Parabéns D. Adelaide
Alpiarça - Costureira com mãos de fada
Texto de:João Nuno Pepino publicado no Jornal O Ribatejo
Nunca ninguém lhe ensinou costura e garante que não é costureira, mas faz fatos e trajes típicos como poucas pessoas. Adelaide Lagarto diz que é um dom; "não sei explicar, mas acho que cada qual nasce com uma habilidade e um gosto para uma coisa. Assim um bocado como os jogadores de futebol", na sua forma peculiar de explicar. Além de ser bastante conhecida e solicitada na zona onde reside, em Alpiarça, os seus fatos já tiveram méritos reconhecidos além fronteiras. É o caso de um menino que está na Alemanha, filho de pais portugueses, que vence há quatro anos consecutivos o concurso de Carnaval da escola alemã, com fatos "made in" Alpiarça; no primeiro ano, foi de campino, depois de pescador da Nazaré, toureiro a cavalo e toureiro a pé, já este ano.
Com muita paciência e imaginação, a pedido de uma senhora radicada na Suiça, Adelaide Lagarto já fez até uma cópia exacta de um vestido da mulher de José Relvas, actualmente exposto na Casa Museu de Alpiarça dedicada ao grande vulto republicano. E costurou ainda outros dois trajes antigos para uma funcionária portuguesa na embaixada do Luxemburgo.
"Faço tudo isto por gosto", explica. Com muita simpatia e dois dedos de boa conversa, gosta de recordar e contar a quem ouve a história que rodeia cada peça. "O primeiro fato que fiz foi há 31 anos, para a minha filha", assinala. Hoje, conserva as memórias num extenso álbum de fotografias onde se destacam as netas, vestidas a rigor com os trajes feitos pela avó. Não só do Ribatejo, como da Nazaré, do Algarve, do Minho e mesmo de Espanha, a fazer lembrar as famosas sevilhanas, cheias de rendas e bordados.
A costura não é apenas "o entretém do serão", como afirma Adelaide Lagarto. Além de paixão, é também uma habilidade especial; "muitas pessoas nem chegam a tirar medidas", explica, adiantando que, a maior parte das vezes, sai-lhe tudo bem à primeira vez, o que dispensa as provas.
Em Alpiarça, soma prémios atrás de prémios nos concursos de máscaras e desfiles. O gosto pela agulha é tanto que trabalhou durante três meses para as últimas marchas que encheram de cor as ruas da vila.
"Não faço nada disto por dinheiro", assegura Adelaide Lagarto, tanto que nem vende as suas peças, quando muito aluga-as e depois pede para as devolverem. É ela também quem faz grande parte dos fatos típicos do Rancho Folclórico da Casa do Povo de Alpiarça, e que já tiveram honras de programa de televisão, mais concretamente no "Portugal no Coração".
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