Até hoje, e desde que recebi um mail a convidar-me a escrever para este Jornal, não tive qualquer outro tipo de contacto com os responsáveis pelo mesmo sem ser através da internet.
Como disse, recebi o convite por mail, e respondi da mesma forma, acertando com a pessoa que me convidou apenas algumas regras relativamente ao tipo de textos que iria escrever e os temas que iria abordar, bem como a forma como o pretendia fazer.
Tudo combinado, mensalmente pego num ficheiro de texto e escrevo algumas linhas, tendo a preocupação de, no final, a coisa andar mais ou menos pelos 5000 caracteres.
Nos prazos combinados (às vezes um bocadinho atrasado, confesso), remeto o ficheiro por mail para o Jornal, e passados cerca de 15 dias lá aparece tudo publicado.
Nem gasto tinta de impressoras, nem tenho outro registo físico que não seja um ficheiro electrónico com os vários artigos que vou escrevendo.
Será esta uma forma pela qual pode ser reconhecido “um trabalhador do conhecimento”?
Afinal de contas o que é isso?
Um livro publicado recentemente, cujo título é “Profissão: Trabalhador do Conhecimento”, do autor Thomas H. Davenport (Biblioteca EXAME), explora o conceito nas suas mais diversas vertentes, e é com base nele que pretendo reflectir em 2 ou 3 artigos o mesmo tema, com a vantagem de viver no dia a dia a realidade inerente a este tipo de trabalhadores.
Em 1988 tive a primeira experiência profissional, na fábrica da Compal em Almeirim.
Picava o ponto, trabalhava por turnos, e quando estava fora da fábrica, não tinha que me preocupar mais com o trabalho. Afinal de contas alguém tinha tomado o meu lugar, a linha de produção continuava o seu afã e nada mudava se em vez de ser eu, lá estivesse outra pessoa a fazer exactamente o mesmo trabalho.
Este é o tipo de trabalho que tende a desaparecer com a introdução de tecnologias que substituem o ser humano nas funções mais mecânicas e rotineiras.
Quase 10 anos depois, começou o advento da Internet (sim, eu sei que parece que sempre tivemos Internet, assim como telemóveis e multibancos), e nesse tempo começou então o desafio de digitalizar a nossa vida, ficando a coisa muito mais facilitada, não só do ponto de vista da qualidade de vida, mas também da rapidez e da mobilidade de cada um de nós.
Assim como hoje consigo desenvolver uma actividade sem ter qualquer tipo de contacto com os responsáveis pelo Jornal, também o consigo fazer a nível profissional com toda a parafernália tecnológica que temos ao nosso dispor.
Mas isto levanta algumas questões. Por exemplo, como é que os responsáveis pelo Jornal sabem que sou eu que escrevo mesmo os textos? Pode ser qualquer um, ou então posso ir á Internet e copiar um texto, dizendo depois que o escrevi. Até pode alguém fazer-se passar por mim e enviar os textos.
E se só estas questões já levantam uma série de dúvidas, imaginemos então o impacto que pode ter esta situação num ambiente de trabalho, em que podem existir equipas virtuais, com pessoas que nunca chegam a reunir-se presencialmente. Há umas semanas atrás, por exemplo, participei numa reunião que tinha pessoas de Inglaterra, Brasil, Argentina, Chile, Espanha, EUA, México, Irlanda e Holanda… todas juntas à volta de um telefone… e de uma apresentação comum, anteriormente enviada por mail para servir de guião à conversa.
É esquisito, mas a voracidade dos dias de hoje obriga-nos a utilizar novas formas de trabalho para as quais temos que nos adaptar e tentar perceber como uma inevitab ilidade.
O tema é complexo mas também é divertido. Este mês fica apenas esta introdução, para o próximo mês vamos explorar um pouquinho mais o assunto.
Movimento pela Reabilitação do Cine-Teatro de Alpiarça
Já o fiz no blog, e retomo o tema no “Voz de Alpiarça”fazendo um apelo às forças vivas de Alpiarça, à Autarquia, a todos os Alpiarcenses, REABILITEM O CINE-TEATRO DE ALPIARÇA.
Eu era muito jovem e lembro-me muito bem do fascínio que me causava o facto de ir ao cinema em Alpiarça aos Sábados à noite. Muita gente ia ao cinema, que chegou a ter lotações esgotadas nalguns filmes. Lembro-me dos cartazes nas vitrines laterais, e da bilheteira do lado direito à entrada. O bar era no primeiro andar, e enchia-se nos intervalos, para podermos beber um Sumol de laranja (no meu caso, claro) e comer umas pevides. Bons tempos. Ah, e acho que posso agora confessar uma coisa… eu conhecia o ‘lanterninha’ e por isso a maior parte das vezes não pagava bilhete - espero que este crime já tenha prescrito.
O edifício é hoje património de um particular, que teve o bom senso de manter o seu interior inalterado, provavelmente na expectativa de um dia tudo aquilo poder ser reabilitado.
Em Almeirim procedeu-se à revitalização daquele espaço. Na Chamusca idem, e isto só para falar nos concelhos mais próximos. E porque é que em Alpiarça não lançamos um movimento a favor da reabilitação do nosso Cine-Teatro?
As escolas do concelho poderiam lá realizar actividades, poderiam haver espectáculos de teatro, fixo ou itinerante, provavelmente até poderia ressurgir algum grupo de teatro amador, como já houve em Alpiarça. A juventude poderia dinamizar aquele espaço com actividades culturais que não encontram no nosso concelho um espaço com as condições que o Cine-Teatro tinha e poderá voltar a ter, não desfazendo do auditório da nova Biblioteca.
Está mais uma vez lançado o desafio...
Helder Figueiredo
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Próximo tema:
Profissão: Trabalhador do Conhecimento (Continuação).
14 janeiro 2008
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2 comentários:
Realmente as tecnologias são fantásticas mas estão a contribuir, segundo Daniel Goleman, para reduzir a nossa Inteligência Social, conceito desenvolvido por ele há pouco tempo e que se revela fundamental nos nossos relacionamentos.
Esperemos que consigamos desenvolver tecnologia que permita contornar esse mesmo problema do excesso de tecnologia... :)
Quando ao movimento pelo cinema, concordo plenamente. O que for preciso fazer, contem comigo.
Abraço
Deixe de ser gavarolas !
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