato, ele que dê a cara" porque "é importante conhecer os autores" do que alega serem difamações pessoais, familiares e profissionais.

Num outro caso, em Novembro de 2006, os mesmos dois autarcas sociais-democratas "apresentaram acusações no Ministério Público contra o blog Cá 70 de Silva Garcia, vereador do PS", revelava então o Póvoa Semanário. Garcia renunciou ao cargo em Março passado afirmando: "saio por náusea e como protesto contra um estado de coisas inaceitável".

Vieira desmente qualquer processo com o Cá 70, excepto por um artigo de opinião do seu autor num jornal em que o apelida de "idiota". "Com o Cá 70 não há nada", afirmou ontem telefonicamente, e o blogue nunca foi processado, "que eu tenha conhecimento".

Com o título "Presidente da Câmara em guerra com a blogosfera", o artigo do semanário era peremptório. A autora do artigo já saiu do jornal mas a directora Catarina Pessanha confirmou que "não houve desmentidos" à notícia. A providência cautelar para o encerramento do povoaonline foi aceite num tribunal de Lisboa e, em Maio, notificada a Google (detentora do Blogger) para agir no prazo de 10 dias. O tribunal enviou o aviso à Google Inc. para o endereço da Google Portugal, subsidiária que "não tem nada a ver" com este assunto, diz o seu responsável Paulo Barreto.

A Google não respondeu em tempo útil sobre a forma como encerrou o blogue quando assegura nos seus termos de serviço que só responde perante os tribunais da Califórnia (EUA).|

What 8 Things Do Employees Want? (Hint: Money's Not on the List)

What 8 Things Do Employees Want? (Hint: Money's Not on the List)

Topic: HR Management

Tangible rewards play a role in job satisfaction, says today's expert, but for many workers, the "happiness factor" depends heavily on intangibles, such as respect, trust, and fairness.

Is money the key to retention and productivity? It helps, says the Christian Science Monitor's Marilyn Gardner, but it's not enough. Beyond pay and benefits lie eight key factors that influence "happiness" at work-factors that motivate workers and keep them at your organization. Here's our distillation of Gardner's eight factors, as found on the website, communityinvestmentnetwork.org.

1. Appreciation

Praise heads the list for many workers, and it doesn't cost the employer anything to provide it, says Gardner. A sincere thank you or a short note can mean a great deal.

2. Respect

Again there is no cost and a big payback. Respect plays out in letting people know that their work is appreciated, in treating them like adults, and in being fair in your dealings with them.

3. Trust

Trust is the action side of respect. People need guidance, but they need to know that their boss trusts them to be able to get a job done on their own.

4. Individual Growth

Today's workers-especially the Gen Y group-want training, want to take on new challenges, and want to advance based on their new abilities. Giving a raise without increasing responsibilities could actually backfire, notes Gardner. As one expert says, if you give more money to an unhappy employee, you end up with a wealthier unhappy employee.

5. Good Boss

It's the old saw: People don't leave companies, they leave bosses. In a recent Robert Half survey, Gardner notes that 1,000 Gen Y workers ranked "working with a manager I can respect and learn from" as the most important aspect of their work environment.

6. Compatible Co-workers

Working with people you enjoy is also very important, says Gardner. Spending the day-every day-with people you don't like does not make for a productive workplace.

7. Compatible Culture

Employees want a work environment that fits their needs. That could mean hard-driving, high paying, or it could mean high flexibility and significant attention to work/life balance.

8. A Sense of Purpose

People want to know that they are contributing to something worthwhile. They need to know what the organization's core purpose is and what it is trying to achieve. And then they need to know how their particular job fits into the whole.


One of the interesting things that Gardner discovered about employee "happiness" is that there is a disconnect between what managers think and what employees think about happiness at work.

Managers tend to think that salary and benefits are the main motivators, while workers consistently respond that factors such as those mentioned above are what's important. Successful organizations will find a good balance to retain their best people.


Comentário:

Há vários anos que trabalho os temas da Gestão das Pessoas e sempre defendi que não é só com dinheiro que se motivam as pessoas.

Tenho recebido muitos comentários trocistas quando o digo, "porque o dinheiro é que é importante, etc e tal"... mas ainda bem que há estudos que provam o que já observei muito no 'terreno', que a maior parte das vezes, é com outro tipo de estrategias que se conseguem trazer as pessoas para o compromisso.

Lembro-me em particular de um caso de um colaborador (infelizmente já falecido num acidente), em que bastou mudá-lo de funções para um lugar mais adequado ao seu perfil, e em que as tarefas pelas quais era responsável faziam-lhe muito mais sentido.

Mas ainda deixo uma provocação... pense no seu PIOR CHEFE, mesmo no pior que alguma vez teve que aturar... já pensou?

Então agora faço-lhe uma proposta: e se lhe pagassem o dobro do que recebe agora, voltaria a tê-lo como chefe?

Reflicta na sua resposta. Não naquela que verbaliza, mas naquela que lhe veio de imediato à cabeça



Helder Figueiredo

03 junho 2008

Desenvolvimento Económico em Alpiarça (2001-2005)




Numa pesquisa que precisei de fazer para um projecto em que estou envolvido, descobri que o Governo Civil de Santarém publicou recentemente um documento intitulado "Dinâmica Empresarial Concelhia no Distrito de Santarém", e que está diponível na íntegra na internet no link que vos disponibilizo.

É um documento para ler com mais calma, e sobretudo para ler de forma comparativa aos concelhos vizinhos do nosso.

Para início de reflexão, deixo aqui a síntese conclusiva relativa a Alpiarça, agora que devemos preocupar-nos com o futuro e quem irá governar os destinos da autarquia.

Gostava de ver os candidatos apresentarem propostas de soluções para esta situação.

HF


4.6- Síntese Conclusiva

A) No intervalo em análise, o concelho de Alpiarça viu o seu parque empresarial crescer 26,5%
(+55 unidades), tendo esse incremento assumido temporalmente uma forma tendencialmente
uniforme. Contudo, na criação de postos de trabalho a evolução verificada foi inversa à
anterior.
No mesmo período, desapareceram 326 empregos, com especial incidência nos últimos três
anos. A conjugação das duas variáveis – empresas e emprego – revela um acentuado
decréscimo da dimensão média das empresas, que passou de 7,2 para 4,5
trabalhadores/sociedade.
B) Na dinâmica sectorial, a indústria transformadora manteve as mesmas unidades, tendo os
maiores acréscimos ocorrido na actividade “agrícola e pecuária”, com + 14 empresas, seguida
da “construção e obras públicas” (+13), “comércio e hotelaria” (+ 11) e “transportes e
comunicações” (+8).
Por volume de emprego, à excepção dos “transportes e comunicações”, os restantes sectores
perderam postos de trabalho, sobressaíndo a actividade “agrícola” que, no período, foi a que
mais decresceu (- 206).
Este facto originou que todos os sectores de actividade empresarial vissem reduzir a sua
dimensão média laboral, com maior expressividade no sector agrícola. A ocorrência de
eventuais ganhos de produtividade poderá ter justificado a evolução em sentido inverso das
duas variáveis.
C) O sector industrial do concelho manteve praticamente a mesma estrutura empresarial. Perdeu
uma unidade de “máquinas e equipamentos” e ganhou uma na “metalúrgica de base”.
Em matéria de volume de emprego, a indústria da “madeira e cortiça” foi a única que perdeu
postos de trabalho (-39), reduzindo substancialmente a sua dimensão média. Em termos
quantitativos, a “indústria alimentar” continua a ser preponderante no número de empresas
societárias do sector industrial.
O peso do volume de negócios da actividade industrial no contexto global do concelho de
Alpiarça representava cerca de 47%, valor com uma certa expressividade na economia do
município.
D) Na evolução da dinâmica empresarial para o conjunto dos últimos três anos em análise,
registou-se um saldo nulo, já que durante 2005 o número das empresas dissolvidas anulou a
criação líquida dos dois anos anteriores, indiciando uma relativa estagnação do dinamismo
empresarial em Alpiarça.
E) Se bem que haja um desconfortante desconhecimento de grande parte dos valores relativos ao
comércio externo das empresas sediadas no concelho de Alpiarça, devido á confidencialidade
estatística derivado do pouco número de unidades envolvidas, mesmo assim, constata-se que o
peso do mesmo é muito diminuto no computo de negócios concelhio, possuindo o município
uma balança comercial assumidamente deficitária.

30 maio 2008

Executivo socialista de Alpiarça comparado a “uma espécie de sanguessuga”

Artigo Publicado no Jornal O Mirante desta semana

SECÇÃO: Política

Executivo socialista de Alpiarça comparado a “uma espécie de sanguessuga”


A maioria socialista e o presidente da Câmara de Alpiarça foram os bombos da festa num debate organizado pela CDU no qual se referiu que o poder em Alpiarça está a defraudar os munícipes.

A CDU quer reconquistar nas próximas eleições autárquicas a Câmara de Alpiarça, que perdeu para o PS em 1997. Num debate no centro de trabalho do PCP da vila, na noite de sexta-feira, 23 de Maio, o actual vereador, que é apontado como o mais provável candidato da coligação, referiu que esta é a melhor altura para destronar a maioria socialista liderada por Joaquim Rosa do Céu porque a “gestão está desgastada e mais frágil”. Mário Pereira atacou também o presidente do município dizendo que este tem tentado apagar o trabalho que a CDU e o PCP fizeram enquanto geriram a autarquia desde as primeiras eleições após o 25 de Abril de 1974.

O debate que durou mais de duas horas foi na maior parte do tempo dominado por ataques aos socialistas e a Rosa do Céu. “Em 1997 surgiu em Alpiarça uma espécie de sanguessuga que tem vindo a sugar o que havia para sugar, até a memória das pessoas. Sugam o património municipal e a confiança dos munícipes”, disse Henrique Arraiolos que já foi vereador da CDU.

O militante comunista Álvaro Brasileiro preferiu comparar os socialistas a outros bichos. “Depois do 25 de Abril criámos um belo edifício em Alpiarça e depois deixámos entrar os ratos, os fungos, as baratas e todo o tipo de bicheza. É altura de fazer uma desinfestação e colocar este edifício (o município) ao serviço do povo”.

Mário Pereira comentou que os socialistas estão à frente da câmara “sem grande motivação e faltando-lhe o apoio do povo”. “Há pessoas que se sentem defraudadas e há muitas promessas não cumpridas”, salientou, acrescentando que muitos dos projectos concretizados pelo PS já tinham sido idealizados pelos comunistas. O vereador alertou para o facto do slogan do município “Vila Tranquila; Vida de Qualidade” está cada vez mais desadequado. “Temos problemas graves de insegurança, com assaltos, vandalismo e até com tiros disparados contra o posto da GNR”, lembrou.

Na sessão, que contou com cerca de uma centena de pessoas, o vereador da oposição criticou também o actual clima de crispação supostamente instigado pelo presidente Rosa do Céu, “não só com a oposição como também com os munícipes”. “Há pessoas que têm receio de falar com outras. Há trabalhadores da câmara com receio de expor os seus problemas e até de fazer greve para exigirem melhores condições”, denunciou.

Uma eleita na Assembleia Municipal de Alpiarça, Graciete Brito, referiu que quando um eleito da CDU critica a falta de limpeza na vila os socialistas vão dizer aos trabalhadores que os comunistas os estão a criticar com o objectivo de descredibilizar esta força política quando, acrescentou, o que se pretende é criticar a gestão que é feita dos serviços.

O presidente da Câmara de Benavente, António José Ganhão (CDU), que participou no debate, referiu-se a este caso dizendo que “é preciso ter cautelas” perante estas atitudes que classificou de “canalhas”. “Ninguém se prestigia com atitudes dessas e quem as pratica acaba por sair mal porque as canalhices são censuradas pelos munícipes”.

27 maio 2008

A digna profissão de ferrador

Patacão é uma pacata aldeia situada algures nas margens do Tejo. Povoação esta com cerca de duas mil almas. Nela vive Camilo Santos alcunhado já vai para algumas dezenas de anos por “Camilo Serra-Cornos”. Possuidor e respeitado pela sua profissão que de tão nobre ser, tão poucas existem por terras do interior. Todos que precisam dos seus préstimos o conhecem. Vem dos confins do mundo em busca da perfeição daquilo que aplica quando executa o melhor que sabe fazer: «ferrar bestas» assim apregoa Camilo.
Casado, já vai para sessenta anos com a Milinha, formam um casal de anciãos, fazendo inveja a muitos outros. Não há nenhuma excursão domingueira que a D. Noémia leve a efeito que não conte com a presença dos dois. No autocarro a viagem é de alegria contagiante. Cantam e dançam, valendo o casal por todos os acompanhantes, porque este «dia de descanso é para passear». Nos outros, Camilo trabalha que se farta. Ainda o Sol se esconde do lado de lá da maracha já ele deu de comer ao gado como tomou o «mata-bicho» para ter forças nas actividades ligadas à sua profissão. Esta exige-lhe a máxima atenção e esforço, porquanto de vez em quando «uma besta tresloucada teima em dar coices». Como só ele sabe da arte, tem que se resguardar a si próprio, pois nas «redondezas não existe tamanho entendido». Não ignora que quando «partir para o outro lado» os clientes vão ficar aflitos para encontrar quem lhes faça aquilo que só ele sabe e pode.
Não tem medo do trabalho que «está para durar». Apenas o assusta, como à sua companheira, os dias invernosos por causa do barulho que os salgueiros teimam em fazer quando o Vento os apoquenta. «Cambada de árvores que se dobram até ao chão mas nunca quebram». Até parece que o «diabo anda à solta por estas bandas parecendo que o”siroco” quer levar tudo que encontra pela frente».
Quando vai à Sede da vila, todos o cumprimentam, mesmo sabendo, que alguns lhe acenam por causa da sua profissão e da alcunha. Talvez não tenham noção é que Camilo lhes vai tirando do bolso a sua subsistência, permitindo-lhe levar o resto da vida desafogado e rindo-se para dentro de si com o pensamento daquilo que só ele sabe mas que não diz a ninguém.
Na lista de clientes, que têm como “fixos” contam-se a continuidade semanal de «doutorados e ilustres agricultores. Nos dias que correm ter uma burro ou um cavalo é sinónimo de riqueza». Deste desafogo vive Camilo e aqueles que dele dependem. Alguns clientes vêem de bastante longe. Outros para se destacarem, mandam os motoristas buscar o ferrador que para o efeito faz-se «acompanhar do ferramental para nada falte» a quem tão bem paga».
Recentemente apareceu no Patacão um idoso, vindo do Norte. Bem janota, de saco às costas, trazendo no interior as migalhas para o dia depois de já ter percorrido caminhos serpenteados na busca de quem lhe valha no arranjo do seu animal por «causa da falta de ferrado, que dia após dia só faz coxear».
Logo chegado, entrou na barbearia do senhor Canoso, talvez por entender que é o melhor ponto de encontro, perguntou pela estância do curador, de quem já a «algum tempo tem ouvido dizer as melhores alusões». Dos presentes, respondeu o habitual pândego das redondezas: «amigo, não tem nada que errar, logo que chegue à “Rua do Taborda” junto ao largo da igreja, na primeira casa da esquina é ai que mora o “Serra-Cornos”».
O desconhecido pasmado com a alcunha interpelou o falador se na verdade «esse é o nome de tal ilustre?». O gaiteiro com «cara de puxar para o gozo» afirmou-lhe: «É sim senhor. Vá com Deus e descanse porque é assim que o dito é conhecido por estas paragens. Poucos sabem de seu nome verdadeiro. Quando bater à porta, chame-o pela alcunha».
O pobre homem desconhecedor das partidas de tal brincalhão, assim fez. Logo localizada a habitação, bateu no velho postigo, aparecendo-lhe então a Milinha que lhe perguntou: «que deseja vossemecê a estas horas?» disse-lhe então o forasteiro: «é aqui que mora o “Serra-Cornos”?».
Milinha, olhando bem olhos nos olhos o viajante, dando a impressão que não estava a ouvir bem a pergunta, educadamente volta-lhe as costas, para gritar de seguida bem alto para o marido: «Camilo vem já à porta que está aqui um desalmado que os quer serrados!»
Visite na Internet o site: www.gazetadospatudos.com

23 maio 2008

Autárquicas 2009 em Alpiarça... Um desafio aos bloggers

Daqui a alguns meses irão provavelmente começar a surgir os primeiros candidatos às próximas eleições autarquicas em Portugal.
Em Alpiarça, pelo que tenho vindo a acompanhar nos jornais da Região, é quase um dado adquirido que o actual presidente não se irá candidatar.
Navegando nos blogs, e em especial no Rotundas, é possível ler um conjunto de comentários sobre eventuais nomes que irão ou poderão estar presentes nessa corrida.

Não me interessam os nomes nesta fase, pelo que lanço aqui um desafio para começarmos do princípio, ou seja, definir o perfil de quem deve estar à frente dos destinos da autarquia.

É assim que se faz nas empresas, primeiro define-se o perfil do candidato, depois procura-se esse candidato, e no final selecciona-se o que estiver mais próximo do perfil.

Por isso, gostava de ter as vossas opiniões relativamente ao perfil do que poderia ser o candidato ideal.

Para início de conversa, e aproveitando um dos comentários que já foi feito sobre este tema no rotundas, deixo uma sugestão que subscrevo quase na íntegra:

"O(a) próximo(a) Presidente da Câmara Municipal de Alpiarça deveria ser alguém com mais ou menos o seguinte perfil: Independente de partidos políticos; Empresário ou Empreendedor com méritos públicos e reconhecidos, de preferência que se estivesse, literalmente, a cagar para cargos e 'tachos', que não dependesse financeiramente do cargo de presidente nem das suas intricadas ligações, e acima de tudo que fosse um alpiarcense querido dos demais.
Deveria ser alguem com muito boa capacidade de comunicação e que primasse pela honestidade, sinceridade e verticalidade."


Já temos então algumas competências e comportamentos desejados.

Fico a aguardar os vossos perfis e no final comprometo-me a desenhar um perfil que sirva quase como o texto para um anúncio de jornal a pedir um candidato. Provavelmente até desenho o anúncio.

Força,

HF

15 maio 2008

Rosa do Céu quer retirar ao PCP concessão de pavilhão da feira

Notícia publicada no jornal O MIRANTE

As relações entre socialistas e comunistas em Alpiarça continuam tensas e a proposta do presidente Rosa do Céu (PS) para que o PCP entregue o pavilhão da feira está a azedar ainda mais o clima político.


O presidente da Câmara de Alpiarça, Rosa do Céu (PS) quer acabar com a concessão do pavilhão do recinto da feira ao PCP. O imóvel foi construído pelo partido e inicialmente cedido em direito de superfície aos comunistas da vila por um período de 20 anos que está agora a terminar. Mas em 1997, com base numa deliberação camarária aprovada por unanimidade, o terreno foi vendido ao partido em direito de superfície por cinquenta anos e pelo valor de 150 escudos (cerca de 75 euros) o metro quadrado. O presidente vem agora dizer que esta concessão é ilegal porque já havia uma anterior, apesar de existir um contrato-promessa de compra e venda que indica o segundo prazo. O PCP já veio dizer que a atitude do presidente é “provocatória e de má-fé” e que se insere “num clima de intimidação e de perseguição não só ao PCP, mas também às forças vivas” do concelho.

Na proposta que Rosa do Céu apresentou na última reunião de câmara, e que acabou por ser retirada para ser discutida na próxima sessão, considera que não foi feito nenhum requerimento para que o pavilhão fosse concedido por 50 anos e alega que a deliberação que concedeu o direito de superfície por este período “é nula por total impossibilidade legal”. No entender do presidente, o espaço já tinha sido concedido antes por 20 anos e quando foi decidido (também com os votos do PS) dar o direito de superfície por 50 anos ainda não tinha acabado o prazo da primeira concessão. O autarca diz ainda que “a concessão foi feita para efeitos não lucrativos” e que o que se deliberou era “claramente um ajuste directo sem qualquer concurso prévio”, o que em seu entender “também a torna nula”.

No documento que apresentou, Rosa do Céu não se limita a dizer que quer acabar com a concessão, exigindo que o PCP além de devolver o espaço com as construções custeadas pelo partido informe a câmara “do lucro obtido desde o momento em que permitiu à Cooperativa Centro Futuro Agrícola de Transformação de Alpiarça (uma organização do partido) explorar o pavilhão como restaurante, sem qualquer autorização da entidade cedente”. Refira-se que no pavilhão, concessionado no tempo em que o PCP geria a câmara, têm decorrido iniciativas abertas à população. O direito de superfície por 50 anos foi deliberado dias antes do partido ter perdido as eleições para os socialistas liderados por Rosa do Céu.

Esta intenção não é nova. Já em Novembro de 2002 Rosa do Céu propôs e foi deliberado por unanimidade remeter o processo para apreciação jurídica “tendo em vista ajuizar da legalidade da deliberação da entrega do terreno municipal, em direito de superfície, a um partido político sem hasta pública, e alteração do prazo de vinte para cinquenta anos, sem qualquer requerimento nesse sentido e sem revogação de anterior deliberação”, diz a acta. Mas o PCP, garante, não mais foi notificado de qualquer ilegalidade e não se falou mais no assunto até agora. Este caso vem uma vez mais reflectir as tensas relações políticas entre os dois partidos que têm passado por acusações e acesas discussões sobretudo nas assembleias municipais.

Em comunicado, a Comissão Concelhia de Alpiarça do PCP diz que Rosa do Céu é “incapaz de resolver os problemas do concelho” e que “resolveu criar mais um caso para distrair os alpiarcenses”. “Ao atirar-se contra o Pavilhão do Partido, o presidente da câmara resolveu, mais uma vez, afrontar e ofender, não apenas os comunistas, mas também muitos homens e mulheres que, com trabalho voluntário, donativos e oferta de materiais, contribuíram para a construção daquele espaço”, refere, acrescentando que o pavilhão tem sido um local de convívio não só dos comunistas como de toda a população.

Comentário:

Meus amigos, façam o que bem entenderem... mas por favor não acabem com as bifanas por altura das feiras.

Helder Figueiredo

As Nortadas de Abril

As Nortadas de Abril

Por: António Centeio

Sempre que posso vou até à Praia da Vieira. Nunca nos meses de maior confusão mas naqueles em que as pessoas são poucas e que todo o espaço é nosso. Sinto-me uma criança quando vagueio nas poucas ruas estreitas e empedradas ou naquelas manhãs prazenteiras em que se cheira a terra molhada. Quando respiro o ar fresco da manhã sinto a minha alma sorrir para a mãe natureza. Na Praia da Vieira, o Céu e a Terra parecem tocar-se e fundir-se numa só essência.
Um dos locais de repouso obrigatório é na esplanada do café do meu amigo Lello que nas horas vagas adora desenhar no papel aquilo que a sua imaginação lhe transmite. Às vezes é tão perfeito naquilo que faz que até consegue desenhar o som de uma lágrima a cair.
Os seus desenhos são ex-libris. É o conteúdo que gosta de oferecer ou mostrar a quem perde horas na mais genuína cavaqueira. Conta-nos parte das aventuras que já teve quando, percorreu parte do mundo, para mais tarde regressar às origens. Diz que todas as viagens têm destinos que não compreendemos. Ainda hoje adora viajar sem destino, pelo simples prazer de viajar, possivelmente uma das razões do seu mistério quanto a viagens como dos Sete Sois, simbologia esotérica que acompanha os viajantes e que estes desconhecem na magia nos números.
Agora que já calcorreou meio mundo explora este espaço. Nas noites quentes é normalmente ocupado por pessoas que aqui gostam de passar as férias. Depois tem como companhia seres como eu ou outros escribas que aqui se inspiram. Ao mesmo tempo apregoa que no seu «espaço algumas obras já foram iniciadas como a presença assídua de letrados são uma constante».
Homem culto e modesto mas com um coração do tamanho do mundo sabe recompensar quem o ouve. Para os menos viajados, tem uma forma de detalhe muito própria, fazendo com que todos fiquem a conhecer o lado de lá de Espanha.
Ensinou-me que a «Praia da Vieira nasceu de uma pequena comunidade de pescadores que se lançavam ao mar embravecido em grandes barcos em forma de meia-lua, para horas depois, com a ajuda de uma junta de bois, arrastarem para terra as redes cheias de peixe». Este tipo de pesca artesanal chama-se “Arte Xávega”. Mas a «acção do mar, do vento e das areias tornaram difícil a fixação humana». Hoje quando o «mar permite, mais ou menos a partir da Primavera e até final do Verão» lá se faz ao mar, um pequeno barco típico, que vai deixar as redes. Mais tarde, com a ajuda dos «mais curiosos que estão na praia» puxam-se as redes, para a areia, cheias de peixe a brilhar.
Sabe também que alguns escritores deixaram na “memória do tempo” pequenos retalhos onde está bem descrito como famílias de outrora tiveram que «ir por aí abaixo em busca de melhores condições», hoje, conhecidos como os “Avieiros”. Num preâmbulo ao acaso citou-me de cabeça um pequeno enxerto do romance “Nascida Na Terra do Vento”«…visitaram as aldeias avieiras, que foram em tempos uma comunidade de avieiros, pescadores que vieram de Vieira de Leiria em meados do século passado e aqui (margens do rio Tejo, entre Constância e Vila Franca de Xira) edificaram as típicas casas em madeira, construídas a pensar nas cheias de Inverno…». Uma autêntica enciclopédia este meu amigo.
No seu “dia de descanso”tem de ir ao mar gostem ou não os pardais quando fazem chinfrim nos telhados logo que rompe o Sol. Não sabe viver sem falar para o mar -talvez para soprar aos ventos aquilo que só a sua alma sabe.
Da sua esplanada posso ouvir o barulho ensurdecedor que as ondas raivosas fazem rebentando desalmadamente na areia como se esta fosse culpada. O cheiro do rebentamento das ondas delicia-me. O mar faz-me sentir um minúsculo grão de areia. Assusta-me pensar na minha pequenez perante o mar para ao mesmo tempo o Sol me seduzir quando desaparece no crepúsculo cintilante de azul a ouro.
Outras vezes, quando as noites estão mais tranquilas e as estrelas salpicam o céu negro viajo no silêncio da noite para ver se encontro o local onde estão as pequenas luzes que iluminam aqueles que buscam melhores dias.
Da última vez que lá estive a longa avenida estava cheia de areia dando a impressão que a maldade do homem a tinha tirado da praia. O resplandecente mostrava tristeza. Até o areal estava devastado pela falta da essência que faz a sua beleza. Os ventos das «Nortadas de Abril» com a sua fúria tinham roubado a areia para a colocar no caminho do vaivém das pessoas.

14 maio 2008

Os 10 Mandamentos do Comportamento à Mesa

POR MARIA DUARTE BELLO
COACHING E GESTÃO DE IMAGEM
maria.duarte.bello@sapo.pt

Publicado no jornal www.oje.pt de 13 de Maio

1º Abolir o desejar bom apetite.

É um hábito em desuso
e pouco elegante.

2º Postura adequada.

Sentado de costas bem direitas,
levando o talher à boca e não a boca
ao talher. Os cotovelos não devem
estar apoiados na mesa enquanto
come, só os pulsos. Não descalçar
os sapatos debaixo da mesa.

3º Saber usar o guardanapo.

Deve colocar-se sobre o colo
e não enfiar na gola ou fazer dele
um avental. Limpar sempre os
lábios antes e depois de beber para
não deixar marcas no copo. Quando
se levantar da mesa coloque
à esquerda do prato sem o dobrar.

4º Uso correcto dos talheres.

A faca é o único talher que
não é levado à boca. Os alimentos
devem ser cortados e comidos
um bocadinho de cada vez. A faca
é dispensada quando os alimentos
podem ser cortados sem dificuldade
com garfo, como lasanha, ovos
mexidos e saladas. Usa-se as mãos
para partir pão, comer espargos,
marisco e frutas de pequenas
dimensões como cerejas e tâmaras.

5ºTossir ou espirrar.

O mais discreto que conseguir
e nunca em direcção aos vizinhos
de mesa ou respectivos pratos.
Para assoar dá-se uma volta ao
corpo, afastando-se ligeiramente
com o mínimo de ruído sem
olhar para o lenço e dobrando
rapidamente. Caso necessário
pedir licença para sair da mesa
e voltar recomposto.

6.º Evitar gestos vulgares

Não emitir ruídos ao mastigar
ou engolir, não inclinar a cabeça
sobre o prato. Não cheirar nem
afastar a comida com o garfo para
a beira do prato. Mastigar com a
boca fechada e só após ter engolido
se leva outro pedaço à boca. Não
beber e mastigar em simultâneo.

7º Conversa equilibrada.

Evitar dirigir-se sempre à mesma
pessoa evidenciando preferência.
Equilibrar o tempo na conversa que
mantém à direita e à esquerda.

8º Valorizar a qualidade e o aroma.

O vinho deve ser bebido lentamente não esvaziando
o copo de uma só vez. Não se ergue
demasiado o copo e muito menos
inclina a cabeça para trás
como fazem os passarinhos.

9º Minimizar os icidentes.

Não chamar a atenção para
um copo ou talher sujo, cabelo
no prato ou um visitante indesejável
na salada (com excepção
de refeições no restaurante
e mesmo assim com discrição).
Se entornar vinho sobre a toalha
desculpe-se, se o fizer no vizinho
de mesa ofereça-se para ajudar
sem insistir exageradamente.

10º Para brindar.

Os brindes fazem-se no final
da refeição após um discurso.
Levantar o cálice e beber sem bater
com os copos uns nos outros
ou proferir o conhecido tchim-tchim.
Quem é abstémio, finge beber.
Desastre total é ter um copo na mão
com o dedo mínimo levantado.

12 maio 2008

Autarca de Alpiarça eleito presidente da comissão instaladora da área regional turismo Lisboa

Turismo: Autarca de Alpiarça eleito presidente da comissão instaladora da área regional turismo Lisboa
09 de Maio de 2008, 14:56

Santarém, 09 Mai (Lusa) -- O presidente da Câmara Municipal de Alpiarça, Joaquim Rosa do Céu (PS), foi hoje eleito presidente da comissão instaladora da Área Regional de Turismo de Lisboa, a maior das cinco áreas regionais criadas pelo Governo.

No final de uma reunião em que a comissão instaladora, que integra 11 membros, foi eleita, Rosa do Céu apontou como prioridade a elaboração dos estatutos desta área regional, os quais irão estabelecer a designação e a sede, seguindo-se a constituição da assembleia eleitoral que vai eleger os futuros órgãos dirigentes.

Esta foi a primeira das cinco áreas regionais de turismo, criadas em decreto-lei publicado no passado dia 10 de Abril, a eleger a respectiva comissão instaladora, que, "por questões operacionais", ficará a funcionar nas instalações da agora extinta Região de Turismo do Ribatejo, em Santarém, disse.

Rosa do Céu adiantou que a comissão vai pedir à tutela para clarificar a forma como se fará a gestão corrente (incluindo o pagamento de funcionários) da actividade até aqui assegurada pelas regiões de turismo, uma vez que o decreto-lei tanto atribui essas funções à comissão instaladora como admite que as anteriores estruturas se mantenham em funções.

A comissão instaladora tem um máximo de seis meses para dar lugar aos novos órgãos dirigentes, um prazo que Rosa do Céu gostaria de ver reduzido, o que não será fácil, uma vez que a proposta de estatutos terá de ser ratificada pelas câmaras e assembleias municipais de todos os municípios envolvidos.

A nova lei considera cinco áreas regionais, que reflectem as áreas abrangidas pelas unidades territoriais utilizadas para fins estatísticos NUTS II (Norte, Centro, Lisboa, Alentejo, Algarve).

Criou ainda os pólos de desenvolvimento turístico (integrados nas áreas regionais) do Douro, Serra da Estrela, Leiria-Fátima, Oeste, Litoral Alentejano e Alqueva.

À Área Regional de Turismo de Lisboa abrange Lisboa, Sintra, Estoril, Costa Azul, Ribatejo, Templários e os agora pólos de desenvolvimento do Oeste e Leiria/Fátima.

MLL.

Lusa/fim

Autarca de Alpiarça eleito presidente da comissão instaladora da área regional turismo Lisboa

Turismo: Autarca de Alpiarça eleito presidente da comissão instaladora da área regional turismo Lisboa
09 de Maio de 2008, 14:56

Santarém, 09 Mai (Lusa) -- O presidente da Câmara Municipal de Alpiarça, Joaquim Rosa do Céu (PS), foi hoje eleito presidente da comissão instaladora da Área Regional de Turismo de Lisboa, a maior das cinco áreas regionais criadas pelo Governo.

No final de uma reunião em que a comissão instaladora, que integra 11 membros, foi eleita, Rosa do Céu apontou como prioridade a elaboração dos estatutos desta área regional, os quais irão estabelecer a designação e a sede, seguindo-se a constituição da assembleia eleitoral que vai eleger os futuros órgãos dirigentes.

Esta foi a primeira das cinco áreas regionais de turismo, criadas em decreto-lei publicado no passado dia 10 de Abril, a eleger a respectiva comissão instaladora, que, "por questões operacionais", ficará a funcionar nas instalações da agora extinta Região de Turismo do Ribatejo, em Santarém, disse.

Rosa do Céu adiantou que a comissão vai pedir à tutela para clarificar a forma como se fará a gestão corrente (incluindo o pagamento de funcionários) da actividade até aqui assegurada pelas regiões de turismo, uma vez que o decreto-lei tanto atribui essas funções à comissão instaladora como admite que as anteriores estruturas se mantenham em funções.

A comissão instaladora tem um máximo de seis meses para dar lugar aos novos órgãos dirigentes, um prazo que Rosa do Céu gostaria de ver reduzido, o que não será fácil, uma vez que a proposta de estatutos terá de ser ratificada pelas câmaras e assembleias municipais de todos os municípios envolvidos.

A nova lei considera cinco áreas regionais, que reflectem as áreas abrangidas pelas unidades territoriais utilizadas para fins estatísticos NUTS II (Norte, Centro, Lisboa, Alentejo, Algarve).

Criou ainda os pólos de desenvolvimento turístico (integrados nas áreas regionais) do Douro, Serra da Estrela, Leiria-Fátima, Oeste, Litoral Alentejano e Alqueva.

À Área Regional de Turismo de Lisboa abrange Lisboa, Sintra, Estoril, Costa Azul, Ribatejo, Templários e os agora pólos de desenvolvimento do Oeste e Leiria/Fátima.

MLL.

Lusa/fim

07 maio 2008

temos garanhão

Venezuela: Abusou sexualmente da sogra com 100 anos

O Ministério Público venezuelano formalizou, segunda-feira, uma denúncia contra Vidal Chacón Pérez, por ter sido apanhado em flagrante a abusar sexualmente da sogra de 100 anos.
A acusação foi feita pelo procurador Óscar Mora Rivas durante a audiência preliminar, no tribunal do Estado de Táchira, 800 quilómetros a Sudoeste de Caracas.

Segundo o Ministério Público venezuelano, há indícios de que o cidadão «cometeu delitos de acto carnal contra a vítima, especialmente vulnerável» ocasionando «lesões intencionais leves», previstas na Lei Orgânica sobre o Direito das Mulheres a uma Vida Livre de Violência e no Código Penal venezuelano.

Vidal Chacón, cuja idade não foi revelada, foi detido «em flagrante» pelas autoridades venezuelanas, a 8 de Fevereiro, por oficiais da Polícia do Estado de Táchira (Politáchira), no Município Andrés Bello daquela localidade, na sequência de uma denúncia efectuada por uma filha e um neto da vítima, cuja identidade também não foi revelada.

A 11 de Fevereiro, o tribunal ordenou a sua prisão preventiva, pelo que permaneceu preso no Quartel de Prisões da Politáchira, na cidade de São Cristóbal.



Segundo os familiares, a vítima padece de limitações físicas e apresentava sinais de maus-tratos em diversas partes do corpo.

Diário Digital / Lusa

05 maio 2008

afinal tanto queremos ser 'ambientalmente' responsáveis que levámos a que estja iminente uma crise de fome no Mundo.
A procura pelo bioetanol aumentou o preço dos cereais, e agora não sõ os mesmos escasseiam como ninguém consegue prever o alcance a médio prazo da histeria colectiva que normalmente nestas situações se abate sobre nós.

Ainda me lembro da primeira guerra do Iraque e da corrida às lojas para comprar enlatados e outros suplementos. Jã para não falar daquele que encheu a banheira com gasolina... que depois o filhos esvaziou para poder tomar banho-

hf

28 abril 2008

O PÃO, O BIOCOMBUSTÍVEL DAS REVOLTAS

Artigo de Opinão de Ferreira Fernandes, publicado no Diário de Notícias, edição de 28 de Abril


"Maria Antonieta nunca disse: "O povo não tem pão? Que coma brioches!" Em Confissões, livro escrito em 1766, Jean-Jacques Rousseau atribui a frase a uma "grande princesa" e nessa data Maria Antonieta tinha 10 anos e vivia em Viena. Mas interessa-me a frase porque prova que o estômago vazio é que dá horas às revoluções, não a falta de liberdade. O povo de Paris foi cercar o palácio de Trianon, protestando pelo preço do pão, primeiro, e só mais tarde é que decidiu libertar os presos da Bastilha.

Lembro-o pelas revoltas que vão por todo o mundo, do México à Malásia, por causa da escassez de comida. Segundo o Banco Mundial, o preço dos bens alimentares subiu 83% nos últimos três anos. Para explicar o drama global, nada como a língua global: em inglês, esfomeado (hungry) e revoltado (angry) são palavras próximas na escrita e pronunciam-se de forma ainda mais parecida. Entre o engolir em seco e as barricadas vai um intervalo mais curto que uma digestão saudável.

E tudo porque o petróleo sobe a 120 dólares o barril. Subindo, incentiva a compra de biocombustíveis (sem precisar da Rainha Isabel de Inglaterra dizendo: "O povo não faz o pleno com gasóleo? Que encha com etanol!"). Logo, sobe o preço do milho e do açúcar. Não se podendo comprar tanto milho, compra-se mais arroz. O preço do arroz dispara por causa do barril de petróleo, apesar de os seus sacos de bagos não servirem para mover bielas de um motor.

Ciclo infernal. A economia é uma ciência. A ciência é uma coisa de laboratórios. Nos laboratórios há vasos comunicantes. Os vãos comunicantes explicam que nada se perde, tudo se transforma, o que esvazia daqui, enche ali. Quando uma borboleta bate as asas numa refinaria do Iémen, há uma tempestade nos arrozais da Índia. E tudo à volta do essencial, o pão.

D' Os Miseráveis, de Hugo, a Um Dia na Vida de Ivan Denissovitch, de Soljenitsin, tudo anda à volta de um pão. Quando John Ford quer contar um sonho, um símbolo de fartura, a Califórnia, pára numa cena de As Vinhas da Ira. Durante a Grande Depressão, a família de Tom Joad percorre a estrada 66 numa fuga bíblica. Numa estação de serviço (olhem, já lá está o petróleo...), os Joad não podem comprar sanduíches e imploram para levar pão seco (olha, o pão...). O sonho simbólico não vale nada comparado com aquela premência (e preeminência também) enfarinhada.

Que não se brinque com ele, o pão. Habituados que estamos que os conflitos venham de fundamentalistas saciados (com reivindicações de Club Méditerranée, com paraísos e virgens), era bom que descêssemos à terra. O pão é o biocombustível das revoltas a sério. Esse, sim, é um problema que não tem outra solução senão resolvê-lo."

O FANTASMA DA FOME GLOBAL

Artigo de Opinião de João César das Neves no Diáio de Notícias, edição de 28 de Abril


"A subida mundial dos preços alimentares é um tema dramático. Os jornais trazem previsões aterradoras e notícias de revoltas populares contra o preço da comida. Regressam os medos de fome global, 200 anos após Malthus. Para lá das vulgarizações mediáticas, as médias mensais mundiais publicadas pelo FMI (www.imf.org/external/np/res/commod /index.asp) mantêm-se preocupantes.

Desde o início de 2007 até ao mês passado o preço do trigo aumentou 124%, o do arroz 85% e o do milho 41%. A subida não é só de cereais, porque o azeite aumentou 90%, óleos de soja e de palma 108%, banana 61%, laranja 54%, cacau 56% e café 52%. A energia também está muito cara, com o carvão a subir 140% e o petróleo 90%, como os metais: chumbo 81%, ferro 66%, cobre 48%.

Curiosamente, os preços que mais caíram são alimentares: carnes de vaca e porco desceram 10%, a média do peixe 7%, camarão 15% e o chá 1%. Mas as subidas são impressionantes. No arroz e trigo, os bens mais sensíveis, os aumentos são os maiores dos últimos 25 anos. Os efeitos são já dramáticos, com a fome a surgir em certos locais.

A comida naturalmente apaixona o mundo e os especialistas, gerando teorias contraditórias. A tese de Malthus em 1798 previa escassez e carestia crescentes. Esta ideia, depois rejeitada, renasceu nos movimentos ecologistas. Entretanto surgiu uma teoria com a consequência oposta. A "tese Singer-Prebish" de 1950 supunha uma "degradação dos termos de troca", com os preços das matérias-primas a descer face aos produtos industriais, o que exploraria os países pobres.

A verdade é que os preços dos alimentos sofrem muitos e complexos impactos. Se os limites físicos e ambientais serão sempre determinantes, como disse Malthus, as impressionantes melhorias tecnológicas nas culturas e detecção de jazidas contrariam esses limites. O resultado tem sido uma flutuação intensa sem tendências seculares definidas.

Qual a origem deste surto altista? Uma causa imediata é a queda do dólar. Em euros, as subidas são bem menores (trigo 88%, arroz 55% e milho 19%) mas ainda significativas e no trigo mantêm-se as mais elevadas no registo. Por outro lado, descontada a inflação, os preços, mesmo em dólares, ainda estão bastante abaixo dos valores do início dos anos 80. As matérias-primas registaram uma tendência decrescente nas últimas décadas, agora invertida. O fantasma global ainda vem longe.

A atenção mediática centra-se em alguns efeitos pontuais. Nervosismo internacional, maus anos agrícolas e instabilidade sociopolítica local hão-de passar.

Também a famigerada especulação, supostamente dominante, só de vez em quando surge para ficar com as culpas.

Muito mais importantes são as duas forças decisivas: o mercado e a lei. A razão principal desta situação é algo excelente: o recente desenvolvimento das regiões pobres aumentou a procura de alimentos. Isso significa que a fome está a descer, não a subir.

Curiosamente, agora que os preços alimentares estão altos, os activistas protestam em nome dos pobres consumidores, enquanto antes, quando estavam baixos, protestavam em nome dos pobres produtores. Como sempre, a subida de preços criará a correcção de mercado. Novos investimentos nesses sectores, desencorajados nos anos de preços baixos, tenderão a prazo a reduzir a carestia.

Se a política o deixar, claro. Os mercados agrícolas e alimentares são dos mais espartilhados e regulamentados. Os governos, convencidos que apoiam e promovem, criam enormes bloqueios e distorções, de que a política agrícola europeia é um exemplo terrível. As negociações globais de liberalização da Organização Mundial do Comércio estão moribundas sobretudo por causa do dossiê agrícola. Às pressões rurais juntaram-se agora as ambientais, com a opção pelo biodiesel a justificar novas manipulações.

Desde o tempo de Malthus que as boas intenções políticas, impedindo importações e manipulando preços, geram episódios de escassez.

A melhor solução para a carestia seria a liberalização.

Mas como a comida apaixona o mundo, não há grandes esperanças."

21 abril 2008

Alpiarça no Há Vida em Markl

Eu não me canso de dizer no Cão Malinoso que Alpiarça é uma vila fora do vulgar, principalmente em termos de derivações linguísticas...

Hoje fiquei a saber, na edição do Há Vida em Markl da Antena3, que agora também produzimos Vinho Indiano!!! É isso mesmo que ouviram, Vinho Indiano!


Fantástico! O que virá a seguir? Salchisas de Frankfurt do Chouriço? Melões da Nova-Zelândia? Arroz Xau-Xau do Olívio?

Estamos em grande... :)

Obs:
Para quem não ouviu a edição do Há Vida em Markl, pode fazer o download aqui.