08 junho 2006

O Futebol e a Difícil Arte de Gerir Pessoas...

Este é um assunto que me toca particularmente, por razões profissionais, e porque não ligo muito à bola. No entanto, e uma vez que vamos estar anestesiados durante umas semanas com os olhos postos no que se estará a passar no Mundial da Alemanha, deixo-vos para reflectir um texto publicado mais uma vez no Diário Económico.
Comentário: "É difícil agradar a gregos e troianos." Ah! E já repararam que a Grécia ficou de fora desta campeonato... toma e embrulha.

Gestao & Gestores
Quinta, 8 de Junho de 2006
Cadernos de Management
Rita Gama

Hoje há jogo. A que horas é a reunião?

Se estava à espera de se sentar calmamente em frente à televisão na sua poltrona preferida, rodeado de um grupo de amigos para ver o Mundial de Futebol, esqueça. É que nesta primeira fase os jogos são quase todos em horário de trabalho e a não ser que tenha marcado férias para esta altura vai ter de contar com a boa vontade da empresa onde trabalha. Ou não? A gestão não é fácil. Para os fanáticos de futebol, a melhor opção é tirar férias e mesmo ir até à Alemanha assistir a alguns dos jogos para “respirar o ambiente”. Outra hipótese é tentar convencer algum dos seus colegas, menos fanáticos, a trocar de horário, o que não vai ser fácil. Mais drástico é pedir a demissão. Acredite ou não, já houve quem o fizesse. Se tiver sorte, o seu chefe também gosta de futebol e fará o favor de lhe fazer companhia durante o jogo. Tudo por amor à pátria, claro! No Reino Unido, por exemplo, um estudo elaborado por um especialista em finanças indica que 67% das empresas britânicas estão a planear deixar os seus funcionários ver os jogos durante o horário de trabalho. Uma “benesse” que, de acordo com alguns responsáveis por recursos humanos pode transformar-se num presente envenenado. Ou seja, já pensou a que jogos é que os seus funcionários vão poder assistir? É que se abrir excepções para a selecção nacional, naturalmente vai ter de alargar o leque a outras selecções, uma vez que os funcionários podem não ter todos a mesma nacionalidade. E para os que não gostam de futebol? Que outras oportunidades terão para ver outros programas do seu interesse? Ser-lhes-á dado tempo livre? Uma coisa é certa, de uma forma ou de outra, há quebra de produtividade com certeza. Se por um lado, os funcionários vão deixar de produzir para ver futebol, por outro se não o fizeram vão perder tempo a procurar informação sobre o jogo. Vão querer saber todos os pormenores da partida ou na Internet, ou através dos amigos. Ou ainda, vão arranjar maneira de trazer um rádio portátil, um MP3 ou de activar os vários serviços disponibilizados pelas operadoras e receber mensagens a cada cinco minutos com o relatório do jogo via SMS. Quem resistirá a activar o sistema? Por isso, pense bem! Caso não deixe os seus trabalhadores assistirem aos jogos poderá estar a contribuir em força para o aumento do stresse e da ansiedade dos portugueses. Se os deixar assistir, vai ver o trabalho de semanas acumular-se nas secretárias, os clientes insatisfeitos e os prejuízos a crescer. Isto claro, se não optar por pô-los a fazer horas extraordinárias. Mas e se Portugal perde? Quem terá vontade para trabalhar? Acredite, seja qual for a sua opção, adivinham-se tempos difíceis na gestão da sua empresa. Se não for pelo trabalho que vai ficar por fazer, poderá ser pelos ânimos e humores que vão andar ao sabor dos resultados.

Tome nota: Portugal joga nos dia 11 de Junho às 20h00, 17 de Junho às 14h00 e 21 de Junho às 15h. Os outros jogos estão agendados para as 14h, 17h e 20h, na primeira fase. . .

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