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SECÇÃO: Sociedade
Ex-presidente da assembleia de contribuintes da Fundação José Relvas admite irregularidade
Nova direcção eleita à margem dos estatutos
Em vez dos 40 maiores contribuintes conforme estabelecem os estatutos e o testamento de José Relvas, participaram 50 pessoas na assembleia da fundação para eleger os novos corpos sociais.
A assembleia de contribuintes que elegeu o novo conselho de administração da Fundação José Relvas, em Alpiarça, realizou-se violando os estatutos. Deviam ter participado os 40 maiores contribuintes do concelho, como estipulam as regras estatutárias, mas acabaram por votar 50 pessoas.
Uma situação confirmada e assumida pelo presidente da assembleia na altura, Francisco Cunha, justificando a irregularidade com a necessidade urgente de se ultrapassar um impasse.
Segundo reconheceu, o testamento de José Relvas diz que só podem participar na assembleia da fundação os 40 maiores contribuintes do concelho. Mas a lista pedida às Finanças demorou seis anos a chegar e apareceu com 50 nomes. Apesar da irregularidade a assembleia acabou por se realizar com o acordo da maioria dos contribuintes.
“Foi uma forma de desbloquear uma situação que durava há seis anos, quando tínhamos pedido às Finanças o envio da lista com os 40 maiores contribuintes do concelho. Senão corríamos o risco de ficar mais cinco ou seis anos à espera”, explicou Francisco Cunha que dirigiu os trabalhos desta reunião que decorreu no dia 12 de Junho, onde decidiu não continuar a ser presidente da assembleia.
A assembleia acabou por eleger, apesar dos protestos de alguns contribuintes, os órgãos sociais da fundação com base na única lista concorrente. O conselho de administração é agora constituído por Manuel Miranda do Céu (presidente do Clube “Os Águias”, sogro da directora da fundação e pai do presidente da câmara), Joaquim Garrido (empresário) e Gabriela Coutinho (professora e ex-vereadora). Integram ainda esse órgão representantes da câmara municipal e da junta de freguesia por inerência dos cargos.
O ex-presidente da assembleia, Francisco Cunha (que deu o lugar a Pedro Melo), assume a situação mas, diz, “uma coisa são os estatutos e o testamento e outra é o espírito” que lhes está subjacente. E em tom de crítica à forma como algumas pessoas participam na vida da fundação diz que “se José Relvas viesse cá hoje não deixava algumas pessoas que fazem parte dos maiores contribuintes entrar sequer à porta”.
Admite ainda que “muitas pessoas tentam utilizar a fundação para fins políticos”. Embora ressalve que as suas valências (lar de idosos, centro de dia, creche e jardim de infância e apoio domiciliário) funcionam de forma exemplar e que a fundação cresceu muito nos últimos anos.
“Nunca na assembleia pessoas ligadas a determinadas facções políticas, como o PCP, apresentaram propostas em prol dos utentes ou se preocuparam em saber como estão a ser tratados”, salientou. Acrescenta que isso “não quer dizer que da outra parte, de elementos ligados ao PS e ao PSD, não existam também pessoas assim”.
Francisco Cunha entende que as pessoas que estão agora à frente da Fundação “devem procurar regular a situação junto das Finanças”, solicitando uma lista apenas com 40 nomes, conforme deixou expresso na última assembleia que dirigiu.
A Fundação José Relvas é uma das principais empregadoras do concelho. E deve a sua existência a José Relvas, que legou à população de Alpiarça todo o seu património.
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