27 janeiro 2008

Só se morre afogado por congestão quando os nadadores-salvadores estão ocupados a digerir o seu próprio almoço!

Não tomar banho depois de comer com medo de morrer de congestão é um mito Português! Os Japoneses têm um mito ao contrário, ou seja, não tomam banho de estômago vazio pois têm medo de morrer...

Quem me despertou a atenção para este assunto foi um professor que tive na Faculdade, o Dr. Pinto Gouveia, que é um dos psicoterapeutas mais conceituados do País. Mas esta é uma temática polémica para qualquer bom Português. Já tive várias discussões sobre o assunto.

Para quem acha que não pode tomar banho depois de comer pense na seguinte situação:

Acaba de comer uma feijoada e está totalmente empanturrado. Tem um compromisso importante daqui 1h e está a precisar urgentemente de um banho. Tomaria banho?

Caso tenha respondido que não, imagine o seguinte:
Se o seu corpo estiver a 37º, a temperatura do ar a 37º e a água com que for tomar banho a 37º, o que lhe poderá acontecer de mal? A água infiltrar-se pelos poros da pele e fazer um curto-circuito no cérebro?

Vá tomar banho descansado...



Para quem não acredita ainda, verifique o texto abaixo, publicado no PortugalDiário em 16/08/2003:

"Pode ir-se nadar logo a seguir ao almoço? A maioria dos portugueses hesitaria antes de responder a esta pergunta. No entanto, alguns médicos não têm dúvidas. Uma pessoa saudável pode ir brincar com as ondas cinco minutos depois de almoçar ou jantar. Chapinar no mar apresenta vários perigos, mas nadar de barriga cheia não é um deles.
«A digestão não exige que se esteja paradinho a seguir a uma refeição. Apesar deste processo consumir energia, uma pessoa saudável tem perfeita capacidade para nadar com o estômago cheio», diz o médico e investigador José Pedro Cansado Carvalho.
A paragem da digestão, também chamada popularmente «congestão», segundo este médico, «é um mito popular português». José Carvalho pesquisou a literatura médica internacional e não encontrou uma única referência ao conceito de paragem de digestão.

«Por vezes, sentimo-nos mal depois de comer, mas a digestão não pára»
E que dizem os nadadores salvadores sobre a congestão?
Quando o PortugalDiário confrontou o presidente da Associação Nacional de Salvamento Aquático, Fernando Martinho, com a pergunta, a primeira reacção foi a hesitação. Depois de alguma reflexão, Fernando Martinho diz que uma pessoa saudável deve esperar duas horas depois de uma refeição normal antes de entrar na água, apesar de concordar com a posição de José Carvalho que «não se morre afogado de congestão, mas de choque térmico».

Então porque é que muitas pessoas insistem na pausa depois do almoço mesmo se os especialistas em afogamentos sabem que não se morre de congestão? «Uma das razões para a confusão é que quando uma pessoa desmaia no mar, engole água e vomita tudo o que tem no estômago. É fácil associar -erradamente- o regurgitar à morte», explica José Carvalho.

Mas apesar deste médico achar importante pôr tudo em pratos limpos relativamente à congestão, não deixa de salientar que as pessoas têm de ser razoáveis: «Não faz sentido uma pessoa enfartar-se de feijoada e depois ir a correr para a água. É natural que se sinta mal. Da mesma forma, que um atleta se sentiria mal se resolvesse correr uma maratona depois duma almoçarada».

José Carvalho remata, com farpas para os salvadores: «As pessoas só morrem afogadas por congestão quando os nadadores salvadores não vão salvá-las porque eles próprios acham que têm de digerir o seu almoço na areia».
O gastroentrologista António Sarmento partilha da mesma opinião: «Morre-se no mar fundamentalmente por três razões: hipotermia, exaustão e o que se chama morte súbita».

A água do mar em Portugal é sempre fria. A hipotermia é a razão principal dos afogamentos, segundo António Sarmento. «O choque térmico pode provocar uma reacção ao nível do sistema nervoso que por sua vez pode provocar uma paragem cardíaca», explica ao PortugalDiário.
As paragens cardíacas na água podem ter outras causas para além da hipotermia: «um soco pode provocar exactamente o mesmo efeito», exemplifica António Sarmento.

12 comentários:

Anónimo disse...

Concordo em parte com a opinião do autor do texto, mas não se esqueça que em Portugal para se fazer cumprir alguma norma a melhor maneira de o fazer é intimidando ou assustando o povo, senão vejamos, para usar o cinto nos carros foi preciso uma multa pesada, para as crianças andarem em cadeiras adequadas, foi preciso uma multa pesada para cumprirmos algum prazo de entrega de algum documento, ou é no ultimo dia ou se paga multa, mas voltando ás praias, sabe tão bem como eu que há meia duzia de anos atras era costume levar para as praias um FARNEL avantajado, ainda me lembro dos tabuleiros de arroz no forno, dos tachos com carne, etc...
Isto para lembrar que o povo era inculto e se alguêm os avisa-se de que não deviam entrar na água gelada( sim porque não havia grande poder de compra e o povo ia nas excursões á Caparica, Fonte da telha e/ou Nazaré) por causa da hipotermia ninguêm sabia o que era isso e entravam na mesma, agora que existe muita informação, mesmo assim o povo não respeita as normas impostas, uma parte da população ainda não aprendeu que a minha liberdade acaba onde começa a liberdade do outro, e existe gente que mesmo recebendo ordens em contrario teima em errar. Dou-lhe um exemplo, este verão de 2007 fui uns dias a Quarteira, apanhei marés vivas, os nadadores salvadores proibiram as pessoas de utilizar a agua junto aos paredões porque a rebentação atirava as pessoas contra as rochas, pondo a sua vida em perigo, pois mesmo assim havia uma familia de tugas que teimava em ir para aquela zona, foram avisados várias vezes, riam-se na cara dos nadadores salvadores e a situação manteve-se até lá ir a policia maritima e aplicar umas multas áquela gente que teimava em entrar na agua eles e as crianças deles, porque diziam que tinham liberdade de escolher o sitio onde nadar. Agora pergunto eu, e o nadador salvador podia escolher se ia lá tiralos se por acaso a coisa corresse mal? Não tinha de lá ir e por a sua vida em risco tambem.
Diz o Sr. que «As pessoas só morrem afogadas por congestão quando os nadadores salvadores não vão salvá-las porque eles próprios acham que têm de digerir o seu almoço na areia».
Nunca eu vi um nadador salvador recusar entrar na agua quando foi preciso, e considero isso uma ofensa a esses HOMENS E MULHERES que todos os anos arriscam por todos nós.

Vasco Gaspar disse...

Caro Sr. Sérgio,

Agradeço o seu comentário ao texto que aqui publiquei.

Gostava apenas de fazer algumas observações que me parecem pertinentes:
- Nunca disse que tinha visto um nadador salvador recusar salvar alguém;

- Respeito bastante essa profissão, assim como todas as outras;

- A frase «As pessoas só morrem afogadas por congestão quando os nadadores salvadores não vão salvá-las porque eles próprios acham que têm de digerir o seu almoço na areia» é uma citação que consta do artigo que usei, não uma frase de minha autoria, como poderia facilmente ter verificado se tivesse lido o post com atenção;

- A frase serve apenas para reforçar a ideia de que as pessoas não morrem de congestão (morrem de choque termico ou outras razões), nunca para dizer que os nadadores-salvadores não cumprem o seu serviço.

- A congestão é um mito popular Português e só se morre deste mal mesmo neste país;

Caso tenha alguma dúvida ou questão, poderá contactar-me para vascogaspar79@gmail.com, que terei todo o prazer em o esclarecer.

Cumprimentos,
Vasco Gaspar

Ps: e vá tomar banho descansado :)

Anónimo disse...

Caro sr. Vasco, eu sempre tomei banho descansado, e percebi que a frase não era de sua autoria, como fiz copy do seu testo não puxei a parte do nome do autor José Carvalho, foi um erro meu as minhas desculpas , não pertendia atribuir-lhe a frase. Mas quanto ao resto mantinho tudo o que disse, em Portugal só se aprende com repressão.
Bem haja e continuem com os excelentes textos.

Vasco Gaspar disse...

Concordo consigo.
Acho que somos um povo que precisa de alguns puxões de orelhas. Falta-nos uma boa dose de civismo em muitas ocasiões.
Não sei se nos outros países também será assim mas enfim, é o estado da nossa nação...

Os meus melhores cumprimentos e obrigado pela observação

Vasco Gaspar

Anónimo disse...

Nunca vi tamanho desfile de disparates.

«Não faz sentido uma pessoa enfartar-se de feijoada e depois ir a correr para a água (...)". Como se pode dizer isto e depois dizer que a história do banho não passa de um mito?!

"Morre-se no mar fundamentalmente por" uma razão: afogamento, ou seja asfixia, privação de oxigénio causada por um líquido.

Se a almoçarada de feijoada nos fez sentir mal enquanto nadávamos e porque nadávamos, fruto do choque térmico, e já não conseguimos nadar para a costa, morremos na mesma.

Se há pessoas cujo corpo pode reagir dessa maneira, não venham com questões metafísicas do que surgiu primeiro: a exaustão, agravada por se estar a fazer a digestão; a hipotermia por se estar a fazer a digestão; ou a morte súbita por se estar a fazer a digestão. De facto a digestão parece não ter nada a ver com o negócio.

Eu vou continuar a tomar essa precaução quando estiver enfartado. Pelo sim, pelo não. Não vá a estatística pregar-me uma partida e eu acabar nos ínfimos por cento que se sentem mal e acabam de papo para o ar no areal, rodeado de curiosos e assistido por um desses idiotas super-zelosos de calção vermelho.

Anónimo disse...

sr bruno, és pouco tapado es, parabens tipico tuga continua assim!

Anónimo disse...

Srs. peço vossa licensa para encaminhar brevíssimo comentário .

O processo digestivo humano, assim como para a grande maioria das espécies mamíferas é um processo essencial para a saúde e manutenção da vida.
Durante a digestão a área do estômago e orgão anexos , participantes do processo , recebem um fluxo maior de sangue e oxigênio para que as reaçoes intra e extra estomago sejam priviligiadas objetivando o máximo de aproveitamento energético e máxima eficiência .
A maior disponibilização do sangue para o processo digestivo, frequentemente é percebido como aumento da sonolência e na diminuição da prontidão para quaisquer atividades fisicas.

Pois bem , um banho nesta hora, principalmente um banho FRIO....
Foçosamente, diminue ou interrompe o processo digestivo , provocando verdadeira pane no organismo.
Imaginem que a prioridade do organismo , passará a ser defender os orgãos vitais ,coração e cérebro e pulmão e fluir para a pele na tentativa extrema de aquece-la .
Um banho quente tépido, náo provoca maiores problemas , mas um banho mesmo em área restrita com água muito fria ...sim ...É um perigo REAL.
Fisiologia não pode ser negligênciada e o saber popular tão pouco, porque este, mesmo desconhecendo as razões da ciência é baseado em experiência, vivência e demonstrada e registradas por décadas, séculos ou mesmo milhares de relatos em todo o mundo.

Um bride a responsabilidade individual.
Felicidades a todos.

K. M.

Anónimo disse...

[concordo plenamente:

Nunca vi um nadador salvador recusar entrar na agua quando for preciso, e considero isso uma ofensa a esses HOMENS E MULHERES que todos os anos arriscam por todos nós.

Anónimo disse...

Boa tarde caros srs.

Eu sou neste aspecto uma verdadeira tuga e, com muito gosto.
Seja por Congestão, Indegistão ou lá o que lhe queiram chamar, eu prefiro jogar pelo seguro.
Com toda a minha ignorancia no aspecto clinico sobre o tema em questão, nunca faço refeições pesadas em tempo quente, ou se tenho que tomar banho, e ou fazer algum tipo de esforços que diminuam o aquecimento do estomago.
Faço sempre o tempo da digestão e, quando estou na praia com os meus filhos comemos todo o dia em pequenas porções e comida leve.
A quem for realmente entendido no assunto agradeço que me esclareça melhor no caso de estar a tomar as medidas erradas.

Atentamente;

Laura

André BDA disse...

Este post é bem antigo mas como ficaram coisas por esclarecer, não vejo porque não.

Ao Sr. anónimo K.M., vá ler o texto.

Já leu?
Então lembra-se daquela parte em que o Dr Pinto Gouveia é referido? E o excerto do PortugalDiário? Em que são médicos e mesmo nadadores salvadores a dar as suas explicações?

E já agora, uma coisa que é maior razão do que tudo isso antes, o facto que, como referido no post, este tempo de espera antes de tomar banho no mar ou num lago ou mesmo num balde de água fria não existir em mais lado nenhum no Mundo. Será que nós é que sabemos e eles são todos sortudos?

Agora para acabar, mesmo sabendo que a probabilidade de ler isto é mínima, fica para quem tiver resposta:

O que diz da temperatura corporal e fluxo sanguíneo é verdade, nadar umas quantas piscinas depois de comer um par de pizzas pode levar a uma indigestão(o verdadeiro nome do que você está a descrever), ora muito bem, você está a nadar no mar depois de comer bastante e de repente "tem uma indigestão", o que acontece?

Morre imediatamente?
Vai ao fundo?

Não, tem dores de estômago, talvez náuseas e vómitos... então explique-me como vai de uma indigestão a esse perigo REAL de que fala.

M. S. disse...

Cara Laura: joga bem: está a poupar a si e aos seus filhos uma valente dor de barriga. Mas não está propriamente a salvar-lhes a vida, lamento.

Quanto a si sr K. M., achei o seu comentário um bocadinho confuso, mas do que eu percebi, está preocupado com o tal choque térmico. A mudança brusca de temperatura é de facto um perigo, mas lamento informar que a digestão não infere em muito. Aconteceria de qualquer forma, e por isso é preciso cuidado nos mergulhos em água muito fria depois de horas ao sol.

Senhor Bruno, lamento informar, mas a digestão NÃO CAUSA hipotermia NEM morte súbita. Havia de ser bonito se assim fosse... É pena que use tanto termo que não sabe de facto aplicar..

Além disso o nosso organismo está feito exactamente para dar mais prioridade aos órgãos vitais, em detrimento da digestão, que quando pára não provoca morte nenhuma obviamente, mas uma indisposição e no máximo vómitos. Pode não ser a coisa mais inofensiva quando se nada sem ter o pé no chão, mas também não é coisa assim tão violenta.

E também gostaria de saber que milhares de casos registados são esses no mundo. Há vários anos a estudar medicina e nunca ouvi falar de nenhum. Também é pena verificar que a opinião dos médicos e deste em particular anda tão descredibilizada. Se ontem era por mitos como este, hoje é (também) pela informação indiscriminada da internet. É pena.

Para concluir, é um mito parvo mas um bocadinho útil: poupou-nos muita dor de barriga. Mas quantas vezes não ficámos nós tão frustrados por não poder ir à agua? Quantas horas inúteis a fazer contas? Além de que a digestão nem tem a mesma duração em cada pessoa...

Anónimo disse...

Concordo com o texto inicial , nao ligo nada a digestão , tenho pena que familiares e no ensino primário do meu filho digam ao contrario . Desconheço certidões de óbito por indigestão ... Nao faltam relatos de pessoas que morrem no mar e o povo inventa a verdadeira causa de óbito .