Por: António Centeio
Musito assim continua a ser conhecido no meio dos camionistas, é um condutor exemplar que faz milhares de quilómetros semanalmente. Dia sim dia, dia não, vai a uma fábrica do Norte buscar centenas de sanitas para depois as entregar num armazém situado no Sul onde a construção de árvores de cimento consomem tudo aquilo que transporta. Homem conhecedor das boas e más estradas, sabe onde deve reduzir a velocidade e ter cuidado com as manobras para que os da “boina branca” não o penalizem ou lhe apreendam o documento profissional que é a razão da sua subsistência como do sustento de quem dele depende.
È um condutor vaidoso. Sabe o que faz como o que deve «deixar fazer aos menos atenciosos». Do alto da cabine da sua “Scania” vê a estrada em toda a sua plenitude, coisa quem sem sempre é possível para os outros que seguem na sua rectaguarda. Nos espelhos, situados no exterior da cabine, consegue ver e calcular as manobras que os mais afoitos pretendem fazer para ultrapassar a sua camioneta quando o não devem fazer. Não é por acaso que entre os colegas de profissão é conhecido como o «mestre da estrada» de tão cuidadoso ser, como: «obrigar outros a sê-lo».
Quando assiste ao carregamento das sanitas, que vai transportar na longa distância que tem de percorrer, vê com olhos-de-ver todos os movimentos de quem faz a colocação do produtos de maneira que não haja algum azar pelo caminho, coisa que sabe ser difícil mas não impossível, para além de assistir à contagem das peças.
Foi numa destas viagens, quando atravessava a longa planície alentejana numa tarde solarenga, onde o cansaço do vaivém teimava em apoquentá-lo, determinou a si próprio, que deveria «trazer os olhos bem abertos para que nada acontecesse na viagem, caso contrário, a empregadora, retiraria do local, conhecido por todos, como o «sítio onde está colocada a “Placa do Melhor Motorista”». A sua permaneceu lá muitos meses. O suficiente para que os colegas o invejassem e acusassem de «engraxador ou ter uma relação secreta» com quem classificava os camionistas, que por acaso até era uma moçoila de se lhe tirar o chapéu.
Belo dia, sem saber como, ao passar debaixo de uma árvore, daquelas que descansam em plena estrada alentejana, um ramo da dita, inesperadamente «sacou uma sanita” ficando a dita pendurada no mesmo.
A viagem continuou. Apenas seria descoberto o desfalque do desaparecido, quando descarregada a carga no local de chegada, a quantidade de peças não dava certo com a porção escarrapachada no papel que serve para comprovar que «na origem saiu determinado número de peças, mas na chegada uma falta».
Coisa estranha para o «melhor camionista». Nas bastasse, pela calada, os invejosos ou maldizentes afirmavam que Musito deveria «ter vendido pelo caminho a sanita em falta a algum metediço nos negócios de outrém».
Seja como for, passados poucos dias, foi noticiado que em determinada estrada um grave acidente tinha ocorrido. Desta fatalidade, morreu uma pessoa. O bastante para o “Semanário da Região” ter dado um enorme destaque ao acontecimento. O único sobrevivente, em entrevista prestada ao repórter, afirmou: «Quando circulava pachorramente no meu automóvel, acompanhado de minha esposa, uma sanita caiu do avião, que sobrevoava a zona no momento, para vir aos turbilhões, lá do ar, afocinhar em cima do tecto do meu carro, fazendo com que me despistasse contra uma árvore que estava no sítio e hora errada, causando assim a morte da minha companheira».
As averiguações policiais feitas na altura concluíram que: «por razões não apuradas, uma sanita estava pendurada num ramo de uma árvore enclinada sobre a estrada, caindo o objecto causador do sinistro, em cima do veículo, que no preciso momento circulava por debaixo desta, causando assim a morte da acompanhante do motorista».
Musito como condutor e homem exemplar que queria continuar a ser, depois de ter lido a noticia, apresentou-se voluntariamente na respectiva autoridade responsável pela averiguação para detalhar em pormenor o suposto da razão daquilo que aconteceu. Ninguém acreditou no que disse. Em vez de se calar e ficar com a dúvida, ou certeza, contou a todos os companheiros a «lógica da coisa». Ao contrário do que pensava, também ninguém acreditou nele. Hoje, ninguém conhece Musito mas sim o «homem que fez cair a sanita do avião».
Musito assim continua a ser conhecido no meio dos camionistas, é um condutor exemplar que faz milhares de quilómetros semanalmente. Dia sim dia, dia não, vai a uma fábrica do Norte buscar centenas de sanitas para depois as entregar num armazém situado no Sul onde a construção de árvores de cimento consomem tudo aquilo que transporta. Homem conhecedor das boas e más estradas, sabe onde deve reduzir a velocidade e ter cuidado com as manobras para que os da “boina branca” não o penalizem ou lhe apreendam o documento profissional que é a razão da sua subsistência como do sustento de quem dele depende.
È um condutor vaidoso. Sabe o que faz como o que deve «deixar fazer aos menos atenciosos». Do alto da cabine da sua “Scania” vê a estrada em toda a sua plenitude, coisa quem sem sempre é possível para os outros que seguem na sua rectaguarda. Nos espelhos, situados no exterior da cabine, consegue ver e calcular as manobras que os mais afoitos pretendem fazer para ultrapassar a sua camioneta quando o não devem fazer. Não é por acaso que entre os colegas de profissão é conhecido como o «mestre da estrada» de tão cuidadoso ser, como: «obrigar outros a sê-lo».
Quando assiste ao carregamento das sanitas, que vai transportar na longa distância que tem de percorrer, vê com olhos-de-ver todos os movimentos de quem faz a colocação do produtos de maneira que não haja algum azar pelo caminho, coisa que sabe ser difícil mas não impossível, para além de assistir à contagem das peças.
Foi numa destas viagens, quando atravessava a longa planície alentejana numa tarde solarenga, onde o cansaço do vaivém teimava em apoquentá-lo, determinou a si próprio, que deveria «trazer os olhos bem abertos para que nada acontecesse na viagem, caso contrário, a empregadora, retiraria do local, conhecido por todos, como o «sítio onde está colocada a “Placa do Melhor Motorista”». A sua permaneceu lá muitos meses. O suficiente para que os colegas o invejassem e acusassem de «engraxador ou ter uma relação secreta» com quem classificava os camionistas, que por acaso até era uma moçoila de se lhe tirar o chapéu.
Belo dia, sem saber como, ao passar debaixo de uma árvore, daquelas que descansam em plena estrada alentejana, um ramo da dita, inesperadamente «sacou uma sanita” ficando a dita pendurada no mesmo.
A viagem continuou. Apenas seria descoberto o desfalque do desaparecido, quando descarregada a carga no local de chegada, a quantidade de peças não dava certo com a porção escarrapachada no papel que serve para comprovar que «na origem saiu determinado número de peças, mas na chegada uma falta».
Coisa estranha para o «melhor camionista». Nas bastasse, pela calada, os invejosos ou maldizentes afirmavam que Musito deveria «ter vendido pelo caminho a sanita em falta a algum metediço nos negócios de outrém».
Seja como for, passados poucos dias, foi noticiado que em determinada estrada um grave acidente tinha ocorrido. Desta fatalidade, morreu uma pessoa. O bastante para o “Semanário da Região” ter dado um enorme destaque ao acontecimento. O único sobrevivente, em entrevista prestada ao repórter, afirmou: «Quando circulava pachorramente no meu automóvel, acompanhado de minha esposa, uma sanita caiu do avião, que sobrevoava a zona no momento, para vir aos turbilhões, lá do ar, afocinhar em cima do tecto do meu carro, fazendo com que me despistasse contra uma árvore que estava no sítio e hora errada, causando assim a morte da minha companheira».
As averiguações policiais feitas na altura concluíram que: «por razões não apuradas, uma sanita estava pendurada num ramo de uma árvore enclinada sobre a estrada, caindo o objecto causador do sinistro, em cima do veículo, que no preciso momento circulava por debaixo desta, causando assim a morte da acompanhante do motorista».
Musito como condutor e homem exemplar que queria continuar a ser, depois de ter lido a noticia, apresentou-se voluntariamente na respectiva autoridade responsável pela averiguação para detalhar em pormenor o suposto da razão daquilo que aconteceu. Ninguém acreditou no que disse. Em vez de se calar e ficar com a dúvida, ou certeza, contou a todos os companheiros a «lógica da coisa». Ao contrário do que pensava, também ninguém acreditou nele. Hoje, ninguém conhece Musito mas sim o «homem que fez cair a sanita do avião».
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