21 janeiro 2008

O Banco do Povo... uma espreitadela ao futuro... que está mesmo ao virar da esquina

Comentário: É assustador como é que conseguimos reinventar-nos a cada instante. É por estas e por outras que deveríamos estar agradecidos por fazer parte da Humanidade.

HF

O Banco do Povo

Artigo de Horácio Piriquito
Publicado no Jornl OJE (ww.oje.pt) a 21.01.2008


NECESSITA de 5 mil euros para financiar as próximas férias ou de 10 mil para pagar um MBA? Para isso está disposto a pedir um empréstimo? Vai ao seu banco e pedem-lhe uma taxa de juro de 9%. Torce o nariz e rejeita! Dirige-se, então, ao seu computador, liga-se à Internet e avança com um pedido de empréstimo na rede. Informa que pretende os 5 ou os 10 mil euros pelo prazo de 12 meses e sugere a própria taxa de juro que quer pagar: 6%. Passam apenas dois dias e cerca de 15 pessoas respondem ao seu pedido e aceitam contribuir para esses valores, cada um com uma parcela diferente. Empréstimo conseguido. Tudo pela internet, financiadores e financiado nem se chegam a conhecer. A este novo fenómeno chama-se P2P Lending. Nasceu no Reino Unido, concede empréstimos pessoa a pessoa (P2P) e está a preocupar seriamente a banca tradicional um pouco por toda a Europa e EUA. Temos aqui mais um sector de mercado onde os intermediários estão a ser expulsos pelo cliente/consumidor final. Este modelo de negócio está a afastar os bancos e a ligar directamente pessoas com capacidade financeira, seja extra ou pontual, para investir e financiar outras que necessitam de comprar bens, serviços ou criar a própria empresa. A empresa britânica Zopa foi a pioneira neste tipo de empréstimos, em enorme expansão internacional. Curiosamente foi financiada no início pelos mesmos investidores que ajudaram a lançar a Skype e a e-Bay. A tendência deste movimento está imparável. Começou no Reino Unido, chegou à Dinamarca, Itália EUA e vai entrar ainda este ano em Espanha. Está a chegar cá…
A internet tem uma fortíssima componente social e uma enorme disponibilidade de informação financeira sobre particulares. Os financiadores também estão interessados neste negócio porque conseguem rentabilidades superiores aos depósitos ou aplicações mais tradicionais. Por outro lado, podem escolher a duração da sua aplicação, a taxa de remuneração e o tipo de projecto que querem financiar. Transparente e democrático, como (quase) tudo na internet. Mas podemos perguntar: como se consegue informação fiável sobre a solvência de quem necessita de financiamento? A Zopa, no início, criou uma rede de acordos com empresas especializadas, que confirmam informações sobre hipotecas, divídas e rendimentos mensais de quem solicita os financiamentos. Mais um “perfil” pessoal de cada consumidor disponível na internet. Sem esta informação, que permite segmentar históricos de crédito, rendimentos e respeitabilidades, o sistema nunca seria viável. O negócio deste modelo P2P passa pela cobrança de 0,5% de comissão aos investidores e 0,5% em cada financiamento. A julgar pelo boom deste mercado, pela experiência que se pode desde já retirar dos países onde cresce exponencialmente, parece que será só uma questão de tempo para este negócio entrar em Portugal e lançar o pânico no sistema bancário. É mais uma forma de aumentar, exponencialmente, o numero de ofertas de crédito fácil. E não há nada a fazer! Faz parte do futuro…

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