03 outubro 2007

Big Brother is Watching You




Luis Silveira, Presidente da CNPD (Comissão Nacional de Protecção de Dados) disse em entrevista à Revista Visão de 27 de Setembro, que "Corremos o risco de ficar numa sociedade demasiado vigiada".

A vigilância (através de sistemas de vídeo ou outros) está cada vez mais regulamentada e a sua utilização nos locais de trabalho obedece a um elevado número de requisitos que nem todas as empresas estão preparadas para cumprir.

Mas a discussão acerca do enquadramento legal eu deixo para os entendidos.

Da minha experiência, posso relatar 2 situações.

Uma positiva e outra negativa.

A positiva teve a ver com a anulação de uma multa de trânsito por excesso de velocidade. O que aconteceu foi que recebi uma notificação, indicando que em determinado dia a determinada hora, tinha sido captado pelo radar da PSP em excesso de velocidade e num determinado local.
Na realidade, a essa mesma hora, consegui reunir as suficientes provas de que tal facto era impossível. Haviam registos da entrada da viatura referenciada na portaria da empresa, havia o registo do "pica ponto" e no final do mês chegou também o extracto da Via Verde. Em resumo, safei-me de boa.

A negativa teve a ver com a minha ida a um cabeleireiro a um Centro Comercial em que reparei na atitude estranha das colaboradoras. Pareciam baratas tontas a andar de um lado para o outro. Questionadas sobre a razão de tal nervosismo, confidenciaram-me que os 'patrões' utilizavam as câmaras de videovigilância para as controlar, e ver se estavam a trabalhar ou não. Sendo que, sempre que detectavam qualquer situação anormal, faziam questão de ligar para perguntar o que se passava. Informei-as que tal não era permitido, mas confesso que até hoje não sei se chegaram a fazer queixa ou não à antiga Inspecção-Geral do Trabalho.

Regressando à entrevista do Dr. Luis Silveira, da CNPD, e aos exemplos de pedidos de instalação de câmaras de vigilância que lhe chegam e que têm que recusar, é caso para dizer que devemos coneçar a preocupar-nos muito a sério com este assunto, pois até de Hospitais já receberam pedidos, para instalar sistemas nos blocos operatórios.

Acho que é útil termos alguma vigilância, mas também o que é de mais chateia.

Se virmos bem, hoje em dia ficamos com registos múltiplos em praticamente todas as actividades do nosso dia a dia. Seja porque os locais que frequentamos tenham câmaras de videovigilância, seja porque utilizamos meios de pagamento electrónicos, seja porque utilizamos cartões de cliente, que registam o nosso perfil de consumo (e são às dezenas os cartões de cliente que cada um de nós tem a engordar a carteira, sempre na busca de ums míseros descontos, que mais não são que um chamariz para abrirmos a nossa intimidade, as nossas escolhas, os nossos hábitos).

E depois há esta coisa de trabalharmos dependentes dos mails, da internet e de outros sistemas que permitem rastrear tudo e mais alguma coisa.

Os tribunais ainda não aceitam muito bem alguns tipos de registos (os emails por exemplo, por causa das eventuais falsificações de identidade), mas que começam a ter efeitos sérios nos relacionamentos profissionais, lá isso começam.

Quase todos já dissémos a frase "envia-me o pedido por mail, que eu depois respondo"... acrescento eu, "ou então faço queixa de ti ao chefe enviando-lhe uma cópia do mail e eventualmente da minha resposta a deitar-te abaixo por estares a pedir-me qualquer coisa que é da tua responsabilidade".

Fica lançado o tema e as preocupações acerca do mesmo.

Comentários, sugestões, insultos ou donativos para alpiarcense@gmail.com

1 comentário:

Anónimo disse...

Quem não deve não teme ...
Câmaras em todo o lado, na rua, não são demais.
Quando acontece um azar é que pensamos, "se ao menos alguém tivesse visto ou tivesse ficado filmado ..."
Pois é. Quem é honesto não tem nada a esconder