Já sei que me vão chamar muitos nomes, pois muitos dos leitores deste artigo provavelmente vêm à procura da notícia de um grande investimento na nossa terra.
Bem… não é uma notícia, e para que fiquem bem claras desde já as expectativas, no artigo deste mês pretendo apenas fazer uma reflexão acerca do impacto que teria na economia do nosso Concelho a instalação de um ou dois Contact Center de grandes empresas.
Se se sentiu enganad(a)o, compreendo que deixe de ler imediatamente o artigo… (mas não deixe de ler o último parágrafo onde desejo um feliz natal a todos os leitores).
Se continua a ler, é porque lhe interessa pelo menos saber um pouco mais sobre essa ideia meio esquisita de que agora as grandes empresas, quem sabe até multinacionais, podem vir a investir em Alpiarça.
Antes de avançar com a ideia, gostaria de vos fazer uma pergunta. Sabem para onde estão a ligar quando ligam para o serviço de apoio aos Clientes da Portugal Telecom? Imaginem em que País estão a atender as chamadas. É em África, mais propriamente em Cabo Verde. Sabia?
Agora imagine que é Cliente da Vodafone, e contacta também para o serviço de apoio aos Clientes. Sabe onde vai parar a chamada? Provavelmente dá um pulo até Braga.
Na empresa onde trabalho, se eu ligar para o apoio informático (help desk) a chamada vai, imagine, parar à Irlanda. E sou atendido em português, em mais de 90% das situações.
Aqui bem perto, nas Caldas da Rainha, instalou-se também há pouco tempo uma grande empresa com um contact center.
Um contact center é um sítio com muitos computadores, e com muita malta nova rodeada de tecnologia de ponta, ligada a grandes sistemas de informação e que através do acesso a essa informação sobre os produtos e processos de uma empresa, conseguem responder (ou pelo menos tentam) às questões e às situações levantadas pelos Clientes.
Normalmente são equipas constituídas por um punhado de Colaboradores do quadro da empresa (os responsáveis pela gestão e pela direcção dos vários departamentos) e por uma imensa maioria de trabalhadores contratados à hora por empresas de trabalho temporário.
Pronto, já sei que se vão levantar mais umas vozes a falar mal do trabalho temporário, e coisa e tal, que vem para aqui falar de trabalho precário e que Alpiarça precisa é de outras coisas.
Para quem fala mal do trabalho temporário e das novas relações de trabalho que se avizinham no cada vez mais complexo mundo das novas tecnologias, voltarei ao assunto no próximo mês.
Mas por agora deixem-me sonhar com o projecto de criarmos uma dinâmica de investimento em Alpiarça que seduzisse uma ou mais grandes empresas a instalarem no nosso Concelho os seus Contact Centers.
Investir em infraestruturas tecnológicas que permitissem fixar os nossos jovens estudantes, e fizessem eventualmente retornar outros que procuram fazer vida fora daqui, poderia trazer grandes benefícios para a economia local.
Desde logo porque há um conjunto de outros serviços que tinham que se modernizar e desenvolver para dar resposta a um novo tipo de população trabalhadora, mais exigente e com um bom poder de compra. Sim porque o trabalho é temporário, mas permite a jovens estudantes terem alguma autonomia financeira.
Já tive oportunidade de trabalhar como Consultor em vários contact center de grandes empresas em Portugal, e de 1999 até 2007 foram muitas as caras que revi passada quase uma década… mas enfim, é trabalho temporário e muito precário.
Os restaurantes teriam que alargar a sua oferta e adaptá-la às necessidades de quem trabalha 24 horas por dia. Os transportes idem. Outros serviços de apoio teriam eventualmente que ser criados pois novas necessidades surgiriam. Falo dos serviços de suporte tecnológico, eventualmente mesmo de empresas de trabalho temporário (que normalmente crescem organicamente à medida das necessidades do mercado onde actuam), serviços de limpeza, catering, vending, etc etc.
Mas como é que pode funcionar uma coisa destas?
Acredito que uma ideia como esta só poderia vingar se houvesse um compromisso entre a autarquia e o actual tecido empresarial no sentido de se criarem sinergias e dinâmicas de investimento que permitissem colocar Alpiarça na rota das grandes empresas que podem instalar estas competências em qualquer parte do Mundo.
O importante era garantir que existiam instaladas e disponíveis as infraestruturas técnicas e tecnológicas, e que existia mão-de-obra com as necessárias competências para assegurar a prestação dos serviços.
Aqui está uma das aplicações evidentes da Carta de Competências de Alpiarça de que falei no artigo do mês passado.
O investimento não faria sentido sem uma grande operação de charme junto dos responsáveis das grandes empresas, tentando vender as vantagens inerentes à instalação de uma solução empresarial como são os Contact Center num meio com custos de vida eventualmente mais apetecíveis para quem está a iniciar a sua vida profissional.
Bem, fica a reflexão, sabendo de antemão que isto não se faz de um dia para o outro, e desejando que a partir desta reflexão se possa discutir mais um pouco este assunto.
Em época de Natal desejo a todos os Alpiarcenses, e leitores do Voz de Alpiarça um santo natal, e formulo votos de que 2008 seja um ano mais redondo tal como é o próprio número 8, ou seja, um ano duplamente cheio de coisas boas.
Helder Figueiredo
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3 comentários:
Tenho consultado o seu blog,e na verdade,respeito as suas opinões,
mas não lhe ficava mal ser um pouco máis humilde,ou seja,não se gave tanto.
A humildade é uma virtude nobre!!
Caro Anónimo, escrevo pelo puro prazer do exercício de transformar em palavras aquilo que às vezes me passa pela cabeça.
Não considero que sejam opiniões muito fundamentadas e provavelmente nem devem ser levadas muito a sério. Não tenho essa pretensão, nem objectivos outros que não o gozo da escrita. Gosto apenas de lançar alguns temas e se conseguir que pelo menos alguém os discuta e acrescente outras opiniões, já considero útil o tempo que utilizei.
Muito obrigado pelo "insulto"... também, quem é que manda eu pedir "comentários, sugestões, insultos ou donativos"? É pena é que ainda ninguém se lembrou de enviar donativos... no próximo post vou colocar esse em primeiro lugar.
Tambem eu passo por aqui regularmente e aprecio as suas opiniões, até porque todos temos o direito a opinar, ao contrario da vontade de alguns, bem haja e continue.
ps: se arranjar donativos pode contar com o pessoal para o dividir, se está á minha espera para o receber , o melhor é esperar sentado.
Um almirante que gosta de espreitar do outro lado da fronteira.
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